Comentários de David A. Reed Sobre o Livro Proclamadores

David A. Reed


Lançado no Congresso de Distrito "Ensino Divino", no Verão de 1993, o livro Testemunhas de Jeová -- Proclamadores do Reino de Deus é uma nova história sobre as Testemunhas de Jeová. Substitui a história apresentada em 1959 no livro Testemunhas de Jeová no Propósito Divino. Volume extenso com 750 páginas ilustradas com cores, só comparável em complexidade e tamanho com o dicionário bíblico das Testemunhas de Jeová intitulado Estudo Perspicaz das Escrituras, o novo livro é obviamente o resultado de um grande projeto de redação. Nos congressos das Testemunhas de Jeová nos Estados Unidos, onde o livro foi primeiro lançado, só foi disponibilizado para superintendentes de distrito e de circuito, anciãos, pioneiros, e Testemunhas batizadas há 30 anos ou mais (20 anos em alguns congressos). Com uma primeira edição [em inglês] de apenas 500.000 cópias, só haveria exemplares do livro para menos de 1 em cada 20 das 11,5 milhões de pessoas que assistiam às reuniões das Testemunhas de Jeová mundialmente, por isso a Sociedade Torre de Vigia restringiu a distribuição inicial às Testemunhas com estatuto de seniores. Mais tarde em 1993 foi feita uma edição maior, disponibilizando assim o livro a mais pessoas. Os principais pontos de interesse incluem.

  • Versões enfraquecidas [ou 'adocicadas'] de momentos embaraçosos da história das Testemunhas de Jeová, projetadas para inocular os membros contra exposições do exterior.

  • Revisões contradizendo relatos históricos publicados anteriormente.

  • Cobertura da história da seita posterior a 1975, não publicada anteriormente.

  • Cobertura fotográfica extensa da liderança passada e presente da Torre de Vigia (em contraste com o que tem sido costume ultimamente) -- incluindo vários retratos coloridos individuais dos 12 membros do Corpo Governante, tal como era constituído em janeiro de 1992 (na página 116).

  • Extensa documentação fotográfica dos principais edifícios e propriedades da seita em todo o mundo (uma seção de 50 páginas, pp. 352-401, é devotada exclusivamente a fotografias coloridas de edifícios e propriedades) -- que ascendem claramente a vários bilhões de dólares.

Dividir Para Esconder

Embora seja descrito no Prefácio como 'objetivo' e 'cândido', o livro Testemunhas de Jeová -- Proclamadores do Reino de Deus é uma esperta peça de propaganda. Mas talvez o truque menos honesto de todos seja o próprio formato do livro em si: ao contrário dos livros de história, que apresentam os assuntos em ordem cronológica, este cobre a história das Testemunhas de Jeová por tópicos. O resultado é que os relatos de episódios embaraçosos, quando não são completamente omitidos, podem ser fragmentados em pedaços menos embaraçosos e apresentados em diferentes partes do livro.

Os fragmentos são mais fáceis de engolir do que toda a verdade apresentada num só lugar. Veja, por exemplo, como a informação sobre a falsa profecia da Sociedade a respeito de 1925 é partida em discussões separadas nas páginas 78, 425 e 632 -- com uma desculpa ou eufemismo diferentes em cada uma dessas páginas para ajudar as Testemunhas de Jeová a rejeitar o episódio como não sendo importante, ou sendo pelo menos desculpável.

Além disso, a disposição por tópicos permite ao livro retirar assuntos do contexto dos acontecimentos envolventes e retratá-los de forma diferente. Por exemplo, a discussão da filiação religiosa de Charles Taze Russell durante a década de 1870 é fragmentada em discussões separadas nas páginas 43-48, 120-122, 132-135 e finalmente na página 204.

Assim, quando o livro diz na página 204 que "Têm ocorrido importantes mudanças no funcionamento da organização das Testemunhas de Jeová desde que Charles Taze Russell e seus associados começaram a estudar a Bíblia juntos em 1870", os leitores podem já ter-se esquecido que Russell ainda fazia parte da organização adventista até 1879, conforme revelado nas páginas anteriores, e que por essa razão uma "organização das Testemunhas de Jeová" separada não estava de modo nenhum a operar em 1870.

De forma similar, na página 147 o livro apresenta uma mudança doutrinal que ocorreu em 1962 (na interpretação de Romanos 13:1) como "entendimento progressivo". Mas informação apresentada separadamente na página 190 mostra que a 'nova' interpretação já tinha sido ensinada por C. T. Russell em 1904. O ensino de 1962 não era realmente novo de maneira nenhuma, era um retorno a um ensino antigo. Foi na realidade uma reviravolta doutrinal para trás e para a frente, mas o livro esconde este fato ao separar as diferentes partes da história.

O livro Testemunhas de Jeová -- Proclamadores do Reino de Deus foi obviamente forjado pela Sociedade Torre de Vigia como uma poderosa arma defensiva. Mas pode ser voltado contra eles de duas formas:

  1. Pode ser usado para mostrar a uma Testemunha de Jeová que aconteceram mesmo certas coisas. Por exemplo, no passado as Testemunhas muitas vezes rejeitavam a origem adventista da seita e a sua preocupação com a Grande Pirâmide como sendo histórias inventadas por "apóstatas". Agora os relatos abreviados de tais assuntos no livro Proclamadores podem ser usados para introduzir uma Testemunha na história completa.

  2. Pode ser usado para apresentar a uma Testemunha de Jeová aquela que é a peça de evidência mais devastadora contra a alegação da Sociedade Torre de Vigia de ser a organização de Deus: o seu crasso desprezo pela verdade. A organização não pode ser "a verdade", como as Testemunhas a chamam, porque "nenhuma mentira se origina da verdade" (1 João 2:21, TNM).

Conforme a evidência mostrará, os escritores de Testemunhas de Jeová -- Proclamadores do Reino de Deus dificilmente podem dizer que "renunciaram às coisas ocultas da desonestidade, não andando em astúcia, nem manejando a palavra de Deus de forma enganosa; mas pela manifestação da verdade recomendamo-nos à consciência de todo o homem à vista de Deus." -- 2 Coríntios 4:2, KJV.

Comentários Específicos

NOTA: Uma resposta a todas as páginas ou a todos os erros deste livro das Testemunhas de Jeová resultaria em outro volume de igual tamanho, com muita informação que na sua maioria seria trivial. O que se segue são comentários sobre a matéria mais útil em discussões com as Testemunhas de Jeová.

Página 5 "[...] Testemunhas de Jeová [...] É certo que ninguém conhece melhor a sua história moderna do que elas próprias." Embora muitos grupos certamente conheçam a sua própria história melhor do que outros que não pertencem ao grupo, isto não é verdade no caso das Testemunhas de Jeová. As publicações da Torre de Vigia deturpam os seus relatos históricos de modo a apresentar a organização sob a luz mais favorável que é possível, e as Testemunhas são proibidas de ler opiniões contrárias. A mera posse destas páginas que está a ler seria o suficiente para uma Testemunha de Jeová ser convocada perante uma "comissão judicativa", onde ele ou ela seriam postos em tribunal atrás de portas fechadas e interrogados a respeito da sua lealdade à organização. As pessoas que estão melhor informadas sobre a história das Testemunhas de Jeová geralmente são ex-Testemunhas de Jeová que saíram de lá depois de terem investigado o assunto, ou peritos cristãos pertencentes a 'ministérios contra as seitas', que as estudaram.

Página 5 "Os redatores desta obra empenharam-se em ser objetivos e em apresentar uma história cândida." Conforme a informação apresentada nas restantes páginas deste artigo mostrará, o livro Testemunhas de Jeová -- Proclamadores do Reino de Deus parece ter sido projetado para vacinar as Testemunhas de Jeová contra exposições mais potentes fazendo-as entrar em contato com versões mais fracas, diluídas, dos episódios embaraçosos da história da Torre de Vigia. Agora, quando uma pessoa de fora tenta partilhar informação com uma Testemunha de Jeová sobre as profecias falhadas da seita, sobre as reviravoltas doutrinais e lutas políticas internas, a Testemunha pode fazer-se de surda com a desculpa "Eu já sei tudo a esse respeito. Não foi nada de especial." De fato, a versão branqueada dos acontecimentos que a Testemunha ouviu da Sociedade não foi nada de especial, mas a história completa seria suficiente para mandar a Testemunha para outro lado à procura da verdadeira religião.

Páginas 43-48 O livro revela que quando Charles Taze Russell tinha 16 ou 17 anos de idade, em 1869, assistiu pela primeira vez a um serviço religioso do Segundo Adventismo, dirigido pelo "pregador" Jonas Wendell, e recebeu durante alguns anos "ajuda [...] no estudo das Escrituras" de George W. Stetson, "pastor da Igreja Cristã do Advento, em Edinboro, Pensilvânia, EUA." O livro também reconhece que Russell "aprendera muito" do adventista George Storrs e serviu "como editor assistente" (p. 48) da revista adventista Herald of the Morning [Arauto da Manhã] até 1879. Mas o livro não conclui de tudo isso que Russell foi de fato um adventista durante dez anos. Também não apresenta a sua saída dessa seita para começar a sua própria revista da mesma forma que apresentaria a saída de um editor assistente da revista Sentinela para começar a sua própria revista. (Na terminologia das Testemunhas de Jeová, ele seria chamado um "apóstata" por fazer isto.) Como adventista, Russell tinha sido ensinado que Cristo voltaria em 1874 e, quando isto não ocorreu, que Ele tinha voltado invisivelmente em 1874 e que Ele arrebataria os crentes para o céu em 1878. ("[...] primavera setentrional de 1878 [...] receberiam a sua recompensa celestial naquele tempo." -- p. 632) Quando este arrebatamento também não ocorreu, Russell começou a questionar as doutrinas do líder do grupo, N. H. Barbour. Em vez de "esperar em Jeová", como uma Testemunha de Jeová seria aconselhada hoje, ele persuadiu outros a juntarem-se a ele em sair da organização onde estavam e começar a sua própria organização separada.

Página 45 Russell acabou por rejeitar o ensino adventista segundo o qual "todos [...] exceto os adventistas, seriam queimados." Mas as Testemunhas de Jeová hoje acreditam que todos, exceto elas, serão destruídos.

Página 47 "[...] o panfleto The Object and Manner of Our Lord's Return (O Objetivo e a Maneira da Volta de Nosso Senhor). Foi publicado em 1877." Compare isso com a afirmação feita na página 36 do 1975 Yearbook of Jehovah's Witnesses [Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975] de que, "em 1873 Charles Taze Russell, de vinte e um anos, escreveu e publicou à sua própria custa o folheto intitulado 'The Object and Manner of the Lord's Return' ['O Objetivo e a Maneira da Volta do Senhor']." O Watch Tower Publications Index 1930-1985 [Índice das Publicações da Torre de Vigia 1930-1985] (na página 916) também lhe atribui a data 1873, uns três anos antes de Russell se ter filiado com o editor do Herald [Arauto], N. H. Barbour. Porém, é curioso que o Watch Tower Publications Index 1930-1960 [Índice das Publicações da Torre de Vigia 1930-1960] (na página 306) indica a data 1877. (Veja também uma referência similar na página 718.)

Páginas 47-48 A página 47 chama a Russell um dos "co-editores" do Herald of the Morning [Arauto da Manhã], ao passo que a página 48 chama-o mais corretamente "editor assistente".

