The Gentile Times Reconsidered (Os Tempos dos Gentios Reconsiderados) (Atlanta: Commentary Press, 1998, terceira edição) de Carl Olof Jonsson, pp. 1-22.

OS TEMPOS DOS GENTIOS RECONSIDERADOS

Introdução

Carl Olof Jonsson


O processo de desilusão, por vezes dramático, que resultou na decisão de publicar este tratado poderia encher um livro inteiro. Contudo, devido a considerações de espaço, essa informação adicional só pode ser aqui mencionada de forma breve.

As Testemunhas de Jeová são ensinadas a pôr grande confiança na Watch Tower Society e na sua liderança. Contudo, perto do fim dos meus vinte e seis anos como Testemunha de Jeová ativa, tinham-se acumulado sinais indicando que essa confiança estava enganada. Até ao último momento eu tinha esperanças que os líderes da organização encarariam de forma honesta os fatos a respeito da sua cronologia, mesmo se esses fatos provassem ser fatais para algumas das doutrinas centrais e pretensões singulares da organização deles. Mas quando por fim me apercebi que os líderes da Sociedade -- aparentemente por razões de política organizacional ou "eclesiástica" -- estavam determinados a perpetuar o que, em última análise, é enganar milhões de pessoas, fazendo isto por supressão de informação que consideraram e continuam a considerar como indesejável, parecia não haver para mim outra saída a não ser publicar o que tinha descoberto, dando assim a todos os indivíduos que se preocupam com a verdade a oportunidade de examinar a evidência e tirar as suas próprias conclusões.

Cada um de nós é responsável por aquilo que sabe. Se uma pessoa tem em seu poder informação que outros precisam para poderem ter um entendimento correto da sua situação na vida -- informação que além disso lhes é ocultada pelos seus líderes religiosos -- então seria moralmente incorreto continuar em silêncio. Torna-se dever dele ou dela tornar essa informação disponível a todos os que querem saber a verdade, independentemente da forma como os outros o encarem por causa disto. É por essa razão que este livro foi publicado.

O papel da cronologia nos ensinos da Watch Tower Society

São poucas as pessoas que conhecem bem o papel central desempenhado pela cronologia nas alegações e ensinos da Watch Tower Society. Mesmo muitas Testemunhas de Jeová não se apercebem completamente da ligação indissolúvel entre a cronologia da Sociedade e a mensagem que eles pregam de casa em casa. Ao serem confrontadas com as muitas evidências contra a sua cronologia, algumas Testemunhas de Jeová tendem a desvalorizá-la como sendo algo que podem dispensar. "Afinal de contas, a cronologia não é assim tão importante", dizem elas. Muitas Testemunhas prefeririam não discutir o assunto de maneira nenhuma. Então, qual é a verdadeira importância da cronologia para a organização Watch Tower?

Um exame da evidência demonstra que a cronologia constitui a própria fundamentação [ou base] para as pretensões e mensagem deste movimento.

A Watch Tower Society alega ser o "único canal" e "porta-voz" de Deus na terra. Resumindo os seus ensinos mais característicos: eles afirmam que o reino de Deus foi estabelecido no céu em 1914, que os "últimos dias" começaram nesse ano, que Cristo voltou de forma invisível nesse tempo para "inspecionar" as denominações cristãs, e que ele por fim rejeitou-as a todas exceto a Watch Tower Society e seus associados, a quem designou em 1919 como o seu único "instrumento" na terra.

Durante cerca de setenta anos, a Sociedade empregou as palavras de Jesus em Mateus 24:34 a respeito de "esta geração" para ensinar claramente e de forma inflexível que a geração de 1914 não passaria de maneira nenhuma sem vir primeiro o fim definitivo na "batalha do Armagedom", quando todos os humanos vivos, com excepção dos membros ativos da organização Watch Tower, seriam destruídos para sempre. Milhares de Testemunhas de Jeová da "geração de 1914" esperavam convictamente viver o suficiente para ver e sobreviver a esse dia de destruição e depois viver para sempre no paraíso na terra.


1914 -- a geração que não passaria

À medida que as décadas foram passando, deixando 1914 cada vez mais para trás, esta idéia tornou-se cada vez mais difícil de defender. Depois de terem passado 80 anos, a idéia tornou-se praticamente absurda [ou ridícula]. Assim, na edição de 1.º de Novembro de 1995 da revista Watchtower [Sentinela], (páginas 10-21), foi adotada uma nova definição da expressão "esta geração", que permitiu à organização "desligá-la" da data 1914 enquanto ponto de partida. Apesar desta mudança monumental, eles ainda retiveram a data 1914 -- de fato, eles não podiam proceder de outro modo sem desmantelar os seus ensinos principais a respeito da "segunda presença" de Cristo, do início do "tempo do fim", e da designação da sua organização como o único instrumento de Cristo e o único canal de Deus na terra. Embora agora reconheçam que "esta geração" é definida pelas suas características em vez de o ser por um período cronológico (com um ponto de partida específico), eles ainda arranjaram um modo de incluir 1914 na sua nova definição. Conseguiram fazer isto incluindo na definição um fator arbitrariamente adicionado, nomeadamente, que a "geração" é composta por "aquelas pessoas que vêem o sinal da presença de Cristo mas deixam de emendar os seus caminhos", resultando na sua destruição. Como o ensino oficial continua a ser que o "sinal da presença de Cristo" tornou-se visível desde e a partir de 1914, isto permite que essa data continue como uma parte chave da definição de "esta geração".

Assim, todos estes fatores provam o papel altamente crucial que 1914 desempenha nos ensinos da Watch Tower Society. Se a própria data, como é óbvio, não aparece nas Escrituras, então qual é a sua origem?

