As Vacinas — 'Um Crime Contra a Humanidade'Jan S. Haugland
Uma das maiores irritações de estimação de C. J. Woodworth revelava-se na sua tirada contínua contra as vacinas. Ao longo dos séculos grandes pestes e doenças causaram centenas de milhões de vítimas, nalguns casos até devastaram civilizações. Agora, a humanidade estava à beira de uma nova era, em que pestes tão antigas como a humanidade estavam prestes a ser extintas. O meio de fazer isto eram programas de vacinação obrigatórios. Especialmente a varíola, uma das doenças mais mortíferas na história, estava destinada a ser exterminada, e graças ao programa de vacinação isto foi conseguido. Woodworth não considerava que este programa fosse um benefício para a humanidade:
Sim, uma vacina era "um crime" e era por vezes comparada a uma violação (como as Testemunhas de Jeová actualmente dizem acerca das transfusões de sangue). Mais ainda, como quase tudo o resto, isto foi usado como um "sinal dos últimos dias":
Na visão do mundo das Testemunhas de Jeová, naquele tempo e hoje, as três maiores forças no mundo são a religião falsa, governos que são controlados por Satanás, e o opressivo Alto Comércio. Era o último o responsável pela campanha de desinformação de que as vacinas beneficiavam:
Estas teorias conspirativas fazem-nos lembrar artigos mais recentes na mesma revista, agora intitulada Awake! [Despertai!], que publicou uma série de artigos sob este tema de capa:
O objectivo desta série de artigos era dar a impressão de que o sangue era "vermelho dourado" (compare com a expressão "colheita dourada" usada acima) e que a Cruz Vermelha Internacional é culpada de fraude em massa ao usar métodos não éticos para vender sangue com o objectivo do lucro (Awake! [Despertai!], 22 de Outubro de 1990). Felizmente, os fanáticos religiosos que se opunham aos programas de vacinação falharam. Se não tivessem falhado, seriam culpados de milhões de mortes até hoje. O argumento principal de Woodworth contra as vacinas parece ter sido que estas eram "porcaria animal" que iria "poluir" a humanidade. Segundo a The Golden Age [A Idade de Ouro] as vacinas não apenas causavam toda a espécie de doenças pavorosas, incluindo a Gripe Espanhola, mas até retardavam o [desenvolvimento] do intelecto do homem e causavam a falência moral:
Veremos exactamente o mesmo argumento a ser aplicado mais tarde aos transplantes e às transfusões de sangue! Curiosamente, a Watch Tower Society deu na mesma revista alguns argumentos "Bíblicos" para recusar as vacinas:
Esta foi a primeira vez na história do movimento que a proibição do sangue foi aplicada aos Cristãos. Como vimos, anteriormente só era aplicada aos Judeus. Considerando a evidência que acabámos de ver, podemo-nos interrogar porque é que alguém iria confiar no julgamento e exegese de Woodworth e dos seus companheiros! As transfusões de sangue ainda não eram um problema nesta altura. Contudo, na Consolation (Consolação, o nome posterior da The Golden Age [A Idade de Ouro]) de 25 de Dezembro de 1940, p. 19, encontramos um item noticioso acerca de um médico com espírito de auto-sacrifício que deu o seu próprio sangue e assim salvou a vida de uma mulher. Apenas no fim da década de 1940 é que a Watch Tower Society condena explicitamente as transfusões de sangue como "contrárias às Escrituras," empregando exactamente os mesmos argumentos que tinham usado anteriormente para proibir as vacinas. Ao mesmo tempo, a Watch Tower Society já não podia defender a ideia de que as vacinas não serviam para nada. Na The Watchtower [A Sentinela], de 15 de Dezembro de 1952, p. 764, a mudança dramática é escondida na secção Perguntas dos Leitores:
O motivo do rápido volte face é imediatamente óbvio na resposta:
Era perfeitamente óbvio para a Watch Tower Society que uma proibição sobre as vacinas podia facilmente custar muitas vidas, e não há dúvida que custou mesmo vidas. Contudo, a ameaça de custos financeiros para a Watch Tower Society foi o factor que trouxe rapidamente "nova luz" sobre a questão! Todos os argumentos "Bíblicos" anteriores contra as vacinas foram subitamente considerados irrelevantes (ou, se preferir, a "Sociedade não tem recursos financeiros" para os continuar a defender). Woodworth deve ter dado voltas no seu caixão (ele tinha falecido exactamente um ano antes):
Pois não. E nem sequer uma palavra de desculpa foi alguma vez dirigida àqueles que arriscaram e -- em alguns casos -- desperdiçaram as suas vidas acreditando em contos de fadas de homens que diziam falar em nome de Deus. Mas a Watch Tower Society nem sequer se retratou completamente dos seus "argumentos médicos" usados anteriormente. Limitou-se a dizer:
Que palavra de conforto foi dada àqueles que tinham acreditado no disparate?
Contudo, ao deixar uma especulação mortal para trás, a Watch Tower Society tinha criado outra. Informação adicional:
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