Página 48 "A expressão "Watch Tower" ("Torre de Vigia") não é exclusividade dos escritos de Russell nem das Testemunhas de Jeová. George Storrs publicou um livro na década de 1850 intitulado The Watch Tower: Or, Man in Death; and the Hope for a Future Life (A Torre de Vigia: Ou, o Homem na Morte; e a Esperança de Uma Vida Futura). Esse nome foi também incorporado no título de vários periódicos religiosos." Portanto, mesmo o nome Watch Tower [Torre de Vigia] veio de fontes ligadas aos adventistas. Porém, apesar deste reconhecimento de que o nome Watch Tower [Torre de Vigia] era anterior às atividades de Russell, a Watchtower Society [Sociedade Torre de Vigia] em anos recentes agiu através dos seus advogados para impedir outros de o usarem.

Página 52 "C T. Russell escreveu seis volumes de "Millennial Dawn" [Aurora do Milênio] (1886 a 1904), bem como tratados, folhetos e artigos da "Watch Tower" [Torre de Vigia] no decorrer de uns 37 anos." A legenda identifica uma fotografia dos livros e revistas que Russell escreveu -- volumes que devem parecer estranhos às Testemunhas de Jeová hoje, pois não lhes é permitido lê-los. Ordens vindas da sede das Testemunhas de Jeová resultaram na remoção desses livros antigos das bibliotecas dos Salões do Reino há dez anos atrás. Para informações sobre estas publicações, veja o livro Jehovah's Witnesses Literature -- A Critical Guide to Watchtower Publications [Literatura das Testemunhas de Jeová -- Um Guia Crítico Para as Publicações da Torre de Vigia], de David A. Reed (Grand Rapids: Baker Book House, 1993).

Página 62 "Ao se aproximar o outubro de 1914, alguns dos Estudantes da Bíblia esperavam" ser arrebatados para o céu nesse tempo, segundo a caixa na página 62, que enfatiza de forma proeminente a palavra "alguns". De forma menos proeminente, no início da página 63 torna-se claro que o próprio Russell tomou a dianteira em 'esperar em outubro de 1914 o que era errado'. Isto é especialmente de interesse em vista da tendência em outras publicações recentes da Torre de Vigia, que insinuam que Russell e os seus seguidores profetizaram corretamente eventos para esse ano.

Página 64 "Uma breve biografia de Russell e seu testamento foram publicados na The Watch Tower [A Torre de Vigia] de 1.º de dezembro de 1916 e em edições subseqüentes do primeiro volume de Studies in the Scriptures (Estudos das Escrituras)." Compare isso com a afirmação na página 63 do livro Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [Testemunhas de Jeová no Propósito Divino], que diz que as Testemunhas de Jeová "nunca publicaram uma biografia do Pastor Russell."

Páginas 66-68 "Quatro membros da diretoria da Sociedade foram ao ponto de tentar arrancar das mãos de Rutherford o controle administrativo." Como a página 65 menciona numa nota de rodapé que existia um total de sete membros na diretoria, os quatro que se opunham a Rutherford na realidade eram a maioria do Corpo Governante. O livro Faith on the March [A Fé em Marcha], de A. H. Macmillan, descreve em pormenor na página 79 como a fação de Rutherford chamou a polícia para expulsar a maioria dos membros do Corpo Governante. Sendo um advogado hábil, Rutherford usou um pormenor técnico legal para depô-los.

Páginas 69-70 "[...] a Sociedade Torre de Vigia lançou, em 15 de março de 1918, o tratado Kingdom News (Notícias do Reino) N.º 1. A mensagem? [...] 'Intolerância Religiosa -- Perseguidos os Seguidores do Pastor Russell por Falarem a Verdade ao Povo.'" O título deste tratado é importante, porque nele a própria Sociedade refere-se aos adeptos da seita como "os Seguidores do Pastor Russell".

Página 76 "'Casa dos Príncipes' [...] Bete-Sarim". O livro Proclamadores indica que esta mansão em San Diego [na Califórnia, E.U.A.], cuja foto é mostrada no cimo da página, foi construída para proporcionar a J. F. Rutherford um clima quente no inverno, pois ele tinha problemas pulmonares. Em seguida cita o livro Salvation [Salvação] que a Sociedade publicou em 1939 dizendo que "'o intento de adquirir essa propriedade e edificar a casa foi para que houvesse alguma prova tangível de que existem pessoas na terra atualmente que acreditam [...] que os fiéis da antigüidade serão brevemente ressuscitados pelo Senhor, voltarão à terra e se encarregarão dos negócios visíveis da terra.'" Depois diz numa nota de rodapé que "Naquela época, acreditava-se que os homens fiéis da antigüidade, tais como Abraão, José e Davi, seriam ressuscitados antes do fim deste sistema de coisas e serviriam quais 'príncipes em toda a terra', em cumprimento do Salmo 45:16. Este conceito foi ajustado em 1950 [...]", mas o livro ainda deixa o leitor a interrogar-se sobre qual era a relação entre a mansão e os príncipes. A resposta encontra-se num livro que a Sociedade publicou em 1942, The New World [O Novo Mundo], que diz na página 104: "[...] pode-se esperar que aqueles homens fiéis do passado voltarão dentre os mortos a qualquer momento. [...] Nesta expectativa, a casa em San Diego, Califórnia [...] foi construída em 1930 e chamada 'Bete-Sarim', significando 'Casa dos Príncipes'. Está agora sendo mantida para ser ocupada por esses príncipes, no seu regresso." A escritura da propriedade, feita em 1930, de fato nomeia o rei Davi, Gideão, Baraque, Sansão e outros como sendo os residentes que se esperavam para Bete-Sarim, com a Sociedade detendo a mansão enquanto eles não chegavam. (Veja cópia da escritura nas páginas 54-56 do livro Eyes of Understanding [Olhos do Entendimento], de Duane Magnani, Witness, Inc.) Mais de 50 anos passados, podemos dizer com certeza que a predição da Sociedade, de que esses homens seriam ressuscitados "a qualquer momento", foi uma falsa profecia. E manter Bete-Sarim para eles foi uma expressão visível dessa falsa profecia. Ao dizer simplesmente que a casa foi construída "para uso do Irmão Rutherford", o 1975 Yearbook of Jehovah's Witnesses [Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975] falsifica a situação. O livro Proclamadores apresenta agora mais informação, mas ainda não diz toda a verdade.

Página 78 "'Abrahão, Isaac e Jacob... e outros fiéis antigos', dizia lá em 1920, em inglês, o folheto Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão, 'podemos esperar em 1925 a volta [dentre os mortos] desses homens... ressurgindo... à perfeição humana'." As Testemunhas de Jeová têm-se recusado muitas vezes a aceitar fotocópias do folheto (agora raro) Milhões como sendo genuínas, e por isso recusavam-se a acreditar que a Sociedade fez esta falsa profecia. É bom ter isto impresso no livro Proclamadores como confirmação. Porém, o livro Proclamadores no parágrafo seguinte minimiza a falsa profecia da Sociedade ao considerá-la similar às "expectativas indevidas" dos apóstolos. Que blasfêmia! Os apóstolos esperavam pelo regresso terrestre de Jesus, mas não estabeleceram falsas datas. Veja também as discussões sobre as páginas 425 e 632 para mais informação sobre a profecia de 1925.

Página 83 "Naquela época, os jonadabes não eram considerados 'testemunhas de Jeová'." O livro explica que entre 1935 e 1942 os membros da classe terrestre não eram considerados testemunhas de Jeová. Se esse ensino tivesse sido mantido, hoje haveria muito poucas "testemunhas de Jeová" pois mais de 99% das 4,5 milhões de Testemunhas de Jeová ativas hoje acreditam que são da classe terrestre.

Página 84 Mostra-se que "Esta revelação" é o termo usado no Anuário das Testemunhas de Jeová de 1936 (em inglês) para descrever o novo ensino de Rutherford sobre a grande multidão. O conceito de designar os crentes batizados depois de 1935 para a terra em vez do céu teria de fato de ser uma nova revelação, pois nem a doutrina nem a data se encontram na Bíblia.

Página 88 "De 1917, quando J. F. Rutherford se tornou presidente, a 1941, a Sociedade Torre de Vigia produziu uma enorme quantidade de publicações, inclusive 24 livros, 86 folhetos, 'Anuários', bem como artigos para as revistas 'The Watch Tower' e 'The Golden Age' (mais tarde chamada de 'Consolation')." Esta legenda acompanha uma foto da série de livros coloridos publicados durante a administração de Rutherford. (Veja a nota sobre uma ilustração similar na página 52 do livro Proclamadores.)

Página 89 "O irmão Rutherford deixou viúva e órfão a esposa Mary e o filho deles, Malcolm. Em razão de saúde precária e achar os invernos em Nova Iorque (onde ficava a sede da Sociedade) muito difíceis de suportar, ela e Malcolm vinham residindo no sul da Califórnia, onde o clima era melhor para a saúde dela." Esta nota de rodapé admite em letras pequenas que Rutherford tinha uma esposa e filho que viveram separados dele durante anos. A "saúde" é apresentada como sendo a razão para a separação deles, mas as Testemunhas deviam-se interrogar se um homem que se comportava desse modo para com a esposa e que não teve parte na criação do filho seria sequer elegível para ser ancião. No entanto, o primeiro e o segundo presidentes da Sociedade, Russell e Rutherford, ambos viveram separados das suas esposas.

Página 100 "A junta dos diretores da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pensilvânia (E.U.A.), em meados dos anos 50. (Da esquerda para a direita) Lyman A. Swingle, Thomas J. Sullivan, Grant Suiter, Hugo H. Riemer, Nathan H. Knorr, Frederick W. Franz, Milton G. Henschel". Esta legenda acompanha uma fotografia rara do que seria designado hoje como Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. Os últimos três nomes são os sucessivos presidentes de 1942 até hoje.

Página 104 "As Testemunhas já por muito tempo partilhavam a crença de que o Reinado Milenar de Cristo viria depois de 6.000 anos de história humana. Mas quando terminariam os 6.000 anos da existência humana? O livro Vida Eterna -- na Liberdade dos Filhos de Deus, lançado (em inglês) numa série de congressos de distrito em 1966, apontava para 1975." Isto foi uma falsa profecia. Mas os próximos dois parágrafos tentam iludir a questão afirmando que, quando interrogado se o "novo livro queria dizer que em 1975 o Armagedom teria terminado", Fred Franz respondeu: "em síntese: 'Pode ser. Mas não estamos dizendo isso. Todas as coisas são possíveis a Deus. Mas não estamos dizendo isso." Porém, os líderes das Testemunhas de Jeová estavam a dizê-lo em outros lugares. O livro Proclamadores reconhece que "outras declarações foram publicadas sobre esse assunto, e algumas foram provavelmente mais taxativas do que seria aconselhável." Sim, essas declarações "taxativas" sobre 1975 foram definitivamente falsas profecias, apesar das declarações mais cautelosas mencionadas numa nota de rodapé na página 104. Por exemplo, o artigo intitulado "Por Que Está Aguardando 1975?" (The Watchtower, 15 de agosto de 1968, p. 494 [em português: A Sentinela, 15 de fevereiro de 1969, p. 110]) chegou ao ponto de dizer as coisas desta forma: "Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do Armagedom já terá acabado até o outono de 1975 e que o reinado milenar de Cristo, há muito aguardado, começará então? Possivelmente [...] A diferença talvez envolva apenas semanas, ou meses, não anos." Para ver umas 30 declarações específicas que a Sociedade fez a respeito de 1975, veja as páginas 106-110 do livro Index of Watchtower Errors [Índice de Erros da Torre de Vigia], de David A. Reed (Grand Rapids: Baker Book House, 1990). (Para mais informações sobre 1975, veja também a discussão sobre a página 633.)