Essa data é o produto de um cálculo cronológico, segundo o qual os assim chamados "tempos dos Gentios" mencionados por Jesus em Lucas 21:24 constituem um período de 2.520 anos, com início em 607 A.E.C. e fim em 1914 E.C.1 Este cálculo é a base real da principal mensagem do movimento. Eles dizem que até mesmo o evangelho cristão, as "boas novas" do reino (Mateus 24:14) está fortemente associado a esta cronologia. Portanto, o evangelho pregado por outros cristãos professos nunca foi o verdadeiro evangelho. A revista The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Maio de 1981, na página 17 disse [tradução a partir da edição inglesa]:

Que a pessoa de coração honesto compare o tipo de pregação do evangelho do Reino feito pelos sistemas religiosos da cristandade durante todos os séculos com aquele feito pelas Testemunhas de Jeová desde o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Não são do mesmo tipo. O das Testemunhas de Jeová é realmente "evangelho", ou "boas novas", quanto ao reino celestial de Deus que foi estabelecido através da entronização do seu Filho Jesus Cristo no fim dos Tempos dos Gentios em 1914. [itálico acrescentado.]

Em consonância com isto, a revista The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Maio de 1982, disse que "de todas as religiões na terra, as Testemunhas de Jeová são os únicos que hoje estão a dizer às pessoas da terra estas 'boas novas'." (Página 10) Uma Testemunha de Jeová que tente minimizar o papel da cronologia nos ensinos da Sociedade está, talvez sem se aperceber disso, a minar radicalmente a principal mensagem do movimento. Tal tentativa de "minimizar" a cronologia não é aprovada pela liderança da Watch Tower. Pelo contrário, The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Janeiro de 1983, página 12, enfatizou que "o fim dos tempos dos gentios na segunda metade de 1914 ainda continua numa base histórica como sendo uma das verdades fundamentais do Reino à qual temos de aderir hoje."2

Na realidade, a Watch Tower Society encara a rejeição da cronologia que aponta para 1914 como sendo um pecado com conseqüências fatais. Eles dizem que o estabelecimento do reino de Deus no fim dos "tempos dos Gentios" é "o acontecimento mais importante do nosso tempo", perante o qual "todas as outras coisas se tornam insignificantes."3 Dizem que aqueles que rejeitam o cálculo [que leva a 1914] incorrem na ira de Deus. Entre estes, está "o clero da Cristandade" e os seus membros que, por não subscreverem essa data, são acusados pela Watch Tower de terem rejeitado o reino de Deus e por isso serão "destruídos na 'grande tribulação' que é iminente."4 Membros das Testemunhas de Jeová que questionem abertamente ou rejeitem o cálculo [que leva a 1914], correm o risco de serem tratados de forma muito severa. Se não se arrependerem e não mudarem de idéias, serão desassociados [excomungados] e classificados de "apóstatas" iníquos, que "irão, quando morrerem, ... para a Geena," sem qualquer esperança de uma ressurreição futura.5 A situação não se altera em nada se a pessoa continuar a acreditar em Deus, na Bíblia e em Jesus Cristo. Quando um dos leitores da The Watchtower [A Sentinela] escreveu e perguntou "Porque têm as Testemunhas de Jeová desassociado (excomungado) por apostasia algumas pessoas que ainda professam crer em Deus, na Bíblia e em Jesus Cristo?" a Sociedade respondeu, entre outras coisas:

A associação aprovada com as Testemunhas de Jeová requer aceitar por inteiro o conjunto de ensinos verdadeiros da Bíblia, incluindo aquelas crenças bíblicas que são únicas às Testemunhas de Jeová. O que incluem estas crenças? ... Que 1914 marcou o fim dos tempos dos Gentios e o estabelecimento do Reino de Deus nos céus, bem como o tempo para a predita presença de Cristo. [Itálico acrescentado. Tradução feita a partir da versão inglesa.]6

Portanto, ninguém que repudie o cálculo segundo o qual os "tempos dos Gentios" terminaram em 1914 é aprovado pela Sociedade como uma das Testemunhas de Jeová. De fato, mesmo uma pessoa que secretamente abandone a cronologia da Sociedade e possa ainda ser formalmente considerada como uma das Testemunhas de Jeová, na realidade, já rejeitou a mensagem essencial da Watch Tower Society e, segundo a critério da própria organização, de fato já não é mais parte do movimento.

Como começou esta investigação

Não é fácil para uma Testemunha de Jeová questionar a validade deste cálculo profético básico. Para muitos crentes, especialmente num sistema religioso fechado como a organização Watch Tower, este sistema doutrinal funciona como uma espécie de "fortaleza" dentro da qual eles podem procurar abrigo, sob a forma de segurança espiritual e emocional. Se alguma parte dessa estrutura doutrinal é questionada, esse tipo de crentes tendem a reagir emocionalmente; tomam uma atitude defensiva, sentindo que a sua "fortaleza" está sob ataque e que a sua segurança está ameaçada. Este mecanismo de defesa torna muito difícil para eles escutarem e examinarem os argumentos sobre o assunto de forma objetiva. Inconscientemente, a sua necessidade de segurança emocional tornou-se mais importante para eles do que o respeito pela verdade.

É extremamente difícil ultrapassar esta atitude defensiva tão comum entre as Testemunhas de Jeová, e encontrar mentes abertas e dispostas a escutar -- especialmente quando uma doutrina tão fundamental como a cronologia dos "tempos dos Gentios" está sendo questionada. Tal questionamento abala as próprias fundações do sistema doutrinal das Testemunhas e isso muitas vezes faz com que elas se tornem defensivas de uma forma beligerante, qualquer que seja o nível que ocupam dentro da organização. Eu experimentei repetidamente tais reações desde 1977, quando apresentei pela primeira vez o material contido neste volume ao Corpo Governante das Testemunhas de Jeová.

