Falsas Profecias, Justificações e Trapalhadas Doutrinais das Testemunhas de JeováÍndice
Adaptado de uma mensagem enviada por Odracir para a mailing list testemunhas em 1999-12-02. Nas citações que aparecem nesta página, parte do texto foi colocado em letra maiúscula para ênfase. Algumas edições de A Sentinela citadas aqui, especialmente as mais antigas, foram publicadas inicialmente em lingua inglesa, podendo não haver a exata correspondência com a data da edição em português. Sobre o tema piramidologia, abordado neste artigo, recomendamos a leitura de A Sentinela de 1/1/2000, onde a Sociedade VIU-SE OBRIGADA a fazer um reconhecimento mais explícito e pormenorizado do assunto, após o mesmo vir a conhecimento público. 1. Branqueamento da responsabilidade por falsas profecias1.1 Exemplo 1: A falsa profecia de 1914No ano de 1889, no livro "The Time Is At Hand", páginas 98 e 99, Charles Taze Russell declara:
Tais afirmações referiam-se às previsões sobre os anos de 1874, 1878 e 1914, iniciando-se a 'parousia' de Cristo na primeira data (sua 'posse' como Rei na segunda data). É importante frisar que tais cálculos cabalísticos começaram com o inglês John Acquila Brown, no ano de 1823 -- 29 anos antes do nascimento de Russell, 47 anos antes da formação do grupo dele e mais de meio século (54 anos) antes da publicação do livro que ele financiou, "Os Tres Mundos". Diversas outras obras da organização reafirmaram tais cálculos como algo além de simples opinião, chamando-os de "datas de Deus" e, em alguns casos, questionando a fé ou a vigilância de quem deles duvidava -- "Thy Kingdom Come" (1891), "Watchtower" de 15/1/1892, de 1/7/1894 e de 1/10/1907. Em 1916, dois anos após o fracasso daquelas previsões e do desapontamento -- desnecessário, diga-se de passagem -- de Russell e de seus seguidores, os quais ficaram expostos ao escárnio público, o que afirmou ele sobre seu erro, agora impossível de ser negado? Deixemos que o próprio Russell fale:
Note o leitor que, após envolver até o próprio Deus em seus erros, "invalidando-os" -- na verdade, minimizando-os -- encontrou o pastor Russell uma alternativa bastante conveniente a ter que encarar o fato de que suas predições nada tinham de "datas de Deus". Chegou ele ao cúmulo de elogiar o erro, sim, de promover o erro como meio válido pelo qual Jeová guia seu povo. Isto deu margem, mais tarde, a novas predições, hábito este bastante comum entre os líderes das TJ até os nossos dias, bastante "fiéis" às suas origens, diga-se. Parece isto simples "explicação", como quer o nosso companheiro H., ou clara JUSTIFICAÇÃO? Precisa Deus dos nossos erros? Este caso não constitui exceção no "currículo" da Watchtower ou tampouco expressa a simples opinião de um membro da sociedade, à parte do que os outros pensavam e dissonante da postura histórica desta entidade no que se refere aos seus falhanços doutrinais. O próximo exemplo ilustra outra situação em que ela GLORIFICA, como organização, seus erros ao invés de se desculpar por eles -- na verdade, subentende que eles foram SUPERIORES à verdade, em razão dos seus efeitos "protetores". Vamos a ele: 1.2 Exemplo 2: A falsa interpretação das "autoridades superiores"Até 1929, a Watchtower ensinava que as "autoridades superiores" mencionadas no capítulo 13 de Romanos correspondiam às autoridades governamentais seculares. A partir daquele ano, mudou seu "entendimento" do texto e passou a ensinar que o texto referia-se apenas a Deus e Jesus Cristo. Esta doutrina perdurou por mais de 30 anos, até que, em 1962, uma "nova luz" remeteu a sociedade DE VOLTA ao entendimento anteriormente abandonado -- o que, por si só, desfere um golpe mortal na tese da "luz progressiva". Este assunto é considerado em "A Sentinela" de 1/5/1996. Sobre a mudança doutrinária, o artigo, na pág. 14, diz:
Sobre isto, Ray Franz, com muita propriedade, diz:
Alguém da lista concordaria, como quer o nosso companheiro H., que, neste caso, o corpo governante APENAS EXPLICOU, SEM DEFENDER? 1.3 Exemplo 3: Um tempo de "provas e purificação"No Anuário de 1983, pág. 120, quase 70 anos depois do fracasso de 1914, a Watchtower insiste em minimizar seus erros ou, pelo menos, dar-lhes uma conotação piedosa. Após o relato sobre a inocultável frustração que envolveu a expectativa criada por Russell sobre o arrebatamento da igreja e o fim do mundo em 1914 -- com o tropeço na fé de muitos -- ela dirige a atenção do leitor para o fato de que aquele período era um tempo de "provas e purificação" -- por meio do ERRO, naturalmente -- e, a seguir, desvia-a para um comentário de um dos desapontados seguidores de Russell, o qual teria dito: "Em vez da esperada coroa da glória, recebemos um resistente par de botas para realizar a obra de pregação". O assunto é concluído por aí mesmo, sem qualquer assumimento direto da responsabilidade por falsas previsões e suas consequências ou por um cândido pedido de desculpas, como seria de se esperar de humildes cristãos tementes a Deus. Isto até que soaria comovente, caso não fosse hilariante! Parece isto mais com "explicação", como quer o nosso companheiro H., ou com "justificação"? 1.4 Exemplo 4: A falsa profecia de 1925No livro "Testemunhas de Jeová -- Proclamadores do Reino de Deus" (1993), pág. 78, faz-se uma tentativa de justificação da falsa profecia de 1925, advogada pelo sucessor de Russell, J. F. Rutherford, por afirmar o seguinte:
O que, na verdade, isto quer dizer é COM OU SEM FALSAS PREVISÕES. Aquele argumento não procede, visto que não é a existência de uma recompensa que está em jogo -- pois a Bíblia assegura a recompensa final aos servos leais de Deus -- mas são as FALSAS EXPECTATIVAS criadas por uma organização, em função de uma data específica. A Watchtower, aqui, mais uma vez, passa ao lado da questão central, a saber, seus fracassos doutrinários. Queira notar o leitor que, tanto neste como no caso anterior, ela deixa que terceiros -- membros dela, naturalmente -- falem por ela. Dos que tropeçaram em razão das falsas profecias dela -- nem uma palavra. Mesmo sabendo que muitos largaram seus empregos, venderam seus bens, abandonaram carreiras e até fazendeiros deixaram de colher suas safras, a Watchtower não lamenta aquele triste episódio. Mesmo sabendo que ele minou a fé de muitos, não só na organização, mas NA PRÓPRIA BÍBLIA. Mais uma vez ela não faz qualquer reconhecimento direto de que profetizou em vão. E, além disso, deixa de esclarecer ao leitor que, quando os apóstolos tinham expectativas quanto ao cumprimento de profecias em seus dias, eles estavam INDAGANDO a Cristo e NÃO ENSINANDO a milhões de "outras ovelhas", no papel de ÚNICO CANAL ENTRE DEUS E OS SERES HUMANOS. A propósito, quanto a isto, Jesus respondeu aos discípulos: "NÃO VOS CABE OBTER CONHECIMENTO DOS TEMPOS OU DAS ÉPOCAS QUE O PAI TEM COLOCADO SOB SUA PRÓPRIA JURISDIÇÃO." (Atos 1:7) Quão a sério tem o "escravo fiel e discreto" levado estas palavras nos últimos cem anos? Tem sido a estrita adesão a estas palavras de Cristo que tem motivado o conselho supremo da Torre de Vigia a especular sobre datas específicas para "o fim" ou terá sido o interesse em intensificar o ritmo de atividades de proselitismo dos adeptos, "alavancando" assim os chamados "AUGES" organizacionais tão propalados em sua literatura? Devemos louvar a Deus ou louvar números? Mais uma vez, pergunto: parece isto com simples "explicação", como quer o nosso companheiro H., ou clara "justificação"? 