Página 106 Nota de rodapé: "[...] a partir de 1.º de outubro de 1972, haveria um rodízio anual da presidência dentre os do corpo de anciãos da congregação. Isso foi ajustado em 1983, quando se solicitou a cada corpo de anciãos que recomendasse um superintendente presidente que [...] serviria por período indefinido [...]" Primeiro, cada congregação de Testemunhas de Jeová tinha um superintendente presidente permanente; depois, em 1972, 'a luz ficou mais clara' e foi introduzida uma rotação anual como arranjo de Deus; depois, em 1983, foi restaurado o arranjo de superintendente presidente permanente. Para ver as implicações de tais mudanças para trás e para a frente, veja os comentários sobre a página 143.

Página 107 "Nos três anos que se seguiram, as Testemunhas de Jeová tiveram impressionante crescimento -- mais de três quartos de milhão de pessoas se batizaram. Mas, confrontavam-se então com o outono de 1975. Se não se concretizassem todas as expectativas a respeito de 1975, como afetaria isso seu zelo [...]?" Isto é um reconhecimento indireto de que o rápido crescimento da seita resultou da predição do fim do mundo em 1975. (Veja também as discussões sobre as páginas 104 e 633.)

Página 110 "[...] 1977/78 mostrava uma diminuição no número dos que participavam na obra de pregação. Teria sido a diminuição, pelo menos em parte, devida à decepção sobre expectativas a respeito de 1975? Talvez." Novamente, isto mostra que as falsas profecias da Sociedade acerca de 1975 foram a causa de muito do zelo das Testemunhas de Jeová durante a primeira metade da década de 1970, conforme é demonstrado pelo que aconteceu depois de as profecias terem falhado.

Página 111 "Por volta de 1980, algumas pessoas que haviam participado nas atividades das Testemunhas de Jeová por vários anos, incluindo alguns que haviam servido com destaque na organização, vinham tentando de vários modos causar divisão e se opunham à obra das Testemunhas de Jeová. Para fortalecer o povo de Jeová contra essa influência apóstata, A Sentinela publicou artigos tais como [...]" É assim que o livro Proclamadores encobre a purga na sede que resultou na expulsão do membro do Corpo Governante Raymond Franz e de outras Testemunhas de Jeová proeminentes. Para um relato detalhado sobre o que aconteceu, leia o livro Crisis of Conscience, de Raymond Franz (Atlanta: Commentary Press, 1983) [Crise de Consciência, 1999].

Página 111 "Frederick William Franz [...] presidente da Sociedade. Ele serviu fielmente como membro do Corpo Governante até sua morte em 22 de dezembro de 1992, com 99 anos de idade." Curiosamente, o livro não menciona que o vice-presidente Milton G. Henschel, de 72 anos de idade, foi nomeado presidente em 30 de dezembro de 1992 para suceder a Franz. Na página 725 o livro apresenta estatísticas para o número de exemplares por edição das revistas A Sentinela e Despertai! "[e]m princípios de 1993", mas estes números eram conhecidos em fins de 1992 pois as revistas vão para a impressão muito antes das datas impressas nelas. Portanto, a morte de Franz foi o último evento registado no livro Proclamadores. Ou o livro foi para a impressão durante a semana antes de Henschel ter sido nomeado presidente, ou foi feita uma decisão consciente de não mencionar o sucessor de Franz.

Página 112 "[...] a brochura de 32 páginas intitulada Viva Para Sempre em Felicidade na Terra! [...] em 200 idiomas [...] [a] mais amplamente traduzida publicação da Sociedade Torre de Vigia. [...] O Corpo Governante estava profundamente interessado em alcançar o máximo número possível de pessoas com a mensagem do Reino [...] Para esse fim, providenciou-se a tradução das publicações em muito mais idiomas. [...] aumento [...] no número de línguas em que A Sentinela era editada. Em outubro de 1992, o número era de 111." É interessante notar que a Sociedade se jacta de traduzir as suas próprias publicações em tantas línguas. O trabalho de traduzir a Bíblia para a maioria dessas línguas foi deixado para as sociedades bíblicas da 'cristandade'. O livro Proclamadores relata na página 613 que a Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová está disponível em apenas 12 línguas.

Páginas 114-115 Aqui a Sociedade revela alguns números importantes: um total de 12.900 trabalhadores vivendo nos vários complexos de escritórios/fábricas/quintas e 3.900 superintendentes de circuito e de distrito no campo.

Página 116 Quebrando a tradição, a Sociedade apresenta retratos coloridos individuais dos doze membros do Corpo Governante em janeiro de 1992. (Em dezembro de 1992, Frederick W. Franz morreu, reduzindo para 11 o número de membros do Corpo Governante. [N. do T.: Em 2 de outubro de 1999 foram acrescentados 4 novos membros ao Corpo Governante: Samuel F. Herd, M. Stephen Lett, Guy H. Pierce e David H. Splane. Portanto agora há 13 homens no Corpo Governante.])

Página 123 "Ao passo que o irmão Russell e seus associados estudavam as Escrituras, não levou muito tempo para entenderem que o Deus apresentado na Bíblia não é o deus da cristandade." Na realidade, Russell associou-se primariamente com adventistas trinitaristas desde 1869 até 1879. O livro Three Worlds, or Plan of Redemption [Três Mundos, ou Plano de Redenção], que ele publicou juntamente com N. H. Barbour em 1877, atacava os Cristadelfos por estes terem uma perspectiva não-trinitarista sobre o Espírito Santo. (Veja Jehovah's Witnesses Literature [Literatura das Testemunhas de Jeová], pp. 26-27.) Mesmo em 1879, quando Russell começou a publicar a sua própria revista Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], ele tomou como editor assistente J. H. Paton, um trinitarista. Foi só em 1882, depois de Paton ter saído do staff da revista, que Russell publicou pela primeira vez artigos disputando o trinitarismo.

Página 125 "[...] inventou-se a doutrina de três Deuses [...]" O livro Proclamadores aqui limita-se a reproduzir a deturpação que Russell fez da doutrina da Trindade.

Página 133 "[...] Russell explicou nesse panfleto: '[...] Parousia [...] significa [...] presença [...]' [...] Em 1876, quando Russell leu pela primeira vez um exemplar de Herald of the Morning, ficou sabendo de outro grupo que cria que a volta de Cristo seria invisível [...]" O leitor comum fica com a impressão de que Russell apareceu com a explicação da "parousia" e depois, mais tarde, encontrou a publicação de N. H. Barbour. Na realidade, foi ao contrário. Segundo o livro Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] (p. 18) foi "um do grupo de Barbour" que veio com essa interpretação, e depois Russell aprendeu-a de Barbour. (Uma nota de rodapé na página 46 do livro Proclamadores reconhece isto indiretamente, ao dizer: "Daí, em 1864, Benjamin Wilson publicou sua Bíblia Emphatic Diaglott, com a tradução interlinear de parousía por 'presença', não 'vinda', e B. W. Keith, um associado de Barbour, havia levado isso à atenção de Barbour e de seus associados.") Os escritores do livro Proclamadores não mentem realmente sobre este assunto na página 133; o leitor atento notará que eles começam a página com os acontecimentos de 1877 e depois passam a mencionar acontecimentos de 1876. Este é um truque comum da Torre de Vigia: uma apresentação que tecnicamente diz uma coisa mas que está redigida de modo a levar a maioria dos leitores a pensar que diz outra coisa. As Testemunhas de Jeová hoje acreditam que Cristo voltou invisivelmente em 1914, mas durante décadas antes dessa data, a Sociedade estava a proclamar que ele já tinha voltado em 1874 e estava "presente" desde então. Portanto, mesmo pelos padrões das Testemunhas de Jeová, a Sociedade estava a proclamar falsamente que Cristo tinha voltado. (Compare com Mateus 24:23-27.)

Páginas 134-136 "De início, pensaram que nessa data [1914] o Reino de Deus teria assumido pleno controle universal. [...] Esperavam que o ano 1914 marcasse um significativo momento decisivo para Jerusalém [...] que sua mudança se daria [...]" Aqui o livro Proclamadores reconhece que as primeiras publicações da Torre de Vigia continham várias falsas profecias para o ano 1914: que o Reino de Deus destruiria completamente os governos humanos nessa data, que Israel seria restaurado, e que Russell e os seus seguidores seriam arrebatados para o céu. Mas o reconhecimento é feito com uma linguagem tão velada e obscura, que os leitores não familiarizados com os fatos continuarão sem saber o que realmente aconteceu. Além disso, a seriedade do que a liderança da seita fez ao promulgar falsas profecias é escondido quando dizem que eles "pensaram", "esperavam" e "passaram a esperar sinceramente" que certas coisas aconteceriam em 1914. Seria mais verdadeiro dizer que as publicações da Sociedade ensinaram essas falsas profecias aos aderentes da seita e proclamaram essas falsas profecias ao mundo.

Página 141 "Traria Deus os judeus de volta à Palestina?" A seguir a este subtítulo, o livro Proclamadores tenta minimizar uma das maiores mudanças doutrinais da seita. A discussão reconhece indiretamente que a Sociedade Torre de Vigia advogou o "Sionismo" até à década de 1930, altura em que as profecias sobre Israel foram reinterpretadas como referindo-se ao Israel "espiritual".

Página 143 "[...] a idéia de que o próprio Russell era o servo fiel e prudente [...] chegou a ser sustentado de modo geral pelos Estudantes da Bíblia por uns 30 anos." Aqui é documentada uma reviravolta doutrinal importante. Primeiro, a Sociedade ensinou que o escravo fiel e discreto era "o inteiro corpo de Cristo". Depois a Sociedade ensinou durante décadas que o escravo fiel e discreto era "o próprio Russell". E depois, em 1927, retomou o ensino de que o escravo fiel e discreto era "composto de todos os membros ungidos pelo espírito, que constituem o corpo de Cristo na Terra". O livro Proclamadores tenta lançar a culpa sobre Maria (a esposa de Russell) pelos 30 anos em que se ensinou que o escravo era Russell, e depois lança a culpa sobre os próprios Estudantes da Bíblia pela idéia que eles "sustentavam de modo geral". Mas o fato é que a própria Sociedade ensinou isto. "A Torre de Vigia proclama sem hesitações que o irmão Russell é 'aquele servo fiel e sábio [...]'" (Watchtower Reprints, 1.º de março de 1917, p. 6049). Esta mudança para trás e para a frente no ensino mostra que a Sociedade estava a mentir quando disse na página 27 da Watchtower de 1.º de dezembro de 1981 que "Por vezes as explicações dadas pela organização visível de Jeová foram ajustadas, aparentemente para pontos de vista prévios. Mas este não foi realmente o caso." Foi esse o caso, sim, e este é um excelente exemplo. (Para outro exemplo, veja a nossa discussão sobre as páginas 146-148 do livro Proclamadores.) Isto também prova que a "luz" da organização não está a "ficar mais clara". Em vez disso, está a acender e apagar, mudando com os ventos da política interna na sede em Betel, e segundo os humores dos homens que estão no poder.