Foi em 1968 que o presente estudo começou. Nesse tempo eu era um "pioneiro" ou evangelista a tempo inteiro para as Testemunhas de Jeová. No decorrer do meu ministério, um senhor a quem eu estava a dar um estudo bíblico desafiou-me a provar que estava certa a data que a Watch Tower Society tinha escolhido para a desolação de Jerusalém pelos babilônios, isto é, 607 A.E.C. Ele indicou que todos os historiadores assinalavam esse acontecimento como tendo ocorrido cerca de vinte anos mais tarde, em 587 ou 586 A.E.C. Eu estava bem a par disto, mas o homem queria saber as razões porque os historiadores preferiam esta última data. Eu disse que a datação deles seguramente não passava de uma suposição, baseada em fontes e registos antigos que eram deficientes. Tal como outras Testemunhas, eu supunha que a datação que a Sociedade faz da destruição de Jerusalém em 607 A.E.C. era baseada na Bíblia e portanto não podia ser abalada por aquelas fontes seculares. Contudo, prometi ao senhor que analisaria o assunto.

Em resultado disso, eu fiz uma investigação que acabou por ser muito mais extensa e completa do que eu esperava. Continuou periodicamente durante vários anos, desde 1968 até ao fim de 1975. Nesta altura, o crescente peso da evidência contra a data 607 A.E.C. forçara-me a concluir, relutantemente, que a Watch Tower Society estava errada.

Mais tarde, durante algum tempo depois de 1975, discuti a evidência com alguns amigos próximos, também inclinados para a investigação. Como nenhum deles conseguiu refutar a evidência demonstrada pela informação que eu reunira, decidi desenvolver um tratado elaborado sistematicamente sobre toda esta questão, que pretendia enviar para a sede da Watch Tower Society, em Brooklyn, Nova Iorque.

Esse tratado foi preparado e enviado para o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová em 1977. O presente trabalho, que é baseado nesse documento, foi revisto e ampliado durante o ano de 1981 e depois foi publicado numa primeira edição em 1983. Durante os anos que passaram desde 1983, foram feitas muitas descobertas novas e observações relevantes para o assunto, e as mais importantes dentre elas foram incorporadas nesta nova edição. As sete linhas de evidência contra a data 607 A.E.C. apresentadas na primeira edição, por exemplo, foram agora duplicadas para catorze.

Correspondência com a sede da Watch Tower

Em 1977 comecei a corresponder-me com o Corpo Governante a respeito da minha investigação. Depressa se tornou evidente que eles não conseguiam refutar a evidência que eu apresentara. De fato, eles nem sequer fizeram qualquer tentativa nesse sentido até 28 de Fevereiro de 1980. Entretanto, eles avisaram-me repetidamente para não revelar as minhas descobertas a outros. Por exemplo, numa carta que o Corpo Governante me enviou, datada de 17 de Janeiro de 1978, foi-me dado este aviso:

Contudo, independentemente de quão forte a argumentação em apoio desses pontos de vista possa ser, eles têm de, por agora, ser encarados como a sua opinião pessoal. Não é algo que o irmão deva falar ou tentar divulgar entre outros membros da congregação.7

E ainda mais, numa carta datada de 15 de Maio de 1980, eles declararam:

Estamos certos que o irmão compreende que não seria apropriado da sua parte começar a divulgar os seus pontos de vista e conclusões sobre cronologia que diferem daqueles publicados pela Sociedade, de modo a causar questões e problemas graves entre os irmãos.8

Eu aceitei esse conselho, pois a impressão que me deram foi que os meus irmãos espirituais na sede da Watch Tower precisavam de tempo para reexaminar todo o assunto de forma exaustiva. Na primeira resposta que eles deram ao meu tratado, datada de 19 de Agosto de 1977, declararam: "Lamentamos que a quantidade de trabalho aqui não nos tenha permitido até agora dar [ao tratado] a atenção que gostaríamos." E na carta de 17 de Janeiro de 1978, escreveram:

Ainda não tivemos a oportunidade de examinar este material, pois outros assuntos urgentes estão a ocupar a nossa atenção. Contudo, analisaremos este material quando tivermos oportunidade.... Pode estar certo que os seus pontos de vista serão examinados por irmãos responsáveis.... Na altura própria, esperamos analisar o seu tratado e avaliar o que está contido nele.

A julgar por estas declarações e outras similares, os representantes da Watch Tower na sede de Brooklyn pareciam estar preparados para examinar de forma honesta e objetiva a informação que lhes apresentei. Contudo, num curto espaço de tempo o caso tomou um rumo muito diferente.

Interrogação e difamação

No início de Agosto de 1978, Albert D. Schroeder, um membro do Corpo Governante, teve uma reunião na Europa com representantes dos escritórios das filiais da Watch Tower da Europa. [Continua na p. 10]

WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF PENNSYLVANIA
124 COLUMBIA HEIGHTS, BROOKLYN, NEW YORK 11201, U.S.A.
GEA:ESB
17 de Janeiro, 1978

Carl Olof Jonsson
Hjeltegatan 14
S-662 00 AMAL
Suécia

Prezado Irmão Jonsson:

Recebemos a sua carta de 12 de Dezembro de 1977, e também o tratado que preparou, intitulado "Os Tempos dos Gentios Reconsiderados."

Ainda não tivemos a oportunidade de examinar este material, pois outros assuntos urgentes estão a ocupar a nossa atenção. Contudo, analisaremos este material quando tivermos oportunidade.

Apreciamos a sua sinceridade em querer tornar conhecidos os seus pontos de vista. Contudo, independentemente de quão forte a argumentação em apoio desses pontos de vista possa ser, eles têm de, por agora, ser encarados como a sua opinião pessoal. Não é algo de que o irmão deva falar ou tentar divulgar entre outros membros da congregação. Mencionamos isto porque o irmão diz na sua carta que vários irmãos examinaram o seu tratado e que "estamos todos aguardando ansiosamente os vossos comentários."