1.5 Exemplo 5: A falsa profecia de 1975: 'A culpa foi vossa'Em Toronto, Ontário, Canadá, na primavera de 1975, ao proferir discurso a uma vasta audiência, Fred Franz, então vice-presidente da Watchtower, declarou que ele e seus associados (o corpo governante) estavam 'olhando com ansiedade particular' para aquilo que o outono daquele ano traria. Contudo, um ano mais tarde, falando a uma audiência similar, ele falou em tom de retórica: "VOCÊS SABEM POR QUE NADA ACONTECEU EM 1975?" Daí, apontando para a platéia, ele falou em alto volume: "FOI POR QUE VOCÊS ESTAVAM ESPERANDO QUE ALGO ACONTECESSE!" Em outras palavras, desde que Jesus predisse que ninguém saberia "o dia ou a hora" de sua vinda para julgar a humanidade, as Testemunhas não deveriam ter acreditado que poderiam saber que ela ocorreria em 1975. Incrível como possa parecer, Franz pôs a culpa pelo fiasco inteiro na comunidade de Testemunhas e agiu virtualmente como se ele não tivesse qualquer responsabilidade na matéria. Fonte: "Apocalypse Delayed" (1985) -- M. J. Penton Embora o nosso companheiro H. prefira, nestes casos, desacreditar a fonte, ao invés de investigar os fatos ou de contestar embasadamente os relatos com contra-provas, eu publico este trecho neste fórum para que os demais tomem conhecimento dele e percebam que, a menos que Franz estivesse a mentir, o corpo governante, por meio de seu "oráculo" -- nada menos que o vice-presidente e autor de muitas obras da organização -- chegou ao ponto de remover a responsabilidade por fracassos doutrinários de seus próprios ombros e lançá-la sobre os lombos do seu próprio rebanho. E não disse isto em particular ao autor, mas em público, diante de uma vasta assistência. Será tudo mentira? Calúnia? Não houve tal fato? Em caso afirmativo, porque nenhum processo por calúnia, injúria ou difamação forçou uma retratação ou a retirada desta matéria de edição desde que foi lançada, há mais de uma década? Isto é mais do que "explicação", como quer o nosso colega H.. Tampouco é apenas "justificação". Trata-se, na verdade, de pura desonestidade! Tampouco é este um caso isolado. Vejamos como a Torre de Vigia justifica a mudança doutrinária sobre a geração de 1914, a qual ela sustentou por décadas e, quando se tornou insustentável, alterou, com consequências até sobre a contracapa das revistas "Despertai!" (a partir de 8/11/1995): 1.6 Exemplo 6: O uso da terceira pessoa
Queira o leitor notar aqui a tática habitual de falar NA TERCEIRA PESSOA, removendo a responsabilidade pelos erros doutrinários dos ombros do corpo governante e transferindo-a para as Testemunhas, como se elas tivessem chegado SOZINHAS àquelas conclusões, como se fossem elas a FONTE de alterações doutrinárias, como se não tivesse sido a própria sociedade que alimentou tais expectativas já a partir de 1969 ("Despertai!" de 22/4/69, "A Sentinela" de 15/2/69 e 15/9/75, bem como o "Ministério do Reino" de 7/74). Na verdade, as Testemunhas são as VÍTIMAS DE TAIS MUDANÇAS! 1.7 Exemplo 7: A "libertação de Babilônia" em 1919 e as "impurezas"No afã de dar coerência à sua história e de se "purificar" de suas impurezas, a Watchtower vai bem além de "justificar". Ela, às vezes, insulta a inteligência do leitor ou apóia-se em sua ignorância dos fatos, especialmente quando tais fatos já se dissiparam na corrente do tempo, envoltos na neblina do passado. Referindo-se às práticas e crenças advogadas pela organização no período de sua seleção por Jesus Cisto, ou seja, de 1914-1918, ela diz, em "A Sentinela" de 15/11/1980, o seguinte:
Em "A Sentinela" de 15/7/1960, páginas 435 e 436, ela acrescenta:
O episódio em questão refere-se à condenação e encarceramento de Rutherford e seus diretores, após julgamento sob a acusação de 'espionagem' por uma corte norte-americana, em 1919. Cumprir eventos portentosos e profecias de longo alcance da bíblia em um punhado de homens nos EUA em nosso século, sem provas para apoiar tais asserções, constitui um triste exemplo da presunção e arrogância típicas das seitas. Note o leitor que, mais uma vez, a Watchtower fala na TERCEIRA PESSOA, e não na primeira. Pois bem, que práticas e crenças eram estas a que a sociedade se referia? O livro "As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino", na pág. 91, lista algumas destas "impurezas": .