Páginas 144-145 "As crenças das Testemunhas de Jeová". Uma caixa preenchendo as duas páginas pretende apresentar as principais crenças das Testemunhas de Jeová, apoiadas por muitos textos bíblicos. Contudo, é omitida a principal doutrina que verdadeiramente separa as Testemunhas de Jeová de outros -- a sua crença de que a Sociedade Torre de Vigia é o canal de comunicação de Deus. É essa crença que tem permitido à Sociedade mudar ou reinterpretar as outras crenças conforme quer.

Página 146 "Progressivamente, com o passar dos anos, foram eliminadas práticas que pudessem ter o efeito de atrair indevida atenção a certas pessoas no que tange à preparação de alimento espiritual. [...] todo o mérito é atribuído a Jeová Deus." Na realidade, tornar anônima a autoria das publicações das Testemunhas de Jeová teve o efeito de elevar a própria organização, dando às suas publicações a aparência de terem uma fonte sobre-humana. Como na história do "Feiticeiro de Oz", onde um velhinho frágil causou uma grande impressão escondendo-se atrás de uma cortina e falando através de um amplificador, esconder os escritores da Torre de Vigia no anonimato tem-lhes permitido impressionar de forma semelhante os seus seguidores. Em vez do que a Sentinela de 1.º de maio de 1989 (p. 4) chamou "um culto de personalidade centrado em Charles T. Russell", as Testemunhas de Jeová agora têm um culto centrado de forma idólatra numa organização.

Páginas 146-148 "A luz brilha cada vez mais [...] Por exemplo, em 1962, houve um ajuste de entendimento sobre "as autoridades superiores", em Romanos 13:1-7." O livro Proclamadores aqui repete a desculpa do "entendimento progressivo", que a Sociedade Torre de Vigia usa para encobrir as suas numerosas mudanças doutrinais. Explica que "Por muitos anos, os Estudantes da Bíblia haviam ensinado que 'as autoridades superiores' eram Jeová Deus e Jesus Cristo [...] Anos mais tarde, fez-se um cuidadoso reexame desse texto [...] Assim, em 1962, compreendeu-se que 'as autoridades superiores' são os governantes seculares [...]" Mas o que o livro Proclamadores não diz aos leitores aqui é que isto foi de fato um regresso à interpretação original. As publicações da Sociedade originalmente tinham aplicado Romanos 13:1-7 às autoridades seculares; passados uns 50 anos, eles reinterpretaram os versículos como aplicando-se a Deus e a Cristo; e depois, em 1962, regressaram à interpretação original. Por exemplo, a Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] de 1.º de setembro de 1892, esboça o mesmo princípio de sujeição relativa que é ensinado hoje (reprints da Sociedade, p. 1440), e a Watch Tower [Torre de Vigia] de 15 de janeiro de 1916 diz, de forma semelhante: "Mas ao passo que procuram ser assim acatadores da lei em todos os aspectos, os cristãos devem reconhecer que existe uma lei ainda maior [...] e devem estar sujeitos aos poderes mundanos só na ausência de uma admoestação em contrário" de Deus (reprints, p. 5840). De fato, na página 190 o livro Proclamadores reconhece que "em 1904", sob a administração de Russell, "[n]aquela época, eles entendiam que 'as autoridades superiores', mencionadas em Romanos 13:1-7, eram os governantes seculares." Portanto, o que o livro Proclamadores cita na página 147 como um exemplo de "entendimento progressivo" era na realidade uma reviravolta doutrinal para trás e para a frente. (Veja também a nossa discussão sobre a página 143 para outro exemplo.)

Página 157 "Qualquer grupo ou indivíduo que fale em nome de Jeová se coloca sob a obrigação de transmitir Sua palavra com veracidade." Esta é uma declaração muito importante. Reconhece que a Sociedade Torre de Vigia fala "em nome de Jeová". Noutro lado, ao mencionar "datas [proféticas] que se revelaram incorretas", a Sociedade diz: "Contudo, nestas ocorrências eles nunca tiveram a presunção de originar predições 'em nome de Jeová'". (Despertai!, 22 de março de 1993, p. 4) Ainda assim, num item separado na mesma página da revista Despertai!, a profecia da Sociedade sobre "um novo mundo pacífico e seguro, antes que passe a geração que viu os acontecimentos de 1914" é apresentada como sendo a "promessa do Criador". Não a promessa da Sociedade, mas a promessa do Criador -- ou seja, a Sociedade está a profetizar em nome de Deus. As profecias da Sociedade Torre de Vigia encaixam-se na descrição que se encontra na Escritura:

"No entanto, o profeta que presumir de falar em meu nome alguma palavra que não lhe mandei falar ou que falar em nome de outros deuses, tal profeta terá de morrer. E caso digas no teu coração: 'Como saberemos qual a palavra que Jeová não falou?' quando o profeta falar em nome de Jeová e a palavra não suceder nem se cumprir, esta é a palavra que Jeová não falou. Não deves ficar amedrontado por causa dele." -- Deuteronômio 18:20-22.

Página 162 "Chart of the Ages" [Tabela das Eras]. Aqui é reproduzida a tabela cronológica de Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras], volume 1, que figurava de forma proeminente nos ensinos iniciais da Torre de Vigia. Aspectos visíveis da tabela podem ser usados para documentar o envolvimento inicial da Sociedade com a teologia dispensacionalista e com a piramidologia. (Sobre esta, veja também a página 201.)

Página 170 "[...] não lhes cabia dizer às pessoas se a sua esperança devia ser celestial ou terrestre. O Senhor dirigiria os assuntos [...]" Noutros sítios as publicações da Sociedade têm sido mais honestas em admitir que eles ensinaram aos novos estudantes uma esperança celestial antes de 1935 e uma esperança terrestre depois desse ano: "[...] a esperança celestial foi mantida, promovida e enfatizada até cerca do ano 1935. Então, à medida que a 'luz clareou' para revelar a identidade da 'grande multidão' de Revelação 7:9, a ênfase começou a ser colocada na esperança terrestre." (A Sentinela, 1.º de fevereiro de 1982, p. 28 [tradução do inglês])

Páginas 174-175 "Mas, entre as Testemunhas, nunca houve dúvida sobre como considerar o homossexualismo." Assim a Sociedade Torre de Vigia afirma a sua superioridade moral sobre "muitas igrejas" que tiveram de debater o assunto. Contudo, a afirmação da Sociedade é falsa. De fato, houve uma grande questão entre as Testemunhas de Jeová quanto a saber se a homossexualidade devia ou não ser vista como base para o divórcio. Aparentemente, as Testemunhas de Jeová discutiram a resposta, pois a pergunta foi submetida à Sociedade, que decretou na Watchtower [Sentinela] de 1.º de janeiro de 1972 que atos homossexuais não constituem base para divórcio: "Embora tanto o homossexualismo como a bestialidade sejam perversões abomináveis, nem num caso nem noutro está quebrado o vínculo do casamento." (p. 32) Contudo, mesmo depois de a Sociedade ter dado a resposta, ainda havia entre as Testemunhas a pergunta sobre se a homossexualidade seria encarada como base para o divórcio. Cerca de um ano mais tarde, a Sociedade mudou a sua posição anterior e decretou na Watchtower [Sentinela] de 15 de dezembro de 1972 que atos homossexuais constituem mesmo base para divórcio, acrescentando que "Isto marca claramente uma correção no ponto de vista expresso em ocasiões anteriores nas colunas desta revista [...]" Portanto, a declaração citada acima, da página 175 do livro Proclamadores, é uma falsidade. Entre as Testemunhas houve dúvida sobre como considerar o homossexualismo, e a sede da organização demorou algum tempo até estabilizar a sua posição no assunto.

Página 181 "[...] a partir de 1973 nenhuma pessoa que ainda fumava foi aceita para o batismo." Se este era realmente "conselho bíblico", como o livro Proclamadores afirma, porque é que os líderes espirituais da organização não o notaram durante cerca de 100 anos? Líderes anteriores estavam corretos ao identificarem o uso do tabaco como sendo um hábito impuro, mas eles evidentemente aperceberam-se de que impedir fumadores de se batizarem violaria o conselho de 1 Coríntios 4:6: "'Não vades além das coisas que estão escritas'" (Tradução do Novo Mundo, das Testemunhas de Jeová.)

Páginas 183-186 "Por que recusam transfusões de sangue". Curiosamente, a discussão ignora completamente a proibição anterior da seita contra as vacinas (durante as décadas de 1930 e 1940) e a proibição contra transplantes de pele, córnea, fígado, etc. (1967-1980). Os ensinos da Torre de Vigia durante esses anos fizeram com que as Testemunhas de Jeová se sentissem igualmente dispostas a rejeitar energicamente esses procedimentos médicos, no entanto o livro Proclamadores faz de conta que esses episódios nunca ocorreram. (Para documentação sobre a proibição de vacinas, veja a revista que antecedeu a Despertai!, a The Golden Age [A Idade de Ouro], 4 de fevereiro de 1931, página 293. Os transplantes de órgãos foram proibidos na Watchtower de 15 de novembro de 1967, páginas 702-704 [A Sentinela, 1.º de junho de 1968, pp. 349-351]; também na Awake! [Despertai!] de 8 de junho de 1968, página 21.)

Página 190 "Naquela época eles entendiam que 'as autoridades superiores', mencionadas em Romanos 13:1-7, eram os governantes seculares. [...] C. T. Russell disse, no livro The New Creation (A Nova Criação, publicado em 1904) [...]". Sim, este assunto foi entendido e ensinado durante anos sob o primeiro presidente da Sociedade. Depois, de 1929 em diante, foi ensinada uma nova interpretação. Por fim, em 1962, a organização recuou e passou a ensinar novamente a velha interpretação de Russell. Mas a mudança de 1962 é apresentada na página 147 como se fosse uma nova idéia -- "entendimento progressivo". Ao espalhar a informação desta forma, a Sociedade Torre de Vigia engana os leitores e evita dizer toda a verdade.

Página 196 "[...] 'não sonegam impostos nem procuram esquivar-se de leis inconvenientes a seus próprios lucros.'" Como é que o livro Proclamadores pode apresentar isso como sendo verdade a respeito das Testemunhas de Jeová quando elas continuam a fugir às leis do imposto sobre as vendas nos materiais que distribuem nos Estados Unidos e no Canadá? Dessa forma, as Testemunhas de Jeová evitam impostos cujo pagamento há muito tempo tem sido exigido a outros distribuidores de literatura religiosa. Por exemplo, quando Jimmy Swaggart perdeu um caso judicial envolvendo impostos sobre vendas, no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, em janeiro de 1990, a Sociedade Torre de Vigia alterou imediatamente as suas políticas de distribuição de literatura para se manter um passo à frente da lei -- removendo das suas revistas a frase que dizia o preço ("25 cêntimos cada cópia"), entre outras coisas. Veja também a discussão sobre a página 349.

Páginas 199-200 "Por que deixaram de celebrar o Natal." Durante os primeiros 50 anos, a organização Torre de Vigia reconheceu que Jesus não nasceu em 25 de dezembro, mas encorajou os seus seguidores a não levantarem objecções sobre a data, em vez disso deviam juntar-se "em celebrar o grande evento no dia em que a maioria o celebra -- no dia de Natal." (Watch Tower [Torre de Vigia], 1.º de dezembro de 1904, p. 3468 dos reprints da Sociedade) O Juiz Rutherford, mais tarde, não aprendeu nada de novo sobre o Natal; ele decidiu simplesmente levantar objecções. Qual era a verdadeira razão por detrás da mudança? Era parte de um processo longo e lento para retirar a ênfase de Cristo e dizer aos seguidores para obedecerem à organização em tudo. Também, cortar a associação com membros da família fora da seita é uma técnica de controlo da mente que muitas seitas usam; proibir os feriados tem o efeito de separar as Testemunhas de Jeová dos seus familiares no exterior. A proibição da Torre de Vigia sobre todos os feriados vai "para além do que está escrito" (1 Coríntios 4:6) e contradiz diretamente o espírito de Romanos 14:1-6.