Conforme pode calcular, o que o irmão declara no seu tratado representa um abandono radical do entendimento atual que as Testemunhas de Jeová têm da cronologia. Estamos certos que compreenderá que se forem feitas mudanças importantes, deverão sê-lo de forma ordeira, tal como foi o caso no primeiro século, sendo dada direcção central. (Actos 15:1, 2) Estamos também certos que compreenderá que se indivíduos promovessem e advogassem essas mudanças, isso iria ter, não um efeito unificador, mas um efeito de divisão que produziria confusão. Mencionamos-lhe isto em vista do fato de o tratado que o irmão enviou conter uma declaração na página inicial descrevendo-o como "preparado por Testemunhas de Jeová, para Testemunhas de Jeová." Dizer que algo é "preparado por Testemunhas de Jeová" implica que tem a aprovação das Testemunhas de Jeová como um corpo, e estamos certos que o irmão compreende que este não é o caso com o tratado em causa. Isto poderia dar uma impressão falsa e estamos certos que este não é os seu desejo. Pode estar certo que os seus pontos de vista serão examinados por irmãos responsáveis e que se em algum momento for necessário fazer uma mudança doutrinal, esta virá através dos canais próprios. Isto é importante para preservar a unidade da organização de Jeová.

Esperamos que o irmão acate o conselho dado acima. Na altura própria, esperamos analisar o seu tratado e avaliar o que está contido nele.

Enviamos-lhe o nosso amor caloroso e os melhores cumprimentos.

Seus irmãos,

Watch Tower B. & T. Society
OF PENNSYLVANIA
Pelo Departamento de Redacção
do Corpo Governante

Nessa reunião, ele disse à audiência que estava em andamento uma campanha, tanto no interior do movimento como no exterior, para derrubar a cronologia da Sociedade a respeito de 607 A.E.C.-1914 E.C.9 No entanto, a Sociedade não tem qualquer intenção de abandonar essa cronologia, declarou ele.

Três semanas mais tarde, em 2 de Setembro, fui convocado para uma audição perante dois representantes da Watch Tower Society na Suécia, Rolf Svensson, um dos dois superintendentes de distrito do país, e Hasse Hulth, um superintendente de circuito. Fui informado que eles tinham sido encarregados pelo escritório da filial da Sociedade de fazer esta audição porque "os irmãos" na sede de Brooklyn estavam profundamente preocupados com o meu tratado. Mais uma vez, fui avisado que não devia espalhar a informação que tinha reunido. Rolf Svensson também me disse que a Sociedade não precisava, nem queria, que Testemunhas de Jeová individuais se envolvessem em investigações deste tipo.

Em parte devido a esta reunião, eu renunciei à minha posição como ancião na congregação das Testemunhas de Jeová local e também de todas as minhas outras tarefas e designações na congregação e no circuito. Fiz isto sob a forma de uma longa carta, dirigida aos anciãos locais e ao superintendente de circuito, Hasse Hulth, na qual expliquei de forma resumida as razões que motivaram a posição que tomei. Depressa se tornou do conhecimento geral entre os meus irmãos Testemunhas em várias partes da Suécia que eu e outros tínhamos rejeitado a cronologia da Sociedade.

Nos meses seguintes, eu e outros que tínhamos questionado a cronologia começamos a ser condenados em privado, bem como das tribunas dos Salões do Reino (locais de reuniões congregacionais) e em assembléias ou convenções de Testemunhas. Nós fomos caracterizados publicamente nos termos mais negativos, como "rebeldes", "presunçosos", "falsos profetas", "pequenos profetas que inventaram a sua própria cronologiazinha" e "hereges". Fomos chamados "elementos perigosos nas congregações", "escravos maus", "blasfemadores", bem como "indivíduos imorais, desregrados". Em privado, alguns dos nossos irmãos Testemunhas, incluindo vários representantes viajantes da Watch Tower Society, também insinuaram que nós estávamos "possuídos por demônios", que tínhamos "inundado a Sociedade com criticismo" e que "já devíamos ter sido desassociados [excomungados] há muito tempo". Estes são apenas alguns exemplos da difamação em larga escala, que tem continuado desde esse tempo até agora, embora eles nunca tenham mencionado publicamente os nossos nomes, por obvias razões legais.

Que essa obvia difamação não era apenas um fenômeno local, mas tinha a aprovação do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, torna-se evidente a partir do fato de declarações similares terem sido impressas na revista The Watchtower [A Sentinela].10

Esta descrição da situação que se desenvolveu não é feita com o objetivo de criticar as Testemunhas de Jeová como indivíduos. Estas pessoas normalmente são gentis e sinceras nas suas crenças. Em vez disso, esta descrição foi feita para ilustrar como é fácil um indivíduo cair involuntariamente vítima das reações psicológicas irracionais, descritas anteriormente nesta introdução. Numa carta para Albert Schroeder, datada de 6 de Dezembro de 1978, eu descrevi o novo rumo dos acontecimentos, chamando a atenção para o triste fato de apesar do meu tratado ter sido elaborado com a maior das atenções e enviado para a Sociedade com toda a sinceridade, eu tornara-me a vítima de maledicência, vilificação e assassínio de caráter:

Como é trágico observar como se desenvolve uma situação em que a atenção é desviada da questão que foi levantada -- a validade da data 607 A.E.C. -- e direcionada para a pessoa que a levantou a questão, e essa pessoa -- em vez da questão -- é encarada como sendo o problema! Como é possível que uma situação deste tipo se tenha desenvolvido no nosso movimento?

A resposta a esta pergunta, à qual a Sociedade nunca respondeu, encontra-se no mecanismo psicológico de defesa descrito pelo Dr. H. Dale Baumbach:

Indivíduos inseguros, quando confrontados com um problema que expõe a sua insegurança, respondem instintivamente tentando destruir aquilo que expõe a sua insegurança ou banindo isso para o recôndito da mente.11

Espero que o conhecimento da existência deste mecanismo ajude aqueles leitores que estão associados com as Testemunhas de Jeová a examinarem a evidência apresentada neste trabalho com a devida consideração e uma mente aberta.

Posteriormente, a Watch Tower Society tentou refutar a evidência contra a data 607 A.E.C., mas isto só aconteceu depois de um representante especial do Corpo Governante na Suécia ter escrito à Sociedade pedindo-lhes que providenciassem uma resposta ao conteúdo do tratado que lhes fora enviado, dizendo-lhes que o autor ainda estava à espera de uma resposta. Este representante era o coordenador da obra da Sociedade na Suécia, Bengt Hanson.

