Watchtower Tenta Esconder Colaboracionismo de Erich Frost

Texto: J.B.


A Watch Tower Society decidiu esconder muitas coisas relacionadas com a era Nazi -- a carta pacificadora que eles enviaram a Hitler, os cânticos escritos para a melodia do "Deutschland über Alles" [hino nacional alemão] e o tratado anti-semita intitulado "Declaration of Facts". O caso que mencionamos a seguir é um pouco diferente, pois aqui eles estão a encobrir um empregado da Watchtower, individualmente, em vez de encobrirem a empresa como um todo. O nome do homem é Erich Frost, o representante máximo da Watchtower na Alemanha durante os anos da Segunda Guerra Mundial.

Em primeiro lugar, a versão que a Watchtower tem neste momento acerca da sua história:

Watchtower [A Sentinela], 15 de Março de 1988, p. 21:

"Avante, Testemunhas!"

"Erich Frost terminou a sua carreira terrestre em 30 de Outubro de 1987, com a idade de 86 anos. Nascido a 22 de Dezembro de 1900, ele foi baptizado em 4 de Março de 1923 e entrou no serviço de tempo integral em 1928. Em 1936 ele assumiu a direcção do trabalho secreto das Testemunhas de Jeová perseguidas na Alemanha, cuidando bem dessa designação durante oito meses até ser encarcerado num campo de concentração. Depois da guerra, de 1945 a 1955, ele serviu como superintendente da filial da Watch Tower Society na Alemanha. (Veja The Watchtower, 15 de Abril de 1961, páginas 244-9.) Depois disso, ele continuou a servir fielmente a Jeová. Deus não se esquece do trabalho de tais Cristãos ungidos nem do amor que eles mostram pelo seu nome. -- Hebreus 6:10."

"Firmes, pujantes, os servos do Senhor,
As novas do Reino, defendem com ardor,
Pois sabem que Deus os resguarda;
Seu poder contra Satanás não tarda."

"Estas são as linhas iniciais do cântico número 29 no livro de cânticos das Testemunhas de Jeová, Cantemos Louvores a Jeová. A sua apreciação por este cântico talvez seja aprofundada ao saber que a melodia foi composta num campo de concentração na Alemanha Nazi. Recentemente, cerca de 500 trabalhadores da família de Betel na Alemanha, em Selters, ouviram uma gravação de uma conversa com o compositor do cântico, Erich Frost."

Suspeitas de revisionismo são levantadas pela declaração do próprio Frost que apresentamos em seguida. Compare o que ele diz aqui com o conteúdo do documentado bajulador (e anti-semita) da Declaração de Factos, e com o testemunho de outra TJ sénior, Franke, a respeito da decoração e da escolha de música nesta assembleia:

Watchtower, 15 de Abril de 1961, p. 244

"Libertação da Inquisição Totalitária Pela Fé em Deus" Conforme narrado por Erich Frost

"Em Junho, sete mil Testemunhas reuniram-se em Berlim e aprovaram uma resolução protestando fortemente contra a acção prepotente do governo de Hitler. Foram distribuídas milhões de cópias. Três dias depois a propriedade em Magdeburg foi confiscada e a equipa de 180 pessoas foi obrigada a abandonar o local. Os nossos inimigos religiosos rejubilaram quando Hitler declarou: "Eu dissolvo os 'Sérios Estudantes da Bíblia' na Alemanha; a propriedade deles eu dedico ao bem estar do povo; toda a literatura deles será confiscada."

Este relato faz Frost emergir da guerra como um herói sofredor, embora a Watchtower Society tenha escolhido um local estranho para a realização da assembleia:

"Congressos -- Uma Prova de Nossa Fraternidade"

"No ano seguinte, 1946, os irmãos na Alemanha programaram um congresso em Nurembergue. Foi-lhes concedido o uso do Zeppelinwiese, outrora o lugar para os desfiles de Hitler. No segundo dia do congresso, Erich Frost, que havia pessoalmente experimentado a brutalidade da Gestapo e passara muitos anos num campo de concentração nazista, proferiu o discurso público "Cristãos no Crisol". Às 6.000 Testemunhas presentes na ocasião juntaram-se 3.000 do público de Nurembergue." [Testemunhas de Jeová -- Proclamadores do Reino de Deus, p. 268.]

Investigações revelaram que a relação entre Frost e esses "Cristãos no Crisol" vai um pouco além de simples elogios fúnebres depois da morte deles. Uma história diferente veio pela primeira vez à luz no semanário noticioso alemão Der Spiegel (19 de Julho de 1961, pp. 38, 39) que revelou isto:

Dos oito servos de distrito (o nível mais alto na hierarquia das TJ fora da filial do país), um -- August Fehst -- foi preso pela Gestapo e traiu Erich Frost.

Como é que Erich Frost reagiu?


Erich Frost

Furioso por ter sido traído por Fehst, ele denunciou à Gestapo os restantes sete servos de distrito:

Artur Nawroth
Otto Dauth
Fred Meier
Walter Friese
Heinrich Ditschi
Albert Wandres
Karl Siebeneichler (este faleceu no campo de concentração de Sachsenhausen)

Os detalhes completos deste assunto podem ser encontrados no livro Die Falschspieler Gottes; cuja fonte principal é:

"Haftbuch Nr. 292, Gestapo Berlin, Dienststelle II B 2"

Este documento da Gestapo revela que Frost não foi torturado; a fúria dele contra Fehst foi suficiente para ele dizer à Gestapo tudo o que eles queriam saber. Depois disto, ele passou um curto período de tempo em Sacshenhausen e depois foi transferido para a ilha britânica Alderney no Canal, ocupada pelos alemães, onde ficou até ao fim da guerra, momento em que voltou a ocupar os seus cargos como chefe da filial da Watchtower (com um novo conjunto de servos de distrito, naturalmente).

O revisionismo contínuo que a Watchtower Society faz ao seu passado é apresentado novamente neste excerto de uma breve biografia publicada na Watchtower de 1.º de Maio de 1989, p. 10:

"Jeová Sustentou-me Como um Amigo"

"Conforme narrado por Maria Hombach

"Em Dresden, a Gestapo confrontou-me com um terceiro traidor proveniente das nossas fileiras. Apercebi-me de que algo estava errado, por isso mantive-me calada, e nem sequer o cumprimentei. Depois fui levada à presença de um homem alto e corpulento, de uniforme: o traidor Mueller, que eu tinha encontrado em frente à igreja. Saí da sala sem dizer uma palavra. A Gestapo não conseguiu que eu lhes dissesse nada.

"Todos estes traidores tiveram um fim triste. Como diziam os Nazis, eles gostavam da traição mas não dos traidores. Todos os três foram mandados para a frente leste e nunca voltaram. Como foi diferente o caso daqueles que nunca abandonaram a amizade com Deus e com o seu povo! Muitos dos leais, entre eles Erich Frost e Konrad Franke, que sofreram muito pela causa do Senhor e tornaram-se mais tarde superintendentes da filial na Alemanha, regressaram vivos da fornalha ardente da perseguição."


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