Página 201 "Por uns 35 anos, o pastor Russell pensava que a Grande Pirâmide de Gizé fosse a pedra de testemunho de Deus que confirmava períodos bíblicos." Para ser honesta neste assunto, a Sociedade Torre de Vigia devia ter admitido que o seu segundo presidente, Joseph F. Rutherford, perpetuou o mesmo ensino durante outros 12 anos. O livro Proclamadores também falha por não admitir até que ponto a Sociedade usava a piramidologia para predizer eventos futuros -- algo que as Testemunhas de Jeová hoje veriam como uma forma de espiritismo. (Para informação e documentação adicional, veja How to Rescue Your Loved One From the Watchtower [Como Resgatar o Seu Ente Querido da Torre de Vigia].)

Página 204 "Têm ocorrido importantes mudanças no funcionamento da organização das Testemunhas de Jeová desde que Charles Taze Russell e seus associados começaram a estudar a Bíblia juntos em 1870." A consideração da filiação religiosa de Russell durante a década de 1870 é dividida em discussões nas páginas 43-48, 120-122, 132-135, 204 e 236-237. Por isso, quando o livro diz a frase acima citada, na página 204, os leitores podem já ter esquecido que capítulos anteriores revelaram que Russell permaneceu numa organização adventista até 1879; nenhuma "organização das Testemunhas de Jeová" existia antes desta data.

Página 212 "Daí, um diretor, ou diretor de serviço, como veio a ser conhecido, não sujeito à eleição anual, foi designado pela Sociedade." Assim, em 1919, J. F. Rutherford começou a submeter ao controlo de Brooklyn as congregações que antes eram dirigidas democraticamente a nível local.

Páginas 212-221 Aqui são apresentados os passos que Rutherford deu para substituir gradualmente o governo democrático da igreja por uma hierarquia designada pela Sociedade.

Página 219 "[...] '"A Sociedade" é o representante visível do Senhor na Terra, e, portanto, pedimos à "Sociedade" que organize esta companhia para serviço e que nomeie os diversos servos da mesma [...]'" Esta declaração, parte de uma resolução que a Watchtower [Sentinela] convidou as congregações a adotar em 1938, deu à liderança de Brooklyn um estatuto igual ao do Papa, "o vigário de Cristo", aos olhos das Testemunhas de Jeová.

Páginas 220-221 "Estava Rutherford simplesmente procurando obter maior controle?" O livro Proclamadores rejeita esta acusação dizendo simplesmente que Rutherford "não era o líder das Testemunhas de Jeová, e não o queria ser." Deus estava no leme, e Rutherford estava meramente a servir como Seu "genuinamente humilde" representante humano. No entanto, esta é a mesma alegação feita por pagãos e pseudo-cristãos em pretensas "teocracias" ao longo da história.

Página 223 "[...] superintendente de circuito [...] superintendente de distrito." Uma nota de rodapé nesta página apresenta uma breve história destas duas posições na hierarquia da Torre de Vigia, aproximadamente equivalentes aos bispos e arcebispos da Igreja Católica Romana.

Páginas 228-229 "Os estatutos da Sociedade estabeleceram uma provisão de direito a votos em que todo associado que contribuísse um total de US$10 tinha direito a voto na escolha dos membros da junta de diretores e administradores da Sociedade." Foi assim que "o corpo governante" foi escolhido em 1945, quando o novo arranjo corporativo entrou em vigor e permitiu que a junta de diretores selecionasse indivíduos para serem membros da Sociedade, e depois disso os membros elegeriam os diretores. As mudanças de nome das sociedades legais dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha são apresentadas na página 229.

Página 232 "Não se trata de conformismo forçado; é produto da educação [...] estão livres para abandonar a organização." A "educação" que provoca conformidade total entre as Testemunhas de Jeová é na realidade uma forma subtil de controlo mental realizado através da combinação de instruções repetitivas, pressão dos companheiros, isolamento do exterior, corte dos laços com familiares não-Testemunhas, e proibição contra ler ou escutar críticas à organização. Os seguidores de Jim Jones estavam 'livres para sair', mas conformaram-se e tomaram parte no suicídio em massa de aproximadamente 900 membros no desastre de Jonestown, em 1978; os seguidores de David Koresh estavam 'livres para sair', mas morreram no incêndio do complexo da seita em Waco, em 1993. As Testemunhas de Jeová gozam do mesmo tipo de 'liberdade'. (Veja também a discussão da citação sobre "unidade forçada" na página 251.)

Páginas 233-234 "[...] Corpo Governante. Aumentou-se o número de seus membros para mais do que os sete que, quais membros da diretoria da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pensilvânia, EUA, vinham servindo na qualidade de corpo governante para as Testemunhas de Jeová." Desenvolvimentos na liderança das Testemunhas de Jeová durante e depois da década de 1970 são abordados com muito mais detalhe -- e com muito mais franqueza -- no livro do ex-membro do Corpo Governante Raymond Franz, Crisis of Conscience (Atlanta: Commentary Press, 1983) [Crise de Consciência, 1999].

Páginas 236-237 "Charles Taze Russell e um pequeno grupo de associados em Allegheny, Pensilvânia, e cercanias, formaram, em 1870, uma classe de estudos bíblicos." Isto é apresentado como o início da história das reuniões das Testemunhas de Jeová. Contudo, essa discussão omite o fato, óbvio a partir da discussão do mesmo período de tempo em capítulos anteriores (páginas 43-48, 120-122, 132-135), que Russell e os seus amigos estavam a reunir-se como adventistas e não como Testemunhas de Jeová ou "Estudantes da Bíblia" independentes. Russell só saiu dos adventistas em 1879.

Páginas 240-241 "Louvor a Jeová com cânticos [...] A letra tem sido atualizada em harmonia com o entendimento progressivo da Palavra de Deus." Estas páginas apresentam fotografias dos cancioneiros da seita desde 1879 até ao presente. Para mais detalhes sobre como os cânticos foram deliberadamente revistos ao longo dos anos -- para reduzir os cânticos sobre Jesus, entre outras coisas -- veja Jehovah's Witness Literature: A Critical Guide to Watchtower Publications [Literatura das Testemunhas de Jeová: Um Guia Crítico Para as Publicações da Torre de Vigia] de David A. Reed (Grand Rapids: Baker Book House, 1993).

Página 241 "[...] uma consideração [N. do T.: no original em inglês diz discussão] plena e livre da matéria de estudo." É possível que tenha havido mais disso nos dias de Russell, mas qualquer pessoa que tenha tentado fazer uma "discussão plena e livre" nas reuniões das Testemunhas de Jeová em tempos recentes verificará que isto não é permitido.

Páginas 242-243 "Comemoração da morte de Cristo". Um gráfico sob este título na página 242 ilustra graficamente o rápido crescimento da seita desde 1935, tanto em Testemunhas ativas (que o gráfico revela serem aproximadamente 4,5 milhões em 1992) como em assistência (11,5 milhões). O livro explica que a vasta maioria das Testemunhas de Jeová, designadas para a classe da "grande multidão", são 'convidadas a estar presentes' na cerimônia anual da Comemoração "não como participantes, mas como observadores" -- um pensamento que é contrário a tudo o que se encontra no Novo Testamento.

Páginas 246-247 "Até o presente momento, continua a ser costume entre as Testemunhas de Jeová os membros da inteira família assistir às reuniões de congregação juntos." O livro Proclamadores explica que J. F. Rutherford baniu os grupos de jovens e as classes dominicais para crianças durante a década de 1930 porque 'não contribuíam para a união'. O livro aqui não admite que as crianças das Testemunhas de Jeová têm sido largamente negligenciadas ao longo da maior parte da história da organização, sendo a ênfase colocada antes na conversão de estranhos de casa em casa.

Página 247 "O 'Bulletin' (1919-35), o 'Director' (1935-36), o 'Informante' (1936-56), e agora 'Nosso Ministério do Reino', em 100 línguas -- todos têm fornecido instruções regulares para o unido ministério de campo das Testemunhas de Jeová." Significativamente, a Sociedade omite desta lista dois outros títulos que esta publicação interna teve entre 1956 e 1982. Estas duas versões também são deixadas de fora da fotografia que aparece nesta página. A verdadeira história é que deram à publicação o novo nome "Kingdom Ministry" [Ministério do Reino] em 1956, porque a Sociedade ensinava que todas as Testemunhas de Jeová eram ministros. Em 1976 este ensino foi alterado, de modo que apenas aqueles designados como anciãos, servos, etc., eram chamados ministros, e os membros em geral não eram ministros. Portanto, em 1976 o nome da publicação foi mudado para "Our Kingdom Service" ["Nosso Serviço do Reino"]. Depois, em 1982, a seguir a um abalo no Corpo Governante envolvendo a expulsão de Raymond Franz da organização, o ensino foi revertido outra vez -- de novo para a posição anterior -- e o termo ministros foi novamente aplicado a todas as Testemunhas ativas. De acordo com isso, o nome da publicação foi mudado outra vez, agora para a forma que tem atualmente: "Our Kingdom Ministry" ["Nosso Ministério do Reino"]. A ilustração e o texto no livro Proclamadores evidentemente omitem o "Kingdom Ministry" ["Ministério do Reino"] (1956-1976) e o "Our Kingdom Service" ["Nosso Serviço do Reino"] (1976-1982) para esconder os fatos sobre estas embaraçosas reviravoltas doutrinais para trás e para a frente.

Página 248 "As Testemunhas de Jeová em nenhum sentido são uma sociedade secreta." Talvez isto tenha sido escrito em resposta ao livro Behind the Watchtower Curtain -- The Secret Society of Jehovah's Witnesses [Por Detrás da Cortina da Torre de Vigia -- A Sociedade Secreta das Testemunhas de Jeová] de David A. Reed (Southbridge, Mass.: Crowne Publications, Inc., 1989). Embora seja verdade que a pregação de casa em casa é uma atividade pública e a maioria das reuniões das Testemunhas de Jeová são abertas ao público, existem muitas coisas sobre a organização que continuam escondidas do olhar do público. A maioria das pessoas que não pertencem às Testemunhas de Jeová não imaginam até que ponto a Sociedade Torre de Vigia controla os seus membros -- punindo-os se eles votarem em eleições, ou pendurarem um sempre-verde nas suas portas, ou lerem literatura proibida (como este folheto que está a ler agora!). Mesmo a maior parte dos familiares e vizinhos não sabem que as Testemunhas de Jeová podem ser postas em julgamento [pelos seus líderes] atrás de portas fechadas, sem direito a representação por um advogado, e que podem ser condenadas a cortar toda a convivência com um amigo de longa data sem sequer serem informadas sobre qual é a alegada ofensa do amigo contra a organização. Outro sentido em que as Testemunhas de Jeová são uma sociedade secreta é que elas tomam conhecimento da sua história através do livro Proclamadores mas são privadas do acesso às fontes originais. As publicações da Sociedade Torre de Vigia anteriores a 1930 em geral foram removidas das prateleiras dos Salões do Reino. Se por acaso estiverem disponíveis, essas publicações são fechadas à chave e qualquer Testemunha de Jeová que peça para ter acesso a elas sujeita-se a ser interrogada quanto aos seus motivos.