Hanson tinha-me feito uma visita em 11 de Dezembro de 1979, para discutir a situação que se desenvolveu. Durante a nossa discussão, ele foi forçado a ver que era a evidência contra a data 607 A.E.C. que eu tinha apresentado à Sociedade -- não era eu nem os meus motivos ou atitude -- que constituía o verdadeiro problema. Se a evidência contra a data 607 A.E.C. era válida, então isto era um problema que devia ser motivo de igual preocupação para todas as Testemunhas na organização. Sob tais circunstâncias, a minha atitude pessoal e motivos eram tão irrelevantes como os das outras Testemunhas.

Como resultado disto, no início de 1980 Hanson escreveu uma carta ao Corpo Governante, explicando a situação, dizendo-lhes que eu ainda estava à espera de uma resposta para a evidência que reunira contra a cronologia deles. E foi assim que, cerca de três anos depois de eu lhes ter enviado o material da pesquisa, numa carta datada de 28 de Fevereiro de 1980, eles fizeram uma tentativa de lidar com a questão, em vez de se ocuparem com o questionador.

Contudo, a argumentação apresentada por eles era afinal em grande parte uma repetição de argumentos anteriores, encontrados em vários sítios na literatura da Watch Tower Society, argumentos esses que já tinham sido provados insatisfatórios no tratado. Numa carta datada de 31 de Março de 1980, eu respondi aos argumentos deles e ainda acrescentei duas novas linhas de evidência contra a data 607 A.E.C. Assim, a Sociedade não só falhou em defender a sua posição, mas a evidência contra ela também se tornou consideravelmente mais forte.

A Sociedade não fez qualquer tentativa adicional de lidar com a questão até ao verão de 1981, quando apareceu uma pequena discussão acerca do assunto no "Apêndice" do livro "Venha o Teu Reino" (páginas 186-190). Esta última discussão não acrescentou nada de novo aos argumentos anteriores, e para qualquer pessoa que tenha estudado cuidadosamente o assunto da cronologia antiga, não parece ser nada mais além de uma débil tentativa de defender uma posição insustentável através da ocultação de fatos. Isto é claramente demonstrado no último capítulo do presente trabalho, intitulado "Tentativas de enfraquecer a evidência". O conteúdo do "Apêndice" da Watch Tower Society, porém, convenceu-me finalmente que os líderes desta organização não estavam dispostos a deixar os fatos interferir com doutrinas fundamentais tradicionais.

"Esperando em Jeová"

Note-se que enquanto os representantes da Sociedade se sentem perfeitamente à vontade para publicar todo e qualquer argumento em apoio da sua cronologia, eles foram a grandes extremos para tentar manter as Testemunhas de Jeová na maior parte em ignorância quanto ao peso enorme da evidência contra a sua cronologia. Foi por isso que eles não só me avisaram repetidamente para não partilhar com outros a minha evidência contra a data 607 A.E.C., mas também apoiaram a difamação espalhada a respeito de toda e qualquer Testemunha de Jeová que tivesse questionado a cronologia da organização. Este modo de proceder não é apenas injusto para com aqueles que questionaram a cronologia; é também muito injusto para com as Testemunhas de Jeová em geral. Elas têm o direito de ouvir ambos os lados da questão e tomar conhecimento de todos os fatos. É por essa razão que decidi publicar Os Tempos dos Gentios Reconsiderados.

Curiosamente, foram apresentados por representantes da Watch Tower Society vários argumentos para justificar a posição que diz que fatos e evidência que contraria os seus ensinos não devia ser divulgada entre as Testemunhas de Jeová. Uma das linhas de raciocínio é esta: Jeová revela a verdade gradualmente através da sua classe do "escravo fiel e discreto", a quem Cristo designou "sobre todos os seus bens". (Mateus 24:47, TNM) Esta classe do "escravo" expressa-se através daqueles que supervisionam a publicação e a redação da literatura da Watch Tower. Portanto, nós devíamos esperar em Jeová -- por outras palavras, esperar até que a organização publique "novas verdades". Qualquer pessoa que "corra à frente" da organização é então presunçoso, pois pensa que sabe mais do que "o escravo fiel e discreto".

Contudo, esse argumento é inválido se as suposições da Sociedade a respeito da cronologia bíblica forem erradas. Como assim? Porque o próprio conceito de que é possível identificar hoje uma "classe do escravo fiel e discreto" a quem Cristo, tal como o "amo" na parábola de Mateus 24:45-47, designou "sobre todos os seus bens", baseia-se inequivocamente no cálculo cronológico que diz que o "amo" chegou em 1914 e fez tal designação poucos anos depois, em 1919. Se, conforme se mostrará neste trabalho, os tempos dos Gentios não acabaram em 1914, então desaparece a base para se afirmar que Cristo regressou nesse ano, e os líderes da Watch Tower não podem alegar que foram designados "sobre todos os seus bens" em 1919. Se isto é assim, eles nem sequer podem corretamente dizer que têm o monopólio dado por Deus para publicar "a verdade".

Note-se também que é o "amo" da parábola quem, ao chegar, decide quem é "o escravo fiel e discreto", não são os escravos que decidem isso por si mesmos. Portanto, quando um grupo de indivíduos alegam -- na ausência do "amo" -- que são "o escravo fiel e discreto", elevando-se a si mesmos sobre todos os "bens" do amo, isso é em si mesmo uma presunção grosseira. Por outro lado, dificilmente um indivíduo que não alega ter uma posição elevada poderia ser encarado como presunçoso se publicar informação que contradiz alguns dos ensinos da Watch Tower Society.

É claro que "esperar em Jeová" é o dever de todo o cristão. Infelizmente, a Watch Tower Bible and Tract Society, tal como muitos outros movimentos apocalípticos, tem "anunciado" repetidamente que chegou o tempo para o cumprimento das profecias de Deus, fazendo isto em todos os casos sem respeitar os "tempos e épocas" do próprio Deus para o seu cumprimento. Isto tem acontecido sempre, desde que eles começaram na década de 1870.