Diante de tudo isto, fazem-se algumas perguntas: que sentido houve em haver um encarceramento "purificador" de práticas e crenças errôneas, se, após a libertação, tais coisas PERSISTIRAM por até mais de uma década, sendo que se RETORNOU a algumas delas, como fruto de "novas luzes", as quais são bem conhecidas na atualidade? Não é o mesmo que um delinquente ser preso por diversos crimes e, após sua libertação, CONTINUAR A PRATICAR, por anos, todos eles ou até RETORNANDO a eles após um período de recuperação, SEM SER NOVAMENTE PUNIDO, ou até, ao contrário, considerando-se que o aprisionamento, de fato, resultou numa "purificação" que justificaria sua soltura? Não faz parecer que Deus e Cristo equivocaram-se ao permitir a libertação daquele grupo numa época em que continuavam a ter vínculos com as práticas de "Babilônia"? Acredita você nisto, H.? O Corpo Governante quer que você acredite... Muitos outros exemplos eu poderia mencionar. Posso acrescentar vários outros, com a necessária documentação, caso você ache que estes não são suficientes, H.. Todavia, creio que isto só agravaria mais a situação. Em breve, lançarei artigo, provando que, quando necessário, a Watchtower, em sua defesa, lança mão até de injúria, difamação e revisionismo histórico. É mister lembrar que alguns dos erros doutrinários sequer mereceram uma justificativa. A mudança foi feita sem se mencionar a posição anterior (como, por exemplo, a mudança doutrinária quanto aos transplantes nos anos 1962,1968 e 1980). Contudo, creio que estes já são suficientes para demonstrar meu ponto: defender a organização "no geral" DE MODO ALGUM SIGNIFICA EXPLICAR ERROS PASSADOS SEM JUSTIFICÁ-LOS (ou defendê-los). Se esta é a sua atitude, H., certamente NÃO É A ATITUDE "FREQUENTE" DO CORPO GOVERNANTE. Os exemplos acima demonstram isto. Assim sendo, em nome da lógica, mantenho meu entendimento anterior do assunto, no sentido de que a sua postura quanto ao primeiro ponto difere, sim, daquela manifesta pelo corpo governante. Se você quiser estar em fina sintonia com o "escravo fiel e discreto", terá de aprender a omitir, "justificar", "branquear" ou até louvar os erros passados, mentindo, se necessário.... 2. Publicações antigas e "verdades estabelecidas" que deixaram de o serQuanto ao acesso a publicações antigas e já obsoletas vejamos o que diz o "Ministério do Reino" de Dezembro deste ano na seção de 'anúncios', conforme e-mail recebido da Espanha:
Note o leitor que a própria sociedade admite que diversas publicações suas "não se reimprimem por DIVERSAS RAZÕES". Naturalmente, ela prefere, aqui, não entrar no mérito de QUE RAZÕES SÃO ESTAS. Seria, deveras, muito embaraçoso analisar tais razões pormenorizadamente. Se fosse solicitada a falar destas "diversas razões", não seria surpresa que a resposta fôsse: "O povo de Deus (3ª pessoa) teve de fazer "ajustes" quanto ao que esta literatura ensinava..." -- resposta bem típica da Watchtower. Antes que alguém diga que se trata de mera proteção de direitos autorais, releia o texto e note que NÃO é este o motivo alegado pela sociedade neste anúncio. Ela não deixa aqui espaço para a aquisição de publicações expiradas sob qualquer que seja o pretexto, não abrindo exceção mesmo que a publicação de tais obras não tenha fins lucrativos, coisa que a lei de direitos autorais não proíbe. Mais adiante, a própria organização mostra O MOTIVO: os seus adeptos "reconhecem que têm tudo o que necessitam", deixando implícito que AQUELES QUE ADQUIREM TAIS PUBLICAÇÕES VÃO ALÉM DAQUILO DE QUE PRECISAM. Diante disto, pergunta-se: O que há de tão inconveniente em tais publicações, de modo que a Torre de Vigia prefira mantê-las fora do alcance de seus membros? Por que ela desestimula seus adeptos a consultá-las, ao passo que os estimula a CONTENTAREM-SE com o que é provido como "verdade atual" pelo "escravo fiel e discreto"? Por que não abre espaço a que um cristão, ainda que sob o pretexto de pesquisa pessoal e melhor familiarização com os primórdios da organização, passe a examinar o conteúdo de obras expiradas há décadas atrás? Não lhe daria isto uma visão mais abrangente do desenvolvimento da "Organização de Deus"? Ou, ao contrário, PORIA EM RISCO sua fé? Há algo a se esconder? O que veremos a seguir mostra que há. "Quem se esquece do passado, condena-se a repetí-lo..." Passo agora a apresentar algumas "amostras" daquilo que a Watchtower quer que continue bem longe das mentes de suas vítimas e que outrora foi "verdade estabelecida" em publicações hoje "caducas". Vamos a algumas delas: 2.1 "Estudos das Escrituras"