Página 251 "Não devia ser uma união forçada." De fato, Jesus não pretendia uma união forçada. Mas a Sociedade Torre de Vigia certamente impõe uma união forçada sobre os seus seguidores. A dissensão é rapidamente punida com expulsão e ostracização forçada da parte dos amigos e família. Ex-membros muitas vezes comparam a situação à vida sob a Inquisição medieval, e os membros não se atrevem a expressar qualquer opinião diferente daquela que é aprovada oficialmente.

Página 252 "[...] instrução progressiva que Jeová provia por intermédio de seu canal visível de comunicação. [...] os vários volumes de Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] [...] Esses continham deveras 'alimento [espiritual] no tempo apropriado'." É absolutamente espantoso que a Sociedade tenha dito isto! Os sete volumes ensinavam que Cristo tinham voltado invisivelmente em 1874. O volume 2 ensinava que o Armagedom já tinha começado e que terminaria em 1914, tendo as edições posteriores alterado essa data para 1915 (p. 101). O volume 3 tem 63 páginas em que Russell usa a piramidologia egípcia para predizer eventos futuros. Também ensina que Deus mora na estrela Alcyone, na constelação das Plêiades (p. 327). O volume 7 ensina que o espírito ou fantasma do Pastor Russell continuava a dirigir a organização a partir do lado de lá da sepultura (pp. 144, 256). Também identifica "Miguel e os seus anjos", mencionados em Revelação 12:7, como sendo "o Papa" e "os Bispos" da Igreja Católica (p. 188) e declara que a grande multidão que nenhum homem podia contar, mencionada em Revelação 7:9, ascende a "aproximadamente 411.840.000" (p. 103). Mesmo sabendo que atualmente se nega às Testemunhas de Jeová o acesso aos sete volumes, ainda assim é incrível que a Sociedade Torre de Vigia se tenha referido a estas falsidades como alimento espiritual ou instrução dada pelo próprio Deus. Para uma discussão de cada um dos sete volumes, veja Jehovah's Witness Literature: A Critical Guide to Watchtower Publications [Literatura das Testemunhas de Jeová: Um Guia Crítico Para as Publicações da Torre de Vigia] de David A. Reed (Grand Rapids: Baker Book House, 1993).

Página 264 "Em 1962, uma série de discursos sobre o tema 'Sujeição às Autoridades Superiores' corrigiu o entendimento que as Testemunhas tinham sobre o significado de Romanos 13:1-7." Isto diz apenas metade da história. O 'novo' entendimento de 1962 era na realidade um regresso a uma interpretação antiga que tinha sido rejeitada durante décadas como sendo falsa. (Veja a discussão sobre as páginas 146-148.)

Página 264 "Em 1964, os discursos [...] ampliaram seu apreço da grande misericórdia de Jeová manifestada na provisão da ressurreição." Aqui o livro Proclamadores não menciona que a Sociedade mais tarde reduziu de certa forma essa misericórdia, decidindo que afinal não ressuscitariam alguns que a Sociedade tinha dito na década de 1960 que ressuscitariam. A reviravolta doutrinal mais proeminente sobre a ressurreição envolveu os homens de Sodoma: primeiro a Sociedade disse que eles seriam ressuscitados (Watch Tower [Torre de Vigia], julho de 1879, p. 8), depois disse que não (1.º de junho de 1952, p. 338), depois disse que sim (1.º de agosto de 1965, p. 479), depois disse que não (1.º de junho de 1988, p. 31). A mudança mais recente aparentemente ocorreu quando estavam a ser impressos dois livros para publicação no verão de 1988, de modo que um dos livros diz que os homens de Sodoma serão ressuscitados e o outro, lançado no mesmo congresso, diz que não serão ressuscitados. (Insight on the Scriptures [edição em inglês], p. 985 e Revelation -- Its Grand Climax at Hand [Revelação -- Seu Grandioso Clímax Está Próximo], p. 273).

Página 295 "Por causa do modo de vida da família de Betel, as autoridades seculares nos Estados Unidos, por exemplo, consideram a tais como uma ordem religiosa que fez voto de pobreza." Esta interessante revelação evidentemente reflete uma lei do Internal Revenue Service [Serviço de Impostos Interno] a respeito do estatuto perante o pagamento de impostos dos "mais de 12.900" trabalhadores que vivem nos escritórios, fábricas e quintas da Torre de Vigia. (Veja também a discussão sobre a página 351.)

Página 298 "Em todo o mundo, há uns 3.900 superintendentes de circuito e de distrito [...] Nos Estados Unidos, onde 499 superintendentes de circuito e de distrito serviam em 1992 [...]" Estes números refletem o tamanho da hierarquia da Torre de Vigia, onde superintendentes de circuito e de distrito correspondem aproximadamente aos bispos e arcebispos do catolicismo.

Página 315 "Os esforços das Testemunhas em prover assistência não visam cuidar das necessidades de todas as pessoas na área de calamidade. [...] esses são primariamente 'para com os aparentados com elas na fé'." A política aqui admitida muitas vezes tem sido embaraçosa para as Testemunhas de Jeová.

Página 319 "Era conhecido como Igreja 'Nova Luz', porque os que se reuniam ali achavam que a leitura de publicações da Sociedade Torre de Vigia lhes proporcionava nova luz da Bíblia." Esta interessante nota de rodapé identifica um dos primeiros edifícios construídos pelos seguidores da seita para o seu próprio uso em serviços religiosos. A Igreja "Nova Luz" foi construída no Mount Lookout, Virgínia Ocidental.

Páginas 347-348 "Dão lucro as publicações? [...] nada era feito para ganho comercial." Talvez as publicações não fossem feitas para ganho "comercial", se definirmos a palavra "comercial" de modo a excluir atividades religiosas, mas com certeza a Sociedade teve lucro. De que outra maneira é que a organização podia ter ficado na posse de propriedades e edifícios no valor de 186 milhões de dólares só em Brooklyn? (New York Times, 29 de novembro de 1992, p. 46)

Página 349 "Por muitos anos elas se referiam à distribuição de suas publicações como 'venda'. Mas essa terminologia causava certa confusão, de modo que, a partir de 1929, isso foi aos poucos descontinuado." No entanto, o preço das assinaturas e a menção do preço de cada exemplar ("25 cêntimos cada cópia", nos E.U.A.) continuaram a aparecer nas revistas Watchtower [Sentinela] e Awake! [Despertai!] até 1990. Evidentemente, foi só a terminologia que mudou, a prática continuou a mesma.

Página 349 "Nos lugares em que a lei considera como atividade comercial qualquer distribuição de publicações bíblicas se o distribuidor sugerir uma contribuição por essas publicações, as Testemunhas de Jeová de bom grado as deixam a quem mostre interesse sincero e prometa lê-las." Embora essa seja a posição oficial, expressa para consumo público, as instruções privadas para as Testemunhas de Jeová são delineadas na publicação interna Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino] de dezembro de 1993, na página 7 [em inglês]: "Ao mesmo tempo, é necessário discernimento de modo que a nossa literatura não seja desperdiçada em 'solo rochoso.' (Marcos 4:5, 6, 16, 17) Aqueles que apreciam as boas novas que levamos sentem-se felizes de ter a oportunidade de contribuir para o seu apoio material."

Página 349 "Em 1990, devido a escândalos financeiros amplamente noticiados que envolviam certas religiões da cristandade, além da crescente tendência dos governos de classificar a atividade religiosa como empreendimento comercial, as Testemunhas de Jeová fizeram alguns ajustes em sua atividade para evitar equívocos." 'Para evitar impostos' teria sido um modo mais exato de dizer isso. Conforme foi documentado na publicação Comments from the Friends [Comentários dos Amigos] nessa época, quando Jimmy Swaggart [um televangelista americano] perdeu um caso envolvendo impostos sobre as vendas, no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, em janeiro de 1990, a Sociedade Torre de Vigia alterou imediatamente a sua política de distribuição de literatura para se manter um passo à frente da lei. Swaggart teve de pagar milhares de dólares em importos sobre as vendas, mas a Sociedade Torre de Vigia escapou sem pagar.

Página 351 "Todos os que são aceitos para o serviço especial de tempo integral na sede mundial das Testemunhas de Jeová fazem voto de pobreza, assim como fizeram todos os membros do Corpo Governante e todos os demais membros da família de Betel ali." Contrariamente aos rapazes que trabalham nas quintas da Torre de Vigia e que tratam das caixas de literatura nas fábricas, os membros do Corpo Governante têm a riqueza e o poder da Sociedade ao seu dispor para viajar pelo mundo, etc. Embora os líderes da Torre de Vigia em geral tenham hoje vidas espartanas -- como os líderes políticos de alguns países onde é importante ser identificado "com o povo" -- J. F. Rutherford era conhecido por se fazer transportar em grandes carros e pela sua mansão "Bete-Sarim", em San Diego, na Califórnia. (Veja a discussão sobre a página 76.)

Páginas 352-401 Cinqüenta páginas de fotografias coloridas mostram as propriedades e edifícios da Torre de Vigia em Brooklyn e no norte do Estado de Nova Iorque, e também os complexos das filiais em todo o mundo. Só as propriedades em Brooklyn estão avaliadas em 186 milhões de dólares, segundo o New York Times de 29 de novembro de 1992, p. 46. E as fábricas, escritórios e complexos de residências espalhados por todo o mundo sem dúvida ascendem a um valor total na ordem dos bilhões de dólares.

Página 405 "Não havia Estudantes da Bíblia suficientes para fazer isso pessoalmente, de modo que contrataram outros para ajudar." Este aspecto interessante de como o trabalho de distribuição de tratados foi realizado raramente foi documentado em outros lados. (Veja também a discussão sobre a página 561.)

Páginas 424-425 "[...] o número de Estudantes da Bíblia que de algum modo participavam na pregação das boas novas em 1918 diminuiu em 20 por cento no mundo todo, em comparação com o relatório de 1914." O livro lança a culpa por esta situação sobre o "tratamento cruel recebido durante os anos de guerra", mas não reconhece a possibilidade de que alguns podem ter desistido devido às predições da Sociedade para 1914 se terem provado falsas.

Página 425 "Que mensagem empolgante proclamavam -- 'milhões que agora vivem jamais morrerão!' [...] Era também o título dum folheto de 128 páginas publicado em 1920." É claro que isto era mais do que apenas uma "mensagem empolgante". Era também uma falsa profecia. O folheto com esse título diz nas páginas 88-90: "[...] podemos esperar que 1925 presencie o regresso destes homens fiéis de Israel da condição da morte, sendo ressuscitados [...] Por isso, podemos esperar com confiança que 1925 marcará o regresso de Abraão, Isaque, Jacó e os profetas fiéis da antigüidade." Na página 97 reafirmam novamente que "1925 marcará a ressurreição dos fiéis notáveis da antigüidade [...]" (Veja também as discussões sobre as páginas 78 e 632.)

Página 561 "[...] com a ajuda de centenas de rapazes cujo serviço foi remunerado, eles conseguiram distribuir em pouco tempo 300.000 exemplares de Food for Thinking Christians (Matéria Para Cristãos Reflexivos)." (Veja também a referência a distribuidores de literatura remunerados, na discussão sobre a página 405.)