Será que os líderes do movimento Watch Tower estavam a estabelecer um exemplo de "esperar em Jeová" quando, durante cerca de 55 anos (1876-1931), ensinaram persistentemente que Cristo tinha chegado em 1874?

Quando ensinaram que o "restante" da igreja de Cristo seria mudado (1 Tessalonicenses 4:17), primeiro em 1878, depois em 1881, depois em 1914, depois em 1915, depois em 1918 e depois ainda em 1925, será que eles "esperaram em Jeová"?12

Quando ensinaram que o fim do presente sistema de coisas viria em 1914, depois em 1918-20, depois em 1925, depois por volta de 1941-42, e depois ainda em 1975, será que estavam "esperando em Jeová"?13

Se, ao contrário do que a Watch Tower Society continua a defender, 1914 não é o ponto em que terminam os "tempos dos Gentios", então as numerosas aplicações "proféticas" atuais que têm a sua origem nessa suposição são provas adicionais de que a Sociedade ainda não está preparada para "esperar em Jeová". À luz disso, e em tais circunstâncias, parece um pouco descabido a Sociedade aconselhar outros a "esperar em Jeová". A pessoa que quer genuinamente esperar em Jeová não se pode limitar a esperar até que a Watch Tower Society esteja preparada para fazê-lo. Se, depois de uma consideração cuidadosa da evidência, ela chegar à conclusão de que a Watch Tower Society produziu, dentro do esquema geral da sua cronologia, um "cumprimento" claramente arbitrário da profecia bíblica no nosso tempo, então ela precisa de se dissociar a si própria das tentativas persistentes que são feitas para impor essa posição arbitrária sobre outros como uma crença necessária. Só então é que se poderia dizer que ela estaria preparada para começar a "esperar em Jeová".

A expulsão

Já por mais de um século, as publicações da Watch Tower têm estado cheias de críticas pesadas e contínuas aos erros e más acções das outras denominações cristãs. Este criticismo muitas vezes é genérico e superficial, mas outras vezes atinge o alvo. A literatura da Watch Tower tem denunciado frequentemente a intolerância mostrada no passado por várias igrejas contra membros dissidentes. "A cristandade tem tido seus fanáticos -- desde pessoas que incendiaram a si mesmas em protesto político até aqueles que agiram de modo intolerante para com os que tinham conceitos religiosos diferentes dos seus", observou The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Julho de 1987, na página 28. Este tipo de intolerância encontrou uma terrível expressão na Inquisição, que foi estabelecida pela Igreja Católica Romana no século XIII e durou mais de seis séculos.

A palavra "Inquisição" deriva da palavra latina inquisitio, que significa "exame". É descrita resumidamente como "um tribunal estabelecido pela Igreja Católica Romana para descobrir e punir heréticos e apóstatas".14 Qual era a situação das pessoas sob este governo intolerante do clero? The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Setembro de 1989 explicou na página 3:

Ninguém tinha a liberdade de adorar como desejasse, ou de emitir opiniões que conflitassem com as do clero. Tal intolerância clerical gerou um clima de medo em toda a Europa. A igreja instituiu a Inquisição para eliminar indivíduos que ousassem sustentar conceitos diferentes.

Estas declarações podiam dar a impressão de que a Watch Tower Society, em contraste com a Igreja Católica Romana da Idade Média, age com tolerância em relação a membros que "têm opiniões religiosas diferentes" e defende o seu direito a expressarem opiniões conflitantes com os ensinos da organização. Contudo, a verdade é que esta organização tem exatamente a mesma atitude que a Igreja Católica medieval em relação a membros que têm opiniões religiosas diferentes. "Acautele-se dos que procuram apresentar suas próprias opiniões contrárias.", avisou a The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Março de 1986 (página 17). Respondendo à pergunta porque "desassociaram (excomungaram) as Testemunhas de Jeová por apostasia a alguns que ainda professam crer em Deus, na Bíblia e em Jesus Cristo", a Watch Tower Society disse:

Os que expressam tal objeção salientam que muitas organizações religiosas que afirmam ser cristãs permitem conceitos dissidentes.... Entretanto, tais exemplos não constituem nenhuma base para nós fazermos o mesmo.... Ensinar conceitos dissidentes ou divergentes não é compatível com o verdadeiro cristianismo.15

A Watch Tower Society até estabeleceu tribunais inquisitoriais semelhantes àqueles organizados pela Igreja Católica Romana na Idade Média, a única diferença essencial é que as "comissões judicativas" da Sociedade não têm autoridade legal para torturar fisicamente as suas vítimas. Eu sabia que as conclusões a que chegara resultariam posteriormente em ser julgado e expulso por tal "tribunal da inquisição", se eu não deixasse a organização de minha própria iniciativa antes disso. Mas eu também sabia que em ambos os casos as conseqüências seriam as mesmas.

Depois de vinte e seis anos como Testemunha de Jeová ativa, eu estava agora, em 1982, preparado para deixar a organização Watch Tower. Era muito claro para mim que isto significaria uma ruptura completa com todo o mundo social do qual eu fora parte durante todos aqueles anos. As regras da Watch Tower Society requerem que as Testemunhas de Jeová cortem todos os contatos com aqueles que deixam de pertencer à organização, quer isto aconteça devido a desassociação, quer seja por renúncia voluntária. Eu sabia que perderia não apenas praticamente todos os meus amigos, mas também todos os meus familiares que estavam dentro da organização (três dos quais tinham mais de setenta anos, incluindo um irmão e duas irmãs e suas famílias, primos e suas famílias, etc.). Eu seria encarado e tratado como se estivesse "morto", embora a minha "execução" tivesse de ser adiada até à iminente "batalha do Armagedom", uma batalha na qual as Testemunhas esperam que Jeová aniquile para sempre todos os que não estão associados com a sua organização.16