"Studies in the Scriptures" ("Estudos das Escrituras") -- C. T. Russell -- Obra composta de 6 volumes ao todo, inicialmente com o nome "Millennial Dawn" ("Aurora do Milênio"), o maior legado do "Pastor" Russell a seus seguidores. Em 1886 foi escrito o primeiro de seus volumes -- "The Divine Plan of the Ages" ("O Plano Divino das Eras"). Em 1915 foi publicada pela organização uma obra de 438 páginas, quase homônima -- "The Divine Plan of Ages as Shown in the Great Pyramid" ("O Plano Divino das Eras Como Mostrado na GRANDE PIRÂMIDE") -- provavelmente de autoria de Morton Edgar -- uma edição de visual mais atraente do que o primeiro volume de Russell. Na capa, o título é subdividido em dois -- no alto, em "layout" praticamente idêntico ao livro de Russell, temos o título "The Divine Plan of the Ages", no centro, ao invés da gravura do "anel alado" egípcio, comum em diversas publicações da Watchtower -- inclusive na capa de TODOS os volumes de "Studies in the Scriptures" --, vemos a gravura da Pirâmide de Gizé e, abaixo, o complemento do título "As Shown in the Great Pyramid". Queira o leitor examinar as gravuras abaixo. Repare bem no aspecto das letras do título no alto em ambas as capas. Não parece se tratar de edições diferentes de UMA MESMA obra? Não é difícil deduzir que tal livro (o da direita) nada mais é do que uma confirmação dos cálculos de Russell baseados em piramidologia, os quais são apresentados no terceiro volume do "Studies in the Scriptures", entitulado "Thy Kingdom Come" ("Venha o Teu Reino"). A Watchtower jamais menciona as DUAS obras JUNTAS, apesar da estreita relação entre elas, até na aparência das letras. Por exemplo, no Anuário de 1976, páginas 40 e 41, ela cita o livro "The Divine Plan of the Ages" (o da esquerda) e, a exemplo de outras retrospectivas, omite completamente a existência daquela outra obra publicada (a da direita) na mesma linha de ensino pela organização. Até hoje me pergunto se o redator do Anuário de 1976 alguma vez ouviu falar do livro de 1915. Havia alguma razão para omití-lo? No capítulo 10 do Volume III de "Studies in the Scriptures" ("Estudos das Escrituras"), lemos:
Após fazer uma descrição geral da pirâmide, diz-se a seguir:
Mais adiante, o livro acrescenta as seguintes expressões sobre a pirâmide egípcia:
Alguém sabe quem primeiro recebeu o título "Testemunha de Jeová", desde a criação da Watchtower? O livro responde:
Russell chega a comparar a pirâmide à Bíblia:
Referindo-se a Jeová, o livro diz:
A partir daí todo um diagrama é traçado, relacionando as medidas, símbolos e passagens da grande pirâmide egípcia com o plano de Deus, a vinda de Cristo, a data de 1914 e assim por diante, fazendo um paralelo entre a Bíblia e os segredos ocultos nesta construção erigida por reis pagãos, adoradores de animais e escravizadores dos hebreus. A simples leitura deste capítulo nos dias atuais permite-nos formar um esboço das idéias místicas, esotéricas e cabalísticas do senhor Charles T. Russell, ao lançar os alicerces daquela que seria a entidade que um dia controlaria a vida de 6 milhões de seres humanos. Seria, de fato, muito embaraçoso expor tal conteúdo a uma TJ em nossos dias. Seria uma ameaça real e imediata à fé dela na Torre de Vigia. Naquela época, para aqueles que ousassem questionar tais ensinos -- pesadas críticas e o questionamento da fé da pessoa. Hoje em dia, Russell seria DESASSOCIADO por tais idéias "apóstatas"... E pensar que era a obras como esta que a Watchtower referia-se ao publicar os seguintes comentários:
Um simples exame nos trechos que trancrevi há pouco mostra quão presunçosas, vazias, antibíblicas e ridículas são tais conclusões! O que não pensaria hoje o "Pastor" Russell ao ver que NENHUM de seus livros -- os quais supostamente protegeriam os cristãos contra as "trevas" espirituais -- é hoje publicado pela Sociedade Torre de Vigia, tendo a sua última edição se esgotado há mais de 70 anos?! 2.2 "O Mistério Consumado"
"The Finished Mistery" ("O Mistério Consumado") -- publicado em 1917 pela Watchtower durante a presidência de J. F, Rutherford, em continuação a "Studies in the Scriptures" (sétimo volume), como obra póstuma de Russell, apesar de incluir outros dois autores. Foi à publicação deste livro que se atribuiu falsamente o "cisma" de 1917. De fato, se tivessem lido seu conteúdo, conforme veremos, talvez os membros da diretoria (expulsos por Rutherford) se opusessem à sua publicação, no todo ou em parte. Já na capa, encontramos O MESMO símbolo pagão egípcio dos volumes de "Studies in the Scriptures" analisados no ítem anterior, a saber, o "anel alado". Trata-se de uma obra de conteúdo grotesco, repleto de sandices, interpretações pitorescas -- quase psicodélicas -- e falsas previsões. Foi exatamente este livro que minou a fé de Peter Gregerson, ancião por anos e amigo pessoal de Ray Franz. O que teria ele encontrado de tão grave ao ponto de se desligar da Watchtower após esta leitura? Vamos a algumas "preciosidades" (queira o leitor ter em mente que este livro foi um marco na história da organização, em uma época em que, dizia-se, Cristo estava a examinar todas as religiões e a rejeitá-las em favor da Watchtower): OBS: sugiro ao leitor que acompanhe em sua Bíblia as citações, à medida em que surgirem.
2.2.2 Interpretações Pitorescas
Utilizando a versão de Rotherham, a qual diz '1200 estádios', ao invés de '1600 estádios', o livro revela sua "interpretação" do texto bíblico. Vejamos [página 230]:
2.2.3 Beemote = Máquina a Vapor O animal que Jó menciona no capítulo 40 de seu livro, de nome "beemote" (entendido atualmente como referindo-se ao hipopótamo) é representado em "The Finished Mistery" [páginas 84-86] -- parte por parte -- como referindo-se a uma MÁQUINA A VAPOR ESTACIONÁRIA, como se Jó estivesse a descrever seus diversos componentes, tais como caldeira (as "ancas" do animal), grades (os "ossos" do animal), pistões (os "tendões" do animal), combustível, no caso, carvão (a "palha" de que se alimenta o animal) etc. 2.2.4 Leviatã = Locomotiva a Vapor O "leviatã" descrito por Jó no capítulo 41 de seu livro (entendido atualmente como referindo-se ao crocodilo) é igualmente representado em "The Finished Mistery" [páginas 84-86], peça por peça, como correspondendo à descrição -- pasme o leitor -- de UMA LOCOMOTIVA A VAPOR, como se Jó estivesse a descrever componentes, tais como cabine (a "cabana" de um pescador), cilindros (as "narinas" do animal), engate (a "língua" do animal), caldeira (as "placas" do animal), parafusos ("espinhos" na pele do animal), farol (os "olhos" do animal), porta da caldeira (a "boca" do animal), rebites (os "dentes" do animal) e até a referir-se ao seu uso, como transportar pessoas a um piquenique ou convenção.... 2.2.5 Miguel e Anjos = Papa e Bispos De acordo com "The Finished Mistery" [páginas 188 e 189], "Miguel e seus anjos", descritos em Revelação 12:7, correspondem AO PAPA EM ROMA E SEUS BISPOS... (hoje a Watchtower diz que são Jesus Cristo e seus anjos) 2.2.6 O Profeta Naum e o Comboio De acordo com "The Finished Mistery" (página 93), o profeta Naum, em seu livro, cap. 2, versículos 3 a 6, descreve UM TREM EM MOVIMENTO (e não um automóvel, como alguns pensavam), com seus componentes detalhados -- o farol (o "escudo"), o pessoal da caldeira (os "homens de valor"), vagões (as "carruagens"), estação (a "barricada") e até os carregadores de bagagem, ônibus do hotel, passageiros e amigos aguardando a chegada da locomotiva no terminal.... O exame de tais passagens, por si só, deixa-me perplexo com aquilo que um dia, foi servido à mesa de Jeová, como ÚNICO "ALIMENTO ESPIRITUAL NO TEMPO APROPRIADO" disponível para seu povo àquele período. Tais alegorias, fruto de uma mente (ou mentes) fantasiosa, oscilam -- em minha opinião -- entre o ridículo e o patético, levando-me a questionar até a sanidade mental dos autores de tais disparates. Alimentar-se-ia você àquela época desta mesa, H.? Infelizmente, creio que sim.... Uma pergunta: o que aconteceria a um membro da Watchtower que questionasse ou simplesmente insinuasse que tais ensinos poderiam estar errados? Resposta: a perda de "privilégios" ou até a "exclusão" da organização e, consequentemente, a destruição no Armagedon, então, "às portas"! Como descreve na atualidade a Torre de Vigia tal obra? Reconhece ela tais absurdos ou tenta "justificá-los"? Em 1988, a publicação "Revelação -- Seu Grande Clímax Está Próximo!", na página 165, descreve "The Finished Mistery" -- pasme o leitor -- como "UM PODEROSO COMENTÁRIO SOBRE APOCALIPSE E EZEQUIEL"! (de fato, "poderoso" o suficiente para destruir a fé de Peter Gregerson) Tal versão dos fatos, parece-me, só poderia se basear em duas coisas: ou a ignorância do autor desta publicação de 1988 sobre o conteúdo do livro "The Finished Mistery" ou a CERTEZA DE QUE TAL LIVRO NÃO ESTARIA DISPONÍVEL ÀS TESTEMUNHAS ATUAIS para um exame minuncioso sobre quão "poderoso" era tal "comentário". A segunda hipótese me parece mais provável. Mesmo que uma TJ hoje em dia consiga o acesso a tal livro, publicado há mais de 80 anos, o que certamente não é fácil, conseguirá ela expor tais coisas aos outros 6 milhões delas espalhadas pelo mundo? Não, pois seria desassociada antes de tentar qualquer coisa entre os seus próprios. O que aconteceria se tal conteúdo "nonsense" fosse mostrado às pessoas com quem se dirigem estudos bíblicos domiciliares na atualidade? Mostraria você tais coisas aos seus estudantes, H.? Se assim o fizesse, poria em risco o "progresso" deles e certamente cairia na desaprovação da Torre de Vigia. Não acha você que TODA Testemunha de Jeová no mundo TINHA O DIREITO de conhecer tais fatos ANTES DE SE BATIZAR? Acha você que isto NÃO INFLUIRIA na decisão delas ? No meu caso, certamente influiria e, creio, no caso de cada um aqui. Se influiria, então era meu direito saber. Todavia, após mais de 14 anos como membro da organização, só agora vim a conhecer tais coisas, pois nem meu instrutor sabia delas. E certamente nem o instrutor dele... Isto me faz lembrar as palavras da própria Watchtower, no livro "É esta vida tudo o que há?", pág. 46, onde ela pergunta: DESEJARIA ASSOCIAR-SE A UMA RELIGIÃO QUE NÃO O TRATOU COM HONESTIDADE? Minha resposta: NÃO. Foi exatamente porisso que deixei a Torre de Vigia... 2.3 Outras "verdades" que caducaramDiversas outras obras poderiam ser mencionadas, tais como:
Creio que estes exemplos já bastam. Não é à toa que muitos entre os que deixam a Torre de Vigia, perdem toda sua fé em Deus. Dizer que Deus dirigia tais assuntos só pode resultar em uma coisa -- vitupério ao Seu Nome! Há mais de um século que a Watchtower lança desonra sobre Deus e Jesus Cristo! 2.4 O acesso às publicações antigasQuanto ao material contido na biblioteca de Betel estar à disposição de QUALQUER TJ para consulta, nada posso provar, embora eu, pessoalmente, duvide que seja assim, especialmente em face do anúncio no "Ministério do Reino", o qual mencionei anteriormente. Que tal enviar uma correspondência a Cesário Lange, solicitando uma fotocópia dos livros "O Plano Divino das Eras", o "Mistério Consumado" ou "Milhões que Agora Vivem Nunca Morrerão" para estudo pessoal e pesquisa ou com o inocente fim de formar uma biblioteca pessoal da literatura da Torre de Vigia? Que resposta você acha que receberia, H.? Gostaria de tentar? Convido-o a fazê-lo e nos informar da resposta. Todavia, acho que seria de seu interesse saber que, ATÉ PARA OS MEMBROS DO CORPO GOVERNANTE, houve restrições. Ray Franz, na pág. 332 de seu livro "Crise de Consciência", relata um incidente ocorrido em uma das reuniões fechadas do CG, quando foi interrogado sobre a leitura que supostamente tinha feito de comentários bíblicos. Ray respondeu:
O fato é que, por um lado, desestimulando seus adeptos a pesquisar literaturas expiradas e, por outro, não reimprimindo um trecho sequer de tais obras, a Watchtower está, de fato, a obstruir o acesso das Testemunhas de Jeová da atualidade a tais publicações. Isto chama-se CONTROLE DE INFORMAÇÃO. É uma prática comum aos sistemas totalitários... 2.5 'Os cristãos primitivos também cometiam erros'No que se refere à sua tentativa de justificar os erros doutrinários da Watchtower, comparando-os a erros de textos extra-bíblicos do primeiro século, fico a me perguntar se a congregação cristã primitiva respondia ou não pelas consequências daquilo que você chama de "conceitos esdrúxulos" extra-bíblicos. Pergunto-me se ela procurava ocultar de seus membros tais erros, "branqueá-los" ou se procurava até "louvar" tais erros -- como faz a Watchtower -- fazendo-os parecer úteis à causa de Jesus Cristo ou como "proteção" ao povo de Deus. Principalmente quando, de tais "conceitos esdrúxulos" resultam perdas de vidas humanas, como a proibição às vacinas, aos transplantes ou ao recebimento de "frações" do sangue, sem que a sociedade assuma culpa de sangue por estes erros. Isto sem falar nos prejuízos pessoais daqueles que se desfizeram de seus bens, abdicaram de carreiras ou de constituir família em razão das falsas expectativas criadas pela literatura da sociedade. Ou daqueles que desperdiçaram os melhores anos de sua juventude atrás das grades por rejeitarem o serviço militar alternativo, hoje liberado. Ou dos que viram seus entes amados lhe virarem o rosto, renegando-os como apóstatas e odiadores de Deus, sob o beneplácito e incentivo dos "conceitos esdrúxulos" publicados em "A Sentinela" e "Despertai!". Acha mesmo válida tal analogia entre os primitivos cristãos e a Torre de Vigia, H.? Por que absolver a Watchtower por seus "conceitos esdrúxulos" altamente danosos e, ao mesmo tempo, condenar outras denominações religiosas pelos seus próprios "conceitos esdrúxulos" (em alguns casos, menos prejudiciais do que os de Brooklyn), os quais elas poderão rever e modificar no futuro, assim como você alega que a Torre de Vigia tem feito? Acaso Deus é parcial? Se você absolve a Torre de Vigia e condena as outras religiões (o que suas palavras parecem indicar), certamente está sendo parcial. Se, por outro lado, não desaprova outras religiões, está sendo ecumênico, coisa que o "escravo fiel e discreto" condena. De que lado ficará você? Do lado de Deus? Pode-se estar ao lado de Deus, ao passo que se discorda, em parte, dos ensinos do "único canal" entre Ele e a humanidade? 3. Apenas a "organização" sobreviverá à 'grande tribulação'Alegra-me que você considere que o julgamento divino se dá em base individual e não necessariamente POR SE ESTAR LIGADO a uma denominação religiosa ou "redil jurídico", como você chama. Também vejo desta forma. Todavia, O "ESCRAVO FIEL E DISCRETO" NÃO PENSA ASSIM. Você suscita a questão sobre a identidade daquilo que se denomina a "arca" figurativa para os nossos dias, como se ela pudesse ser outra coisa que não a organização ou "redil jurídico" Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Vejamos o que diz o livro "Poderá Viver para Sempre no Paraíso na Terra", pág. 195:
Há alguma dúvida sobre o "redil jurídico" a que se refere este texto -- mencionado por nome e endereço -- ao qual toda pessoa necessariamente tem que estar ligada para obter a aprovação de Deus? E se a pessoa INDIVIDUALMENTE quer servir a Deus, sem a intermediação da Watchtower? Pode ela encontrar a aprovação divina? Ser-lhe-á isto contado como mérito? Deixemos que o "escravo fiel e discreto" responda:
O livro "Qualificados para ser ministros" -- 1967, pág. 156, chega ao cúmulo de dizer:
Adicionalmente, o livro "Poderá viver...", na pág. 255, diz:
A "organização visível de Deus" a que o livro se refere aqui não é outra senão a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Assim, não posso deixar de notar, novamente, uma discrepância entre o seu pensamento, H., e o pensamento do corpo governante, ao qual deveria estar completamente submisso. Concorda que tem de estar submisso? Em "A Sentinela" de 1/10/1967, páginas 587-592, lemos:
Pode-se ser parcialmente submisso e ainda assim, obter a aprovação divina? Não é isto o que o corpo governante ensina. 4. Ideias e atitudes "independentes"No tópico "independência", infelizmente, seu conceito, H., novamente difere do conceito do corpo governante. Não pretendo polemizar. Vou apenas provar documentalmente o que agora afirmo. Comecemos pelo que diz "A Sentinela" de 15/7/1983, sob o tópico "Evite Idéias Independentes":
Mas talvez você afirme: "Eu não questiono tais conselhos!" Uma maneira de questionar é por não cumprir à risca um de tais conselhos, não acha? Vamos a um exemplo? "A Sentinela" de 15/12/1981", sob o tópico "Deve-se falar com o desassociado ou o dissociado?", diz:
O conselho da Watchtower aqui parece claro, não? Felizmente você adotou uma atitude "independente" neste respeito, H.. Principalmente pelo fato de a sociedade, em artigos mais recentes, ter aconselhado seus membros a "odiar no sentido bíblico" os classificados por ela como apóstatas -- "A Sentinela" de 1/10/1993. É elogiável que você também não tenha seguido mais este conselho. Sinceramente espero que você continue assim -- independente! 5. Bibliografia
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