Página 567 "'A Religião É Laço e Extorção' [...] Esses dizeres baseavam-se no entendimento de que o termo religião abrangia toda adoração edificada sobre tradições de homens, em vez de sobre a Palavra de Deus. Mas, em 1950 [...] o termo religião podia ser corretamente usado para referir-se à adoração verdadeira ou à adoração falsa." Estranhamente, foi preciso chegar-se a 1950 para que as Testemunhas de Jeová descobrissem algo que a população em geral sempre soube. Mas isto serve para demonstrar o controlo que a organização tem sobre os seus membros; a organização até pode redefinir palavras para os seus membros.

Página 570 "Apenas as Testemunhas de Jeová realmente procuram alcançar toda a Terra habitada com a mensagem do Reino [...]" Esta frase é uma afronta aos inúmeros cristãos que ao longo dos séculos e em tempos modernos deram de si para divulgar o evangelho!

Página 576 "[...] formou-se em 16 de fevereiro de 1881 a Sociedade de Tratados da Torre de Vigia de Sião, com W. H. Conley como presidente e C. T. Russell como secretário e tesoureiro. [...] Em 1884, a Sociedade de Tratados da Torre de Vigia de Sião foi legalmente estatuída, com C. T. Russell como presidente [...]" Este pedaço de informação trivial -- que W. H. Conley foi presidente da Sociedade antes de Russell, e antes de a Sociedade ser legalmente estatuída -- é tão útil como o fato de George Washington só se ter tornado presidente dos Estados Unidos em 1789, uns treze anos depois da Declaração de Independência, e que outros homens presidiram antes de Washington e antes de o governo ter tomado a sua forma atual. Mas é útil notar que, embora as Testemunhas de Jeová hoje vejam Russell como o primeiro numa sucessão de líderes, as publicações da Torre de Vigia mais antigas apresentavam-no como sendo o sucessor de líderes adventistas como Miller e Barbour. A Zion's Watch Tower de novembro de 1881 refere-se a Miller e a Barbour como "instrumentos" de Deus (pp. 288-289), e o livro The Finished Mystery [O Mistério Consumado] (edição de 1917) diz na página 54 que "o Pastor Russell tomou o lugar do Sr. Barbour, que se tornou infiel [...]"

Páginas 576-577 "[...] de 1887 a 1898, ele usou a Companhia Publicadora da Torre. [...] Tratava-se duma firma de Charles Taze Russell. Em 1898, ele transferiu bens da Companhia Publicadora da Torre como donativo para a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados." Este é outro pedaço de informação pouco conhecido, raramente documentado em outras fontes, e que vale a pena ser assinalado.

Página 613 "Em 1992, a impressão da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, nas 12 línguas então disponíveis, somavam 70.105.258 exemplares." Em contraste com isso, o livro Proclamadores relata que as Testemunhas de Jeová publicam a Watchtower [Sentinela] em 111 línguas e distribuem a sua brochura de 32 páginas Enjoy Life on Earth Forever! [Viva Para Sempre em Felicidade na Terra!] em 200 línguas (p. 112). A Sociedade Torre de Vigia aparentemente decidiu concentrar as suas energias na tradução dos seus próprios escritos, deixando o trabalho de traduzir a Palavra de Deus para as sociedades bíblicas da "cristandade".

Página 621 "Usava Deus um canal visível? [...] Certamente não se poderia esperar que Deus usasse C. T. Russell se ele não aderisse lealmente à palavra de Deus. [...] Russell foi, deveras, usado por Deus [...]" Como é que podem dizer que Russell aderiu lealmente à Palavra de Deus, quando ele proclamou falsamente que Cristo estava invisivelmente presente desde 1874, profetizou falsamente que este velho mundo iníquo acabaria em 1914, e considerava a Grande Pirâmide do Egito em pé de igualdade com a Bíblia? (Veja também a discussão sobre a página 252.)

Página 626 "Muitos dos que foram peneirados naquele tempo agarravam-se ao conceito que uma pessoa única, Charles Taze Russell, era o 'servo fiel e prudente' predito por Jesus [...] Em especial depois de sua morte, a própria revista Watch Tower expressou esse conceito por vários anos." O 1975 Yearbook of Jehovah's Witnesses [Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975] tentou desviar da Sociedade a culpa por esta opinião ao dizer na página 88 que "a idéia adotada por muitos era que o próprio C. T. Russell era o 'servo fiel e sábio.'" Aqui o livro Proclamadores reconhece finalmente que a própria Sociedade Torre de Vigia ensinou esta doutrina falsa. Mas ao dizer "[e]m especial depois de sua morte", o livro Proclamadores ignora declarações publicadas muito antes da morte de Russell, nas edições da Watch Tower [Torre de Vigia] de 1.º de março de 1896, p. 47; 15 de abril de 1904, p. 3356 (reprints); 1.º de junho de 1905, p. 3570; e 15 de julho de 1906, p. 3811 e 3821. Portanto, a Sociedade ainda não está disposta a dizer toda a verdade sobre este assunto. [N. do T.: o livro de fato menciona duas destas datas na nota de rodapé, embora tente lançar a culpa sobre a esposa de Russell.]

Página 630 "Talvez estivessem certos em alguns dos detalhes que ensinavam em conexão com o novo pacto, mas será que o Senhor abençoou o que faziam? [...] Por fim, durante a década de 30 [...] declarações ajustadas a respeito do assunto apareceram em The Watchtower [...] Que alegria isso trouxe aos que haviam esperado pacientemente!" Quando Russell se desencaminhou, aplicando o Novo Pacto aos judeus naturais, alguns dos Estudantes da Bíblia que se aperceberam que esse pacto se aplicava aos cristãos separaram-se, chamando-se a si mesmos New Covenant Believers [Crentes no Novo Pacto]. Algum tempo depois da morte de Russell, a Sociedade abandonou a sua interpretação sobre essa matéria. Mas aqui a Sociedade condena aqueles que defenderam o que se acabou por se provar ser o ponto de vista "correto", e em vez disso elogia aqueles que "haviam esperado pacientemente" e continuaram com Russell, mesmo quando ele estava a ensinar a interpretação errada. A posição defendida pelo livro -- 'fique do lado da organização, quer o que ela esteja a ensinar seja certo ou errado' -- é a mesma posição que a Sociedade condena quando patriotas leais ao seu país dizem: 'O meu país, quer esteja certo ou errado!' Portanto, a Sociedade Torre de Vigia está a usar uma duplicidade de critérios: em vez de esperar pacientemente que N. H. Barbour e os adventistas corrigissem os seus pontos de vista, Russell saiu de lá e começou a sua própria seita, mas se alguém fizer o mesmo quando a Torre de Vigia está errada, é condenado.

Página 632 "[...] concluíram que [...] a ressurreição para a vida espiritual dos que já dormiam na morte começara então." Este ensino de que a ressurreição já tinha ocorrido em 1878 é significativo em vista do que 2 Timóteo 2:17-18 diz: "[...] Himeneu e Fileto são desses. Estes mesmos se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição já ocorreu [...]" (Tradução do Novo Mundo)

Página 632 "[...] 1925. Esse ano também era relacionado com expectativas de ressurreição de fiéis servos de Deus pré-cristãos com o fim de servirem na Terra como representantes principescos do Reino celestial." Esta é a passagem em que o livro Proclamadores chega mais perto de admitir as falsas profecias da Sociedade a respeito de 1925. Mas veja também as discussões sobre as páginas 78 e 425. Fragmentando dessa forma a discussão de 1925 em três partes, a Sociedade conseguiu evitar dizer toda a verdade sobre o assunto, e a pouca informação que apresenta é dada em pequenas doses, mais fáceis de engolir.

Página 633 "Isto mais tarde levou ao conceito -- às vezes declarado como possibilidade, às vezes mais firmemente -- que visto que o sétimo milênio da história humana começaria em 1975, os eventos associados com o início do Reinado Milenar de Cristo poderiam começar a ocorrer então." As declarações firmes foram falsas profecias. E essas falsas profecias fizeram da Sociedade Torre de Vigia um falso profeta, contra o qual a Bíblia avisa: "No entanto, o profeta que presumir de falar em meu nome alguma palavra que não lhe mandei falar ou que falar em nome de outros deuses, tal profeta terá de morrer. [...] quando o profeta falar em nome de Jeová e a palavra não suceder nem se cumprir [...]" -- Deuteronômio 18:20-22, TNM. "Porque surgirão falsos Cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios, a fim de desencaminhar, se possível, até mesmo os escolhidos." -- Mateus 24:24, TNM. Todos os eufemismos e desculpas que a Sociedade Torre de Vigia apresenta não podem mudar o fato de que a organização é um falso profeta condenado pela Bíblia. (Para mais informação sobre 1975, veja também a discussão sobre a página 104.)

Página 633 "Mas alguns de seus cálculos de tempo e as expectativas que ligavam a estes causaram sérios desapontamentos. Depois de 1925, a assistência às reuniões caiu drasticamente em algumas congregações na França e na Suíça. De novo, em 1975, houve desapontamento quando as expectativas sobre o início do Milênio não se concretizaram. Em resultado, alguns se afastaram da organização." O livro Proclamadores condena aqueles que saíram da organização depois de as profecias se terem mostrado falsas em 1925 e em 1975. Também acrescenta que os que falaram sobre os falhanços "foram desassociados". Mas quando Jesus disse "Vigiai-vos dos falsos profetas" (Mateus 7:15, TNM), esse aviso obviamente implicava a necessidade de nos separarmos deles. E quando Deus disse: "No entanto, o profeta que presumir de falar em meu nome alguma palavra que não lhe mandei falar [...] tal profeta terá de morrer. [...] quando o profeta falar em nome de Jeová e a palavra não suceder nem se cumprir [...] Não deves ficar amedrontado por causa dele" (Deuteronômio 18:20-22), isto certamente não significava que devíamos ficar sob a autoridade de tal profeta. Além disso, o fato de a Sociedade Torre de Vigia desassociar [excomungar] aqueles que objetaram às suas falsas profecias mostra que a Sociedade não teve o espírito humilde do rei Davi, que aceitou a correção. Essa atitude da Sociedade é mais parecida com a situação que ocorreu "assim que o rei [Jeroboão] ouviu a palavra do homem do [verdadeiro] Deus, que ele havia clamado contra o altar em Betel, Jeroboão estendeu imediatamente a sua mão, tirando-a do altar, dizendo: 'Pegai-o!'" (1 Reis 13:4, TNM).

Página 634 "'Provavelmente pareço-te ridículo porque não fui para o Céu em 1.º de outubro de 1914 [...]" Não, qualquer pessoa pode ser enganada por um falso profeta. Mas continuar a seguir tal profeta depois de a sua profecia se ter mostrado falsa, isso é um problema mais sério.