Já por algum tempo, eu tinha estado a tentar preparar-me emocionalmente para esta ruptura. O meu plano era publicar o meu tratado como uma despedida pública do movimento. Contudo, não consegui ter o material pronto para publicação antes de ter chegado uma carta da filial da Watch Tower Society na Suécia, datada de 4 de Maio de 1982. Esta carta era uma convocação para um interrogatório perante uma "comissão judicativa" formada por quatro representantes da Sociedade, que tinham sido designados, dizia a carta, para "descobrir qual é a sua atitude em relação à nossa crença e organização."17

Compreendi que os meus dias dentro da organização estavam agora contados e que talvez não conseguisse ter o meu tratado pronto para publicação a tempo. Numa carta dirigida à filial, tentei adiar a reunião com a comissão judicativa. Eu disse que, conforme eles sabiam muito bem, a base para a minha "atitude em relação à nossa crença e organização" consistia na evidência que apresentara contra a cronologia da Sociedade, e se eles queriam sinceramente mudar a minha atitude, tinham de começar por lidar com o peso da evidência que era a base para a minha atitude. Por isso, pedi que os membros da comissão fossem autorizados a fazer um exame completo do meu tratado. Depois disso, poderíamos razoavelmente ter uma reunião significativa.

Mas nem o escritório da filial nem os quatro membros da comissão judicativa mostraram qualquer interesse no tipo de discussão que eu propusera, e nem sequer comentaram as condições que eu colocara para ter uma reunião significativa com eles. Numa carta lacônica, eles limitaram-se a repetir a convocação para o interrogatório com a comissão. Parecia-me óbvio que eu já tinha sido julgado de antemão e que o julgamento para o qual eu fora convocado seria apenas uma farsa macabra e sem sentido. Por essa razão, preferi não ir ao interrogatório e consequentemente fui julgado e desassociado na minha ausência em 9 de Junho de 1982.

Tentando ganhar tempo, apelei da decisão. Foi designado aquilo a que eles chamam uma "comissão de apelação" de quatro novos membros e mais uma vez repeti numa carta as condições que achava razoáveis para ter uma conversa significativa com eles. Eles nem sequer responderam a esta carta. Portanto, em 7 de Julho de 1982 a nova comissão reuniu-se para outro julgamento fingido na minha ausência e, conforme eu já esperava, eles apenas confirmaram a decisão da primeira comissão. Em ambos os casos o único assunto "judicativo" considerado foi, obviamente, este: Eu concordava totalmente ou não com os ensinos da Watch Tower? A questão de saber se as razões para a minha posição eram válidas, foi simplesmente tratada como irrelevante.

Será que as conclusões são destrutivas da fé?

Conforme disse anteriormente, as conclusões a que cheguei neste trabalho abalam as pretensões centrais e as interpretações apocalípticas da Watch Tower Society. Portanto, tais conclusões poderiam causar alguma agitação entre as Testemunhas de Jeová, e os líderes da Sociedade temiam claramente que a sua disseminação quebrasse a unidade do seu rebanho. Eu estava bem ciente de que os meus esforços seriam interpretados pelos representantes da Watch Tower como uma tentativa de destruir a fé e quebrar a unidade da "verdadeira congregação cristã". Mas a fé deveria corretamente estar em harmonia com a verdade, com os fatos, e isto inclui os fatos históricos. Assim, senti-me confiante de que a publicação dos fatos sobre o assunto da cronologia não quebraria a paz e a unidade entre aqueles que são verdadeiramente cristãos. A verdadeira unidade é fundada sobre o amor, pois o amor é o "perfeito vínculo de união". -- Colossenses 3:14.

Por outro lado, também existe uma falsa unidade, fundada, não sobre o amor, mas sobre o medo. Tal "unidade" é característica das organizações autoritárias, tanto políticas como religiosas. É uma união mecanizada, imposta pelos líderes dessas organizações, que querem manter a sua autoridade e controlo sobre os indivíduos -- uma unidade que não depende da verdade. Em tais organizações, os indivíduos relegam para as autoridades centrais o seu direito e responsabilidade de pensar, falar e agir livremente. Como a evidência e as conclusões que são apresentadas neste trabalho derrubam as pretensões autoritárias da Watch Tower Society, é possível que a publicação deste trabalho seja uma ameaça para a unidade imposta [ou: forçada] dentro desta organização. mas a verdadeira unidade fundada sobre o amor entre os indivíduos cristãos, cuja "associação é com o Pai e com o seu Filho, Jesus Cristo", certamente não será afetada por isto. -- João 17:21-23; 1 João 1:3, NIV.

Assim, se as pretensões e interpretações proféticas da Watch Tower Society forem expostas como não tendo fundamento, nada de real valor se perderá quando estas coisas se dissolverem e desaparecerem. Um cristão ainda tem a Palavra de Deus, a verdadeira fonte de verdade e esperança. Cristo ainda é o seu Senhor, a sua única esperança para uma vida futura. E ele ainda continuará a desfrutar de paz e unidade cristã, com o seu Pai, com Jesus Cristo e com aqueles indivíduos na terra que serão os seus verdadeiros irmãos e irmãs. Mesmo se ele for expulso de um sistema religioso autoritário por aceitar aquilo que vê claramente como sendo verdade, Cristo não o abandonará, pois ele disse: "Onde dois ou três se reunirem em meu nome, ali estou eu com eles". (João 9:30, 34-39; Mateus 18:20, NIV) A resposta à pergunta: "Para onde iremos sem a organização?" continua a ser a mesma que era válida no tempo dos apóstolos, quando Pedro disse: "Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens declarações de vida eterna". (João 6:68) É Cristo, não é uma organização, quem tem "declarações de vida eterna".18

Durante os anos que passaram desde que esta investigação começou, conheci pessoalmente ou por carta, um número crescente de Testemunhas de Jeová a diferentes níveis na organização Watch Tower que examinaram profundamente a questão da cronologia e chegaram independentemente às mesmas conclusões que são apresentadas neste volume. Alguns destes homens tentaram muito arduamente defender a cronologia da Sociedade antes de serem forçados pela evidência bíblica e histórica a abandoná-la. Entre esses estão membros da comissão de pesquisa encarregada de produzir o dicionário bíblico da Sociedade, Aid to Bible Understanding [Ajuda ao Entendimento da Bíblia].