Páginas 635-636 "'O Senhor não disse que a Igreja toda seria glorificada em 1914. Nós meramente inferimos isso e, evidentemente, erramos.' Nisso eles eram um tanto semelhantes aos apóstolos de Jesus. Os apóstolos conheciam e achavam que criam nas profecias concernentes ao Reino de Deus. Mas em várias ocasiões eles tinham falsas expectativas quanto a como e quando estas se concretizariam. Isto levou alguns ao desapontamento. -- Luc. 19:11; 24:19-24; Atos 1:6." Novamente a Sociedade Torre de Vigia, quando apanhada a fazer falsas profecias, oferece a desculpa de que eles estavam apenas a agir "um tanto semelhantes aos apóstolos de Jesus." Mas existe realmente alguma semelhança? Verifiquemos cada um dos versículos que eles mencionam. Primeiro temos Lucas 19:11 -- "Enquanto escutavam estas coisas, contou em adição uma ilustração, porque estava perto de Jerusalém e eles estavam imaginando que o reino de Deus ia apresentar-se instantaneamente." Aqui os apóstolos eram estudantes que ainda tinham muito a aprender; o seu erro é desculpável. A Sociedade, em contraste com os apóstolos, coloca-se na posição de professor, porta-voz de Deus, canal de comunicação de Deus -- um papel muito diferente do papel dos apóstolos em Lucas 19:11. Em seguida, a Sociedade menciona Lucas 24:19-24 -- "E ele lhes disse: 'Que coisas?' Disseram-lhe: 'As coisas a respeito de Jesus, o nazareno, que se tornou profeta poderoso em obras e palavra perante Deus e todo o povo; e como os nossos principais sacerdotes e governantes o entregaram à sentença de morte e o pregaram numa estaca. Mas nós esperávamos que este [homem] fosse o destinado a livrar Israel; sim, e além de todas estas coisas, este já é o terceiro dia desde que essas coisas ocorreram. Além disso, certas mulheres dentre nós também nos assombraram, porque tinham ido cedo ao túmulo memorial, mas, não achando seu corpo, voltaram dizendo que tiveram também uma visão sobrenatural de anjos, que disseram que ele estava vivo. Ademais, alguns dos que estavam conosco foram ao túmulo memorial; e acharam que era assim, exatamente como as mulheres disseram, mas não o viram.'" A Sociedade precisa de ler a Bíblia mais cuidadosamente, porque esta passagem não é sobre os apóstolos. O contexto revela no versículo 18 que se trata de Cléopas e outro discípulo cujo nome não é mencionado, e que depois desta conversa eles foram ter com os apóstolos (v. 33). Sim, os dois discípulos disseram a Jesus "Mas nós esperávamos que este [homem] fosse o destinado a livrar Israel" e Jesus então "interpretou-lhes em todas as Escrituras as coisas referentes a si mesmo." (vs. 21, 27) Mas, mais uma vez, estes discípulos estavam apenas a aprender, não tinham a pretensão de ser os porta-vozes de Deus para a Humanidade. O terceiro texto bíblico mencionado pela Sociedade é Atos 1:6 -- "Tendo-se eles então reunido, perguntavam-lhe: 'Senhor, é neste tempo que restabeleces o reino a Israel?'" Note que eles estavam a fazer uma pergunta a Jesus, não estavam a ensinar ao mundo. Em cada um dos três casos considerados, existe uma grande diferença entre aquilo que os apóstolos e os discípulos fizeram nos versículos citados e o que a Sociedade Torre de Vigia tem feito ao estabelecer datas e ao profetizar falsamente que aconteceriam certas coisas em 1914, depois em 1925 e novamente em 1975.

Página 645 "Em 1879, Charles Taze Russell casou-se com Maria Frances Ackley [...] em novembro de 1897, ela o abandonou [...] ela obteve a decisão, em 1908, não de divórcio pleno, mas de separação de corpos, com pensão alimentícia." Embora seja verdade que alguns opositores da organização Torre de Vigia por vezes são demasiado rápidos em acreditar em todas as acusações feitas contra o primeiro presidente da Sociedade, os escritores do livro Proclamadores sem dúvida foram demasiado rápidos em lançar a culpa pelo divórcio inteiramente sobre a esposa de Russell. Foi escrita muita coisa sobre o assunto e, mesmo depois de filtrar as acusações e contra-acusações mais emocionais e exageradas, parece que ainda sobre muita culpa, com ambas as partes partilhando a responsabilidade pelo fracasso do casamento. Por isso, em vista da sua conduta para com a esposa, é oportuno perguntar se C. T. Russell se qualificaria como ancião das Testemunhas de Jeová ou como pastor de uma igreja crente na Bíblia.

Página 706 "Quando o mundo entrou nos últimos dias em 1914, que grupo se mostrou a única genuína organização cristã? A cristandade tinha uma abundância de igrejas que diziam representar a Cristo. Mas a pergunta é: qual delas, se é que havia alguma, satisfazia os requisitos bíblicos?" Estas perguntas baseiam-se numa suposição errada. O livro Proclamadores está a assumir que devia existir alguma organização religiosa humana que se qualificaria como "a única genuína organização cristã". Mas a Bíblia identifica a verdadeira igreja como sendo aquela cujos membros estão alistados nos céus -- "em assembléia geral, e à congregação dos primogênitos que foram alistados nos céus" (Hebreus 12:23). O membros da verdadeira igreja não são aqueles que estão em alguma organização na Terra, mas sim "os em união com Cristo Jesus [...] que andamos, não de acordo com a carne, mas de acordo com o espírito." (Romanos 8:1, 4) Eles não são contados como aqueles que relatam tempo de serviço a alguma sede terrestre, "Porque todos os que são conduzidos pelo espírito de Deus, estes são filhos de Deus." (Romanos 8:14) E eles sabem quem são, não porque alguma organização terrestre colocou sobre eles o seu selo de aprovação, mas sim porque "O próprio espírito dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus." (Romanos 8:16) Mas que dizer da pretensão da Sociedade Torre de Vigia expressa no parágrafo citado, de ser o único grupo que "satisfazia os requisitos bíblicos" quando "o mundo entrou nos últimos dias em 1914"? Em primeiro lugar, deve-se notar que a Sociedade nesse tempo estava a ensinar que o tempo do fim tinha começado em 1799, não em 1914. Em 1927 o seu livro Creation [Criação] ainda estava a oferecer "prova de que 1799 marca definitivamente o início do 'tempo do fim'" (p. 315 nas edições mais antigas; p. 294 nas edições posteriores). Hoje a seita não atribui qualquer importância ao ano 1799. Além disso, entre todas as igrejas da cristandade, a seita da Torre de Vigia era a única que estava a proclamar em alta voz, durante décadas, a mensagem que dizia que Cristo já tinha voltado em 1874. O subtítulo da sua revista mostra que esta era a sua mensagem principal: The Watch Tower and Herald of Christ's Presence [A Torre de Vigia e Arauto da Presença de Cristo]. A revista estava a anunciar a toda a gente que no ano 1874 Cristo tinha começado a sua presença invisível, e estava a condenar aqueles que argumentavam que Cristo não tinha voltado em 1874. Esta proclamação falsa, de que Cristo tinha voltado em 1874, parece-se exatamente com aquilo contra o que Jesus avisou: "Então, se alguém vos disser: 'Eis aqui está o Cristo!', ou: 'Ali!', não o acrediteis. Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios, a fim de desencaminhar, se possível, até mesmo os escolhidos. Eis que eu vos avisei de antemão. Portanto, se vos disserem: 'Eis que ele está no deserto!', não saiais; 'eis que ele está nos aposentos interiores!', não o acrediteis. Pois, assim como o relâmpago sai das regiões orientais e brilha sobre as regiões ocidentais, assim será a presença do Filho do homem." (Mateus 24:23-27) Assim, o próprio Jesus indicou que aqueles que anunciariam falsamente que ele tinha voltado de forma invisível ("nos quartos secretos" ou "escondido no vosso meio" -- tradução de C. V. Rieu) não seriam "a única genuína organização cristã", mas em vez disso seriam os "falsos profetas".

Página 708 "Aqueles que compõem a única genuína organização cristã hoje não recebem revelações angélicas nem inspiração divina." Sim, isto é o que a Sociedade Torre de Vigia diz quando está a tentar escapar da culpa pelas "expectativas prematuras" (p. 709) -- i.e., falsas profecias -- mas quando quer que as pessoas a procurem para obter a salvação, a Sociedade diz o oposto: "A Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] de março de 1880 tinha declarado: '"Os Tempos dos Gentios" prolongam-se até 1914, e o reino celestial não terá domínio completo senão nessa altura.' Só Deus, pelo seu espírito santo, podia ter revelado isto àqueles primeiros estudantes da Bíblia com tanta antecedência." -- The Watchtower [A Sentinela], 1.º de julho de 1973, p. 402 (ênfase acrescentada). Portanto, aqui a Sociedade está a dizer que tem inspiração divina. Mais ainda, a Sociedade alega ser inspirada sempre que diz ser "guiada e dirigida pelo espírito de Jeová" (Watchtower [Sentinela], 1.º de junho de 1965, p. 352) porque isso é, por definição, o que "inspirada" significa. Funk & Wagnalls Standard Desk Dictionary (edição de 1983) diz que inspirar significa "Dirigir ou guiar, como por influência divina especial."

Página 709 "Jesus, quando esteve na Terra, admitiu que não sabia o dia e a hora em que o atual sistema acabará. [...] em várias ocasiões na história moderna das Testemunhas de Jeová seu zelo [...] causaram expectativas prematuras sobre quando viria o fim do sistema iníquo de Satanás." Não há qualquer comparação válida aqui. Jesus, enquanto humano, admitiu que não sabia. Jesus não ensinou datas falsas. Os apóstolos também não. A Sociedade Torre de Vigia está simplesmente a fazer o que as pessoas freqüentemente fazem ao serem apanhadas a cometer um crime: (1) dizem que 'não são culpados' de serem falsos profetas, (2) inventam desculpas ('o nosso zelo levou-nos a fazer isso!'), e (3) apontam o dedo a outros, e até mesmo a Jesus. A confissão e o arrependimento teriam sido preferíveis.

Página 709 "Bem, será que as Testemunhas de Jeová já terem tido expectativas prematuras significa que não são dirigidas por Deus? Não, como tampouco a pergunta dos discípulos sobre a iminência do Reino em seus dias [...]" Esta não é uma comparação válida. Há uma grande diferença entre os discípulos fazerem uma pergunta, e a Sociedade Torre de Vigia ensinar datas falsas. Além disso, os homens do Betel de Brooklyn proclamaram as suas "expectativas prematuras" de modo tão firme e arrogante que se sentiram livres para desassociar [excomungar] homens e mulheres crentes em Deus que questionavam as datas falsas da organização. Ao mesmo tempo, eles têm usado a sua autoridade auto-assumida para pressionar milhões de pessoas inocentes a circular as suas falsas profecias por todo o mundo. A maioria das Testemunhas de Jeová juntaram-se à seita porque acreditaram honestamente que esse era o caminho de Deus. Conforme Jesus disse, "falsos profetas [...] farão grandes sinais e prodígios, a fim de desencaminhar, se possível, até mesmo os escolhidos." -- Mateus 24:24, TNM.

Página 718 "1877 [...] C. T. Russell publica o folheto The Object and Manner of Our Lord's Return (O Objetivo e a Maneira da Volta de Nosso Senhor) no escritório da revista Herald of the Morning, em Rochester, Nova Iorque." Compare isso com a afirmação feita na página 36 do 1975 Yearbook of Jehovah's Witnesses [Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975] de que "em 1873 Charles Taze Russell, de vinte e um anos, escreveu e publicou à sua própria custa o folheto intitulado 'The Object and Manner of the Lord's Return' ['O Objetivo e a Maneira da Volta do Senhor']." O Watch Tower Publications Index 1930-1985 [Índice das Publicações da Torre de Vigia 1930-1985] (na página 916) também lhe atribui a data 1873, uns três anos antes de Russell se ter filiado com o editor do Herald [Arauto], N. H. Barbour. Porém, é curioso que o Watch Tower Publications Index 1930-1960 [Índice das Publicações da Torre de Vigia 1930-1960] (na página 306) indica a data 1877. (Veja também uma referência similar na página 47.)


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