A seção sobre cronologia nessa obra, nas páginas 322 a 348 [N. do T.: na edição brasileira: páginas 382-399; dada a diferença no número de páginas entre a edição inglesa, publicada em 1971 e a edição brasileira, publicada em 1982, suponho que a Watch Tower Society terá amputado a edição brasileira de parte do material que consta na edição inglesa] ainda é a discussão mais hábil e extensa sobre a cronologia da Watch Tower que alguma vez foi publicada por essa organização.19 No entanto, o indivíduo que escreveu esse artigo por fim apercebeu-se que a data da Sociedade para a queda de Jerusalém perante os babilônios, 607 A.E.C., não podia ser defendida, e mais tarde ele abandonou-a por completo, junto com todos os cálculos e ensinos nela baseados. Numa carta que me escreveu, ele declarou:

Ao desenvolver o assunto 'Cronologia' para Ajuda ao Entendimento da Bíblia, o período neo-babilônico, que se estende desde o reinado de Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, até ao reinado de Nabonido e à queda de Babilônia, apresentava um problema particular. Como Testemunhas de Jeová, nós estávamos obviamente interessados em encontrar e apresentar alguma evidência, mesmo que fosse pequena, em apoio do ano 607 A.E.C. como sendo a data para a destruição de Jerusalém no décimo oitavo ano de Nabucodonosor. Eu estava bem a par do fato de os historiadores sempre apontarem para uma data uns vinte anos mais tarde e situarem o início do reinado de Nabucodonosor em 605 A.E.C. (o seu ano de ascensão), em vez de 625 A.E.C., a data usada nas publicações da Watch Tower. Eu sabia que a data 607 A.E.C. era crucial para a interpretação da Sociedade a respeito dos 'sete tempos' de Daniel capítulo quatro apontarem para o ano 1914 E.C.

Esse esforço requereu uma grande quantidade de pesquisa. Nesse tempo (1968), Charles Ploeger, membro da equipa da sede da Watch Tower, foi designado como meu assistente. Ele passou muitas semanas a procurar nas bibliotecas da cidade de Nova Iorque fontes de informação que pudessem dar alguma validade à data 607 A.E.C. como sendo a data para a destruição de Jerusalém. Também fomos à Brown University entrevistar o Dr. A. J. Sachs, um especialista em textos astronômicos relacionados com os períodos neo-babilônico e adjacentes. Nenhum destes esforços produziu qualquer evidência em apoio da data 607 A.E.C.

Devido a isto, ao escrever o artigo sobre 'Cronologia', devotei uma porção considerável do material a esforços para mostrar as incertezas existentes nas fontes históricas da antigüidade, incluindo não apenas fontes babilônicas, mas também egípcias, assírias e medo-persas. Embora ainda acredite que alguns dos pontos apresentados quanto a essas incertezas sejam válidos, sei que a argumentação nasceu de um desejo de sustentar uma data para a qual simplesmente não há qualquer evidência histórica. Se a evidência histórica, de fato, contradissesse alguma declaração clara das Escrituras, eu não hesitaria em considerar o relato bíblico como mais fiável. Mas apercebi-me de que a questão não é uma contradição de uma declaração clara das Escrituras, mas sim contradição de uma interpretação que é atribuída a certas partes das Escrituras, dando-lhes um significado que não está na própria Bíblia. As incertezas que são encontradas em tais interpretações humanas certamente são iguais às incertezas que se encontram nos relatos cronológicos da história antiga.20

Agradecimentos

Antes de concluir esta introdução, gostaria de agradecer às muitas pessoas bem informadas, ao redor do mundo, algumas das quais ainda eram Testemunhas de Jeová na época em que este tratado foi escrito, que, pelo seu encorajamento, sugestões, críticas e perguntas, contribuíram grandemente para este tratado. Em primeiro lugar, devo mencionar Rud Persson, de Ljungbyhed, Suécia, que participou no trabalho desde uma fase inicial e que, mais do que qualquer outra pessoa, me ajudou neste assunto. Outros amigos com os mesmos antecedentes, especialmente James Penton e Raymond Franz, têm sido de grande ajuda em preparar o livro para publicação ao polirem o meu inglês e a gramática.

A respeito da seção ideo-histórica (capítulo um), os meus contatos com o perito sueco Dr. Ingemar Lindén estimularam o meu interesse e iniciaram a minha investigação nesta área. Richard Rawe, de Soap Lake, Washington, e Alan Feuerbacher, de Beaverton, Oregon, também forneceram documentos importantes para esta seção. Para os capítulos sobre cronologia neo-babilônica (capítulos três e quatro), os contatos com as autoridades em textos cuneiformes babilônicos foram de incalculável ajuda. Isto aplica-se e particular ao Professor D. J. Wiseman, na Inglaterra, que é um dos maiores especialistas no período neo-babilônico; Sr. C. B. F. Walker, curador do Departamento de Antigüidades do Ocidente Asiático, no Museu Britânico, em Londres; Professor Abraham J. Sachs, nos E.U.A.; Professor Hermann Hunger, na Áustria, que desde a morte de Abraham Sachs, em 1983, é o perito principal em textos de observações astronômicas da Babilônia; e Dr. Béatrice André, do Museu do Louvre, em Paris. Finalmente, nas seções exegéticas (capítulos 5-7), vários lingüistas e hebraístas capazes compartilharam comigo os seus conhecimentos, especialmente o Dr. Seth Erlandsson, de Västerås, Suécia; o Professor Tryggve Mettinger, de Lund, Suécia; e o Dr. Tor Magnus Amble e o Dr. Hans M. Barstad, ambos de Oslo, na Noruega.

Em primeiro lugar, contudo, os meus agradecimentos vão para o Deus da Bíblia, que no Velho Testamento, desde o tempo de Moisés, tem o nome pessoal Yahweh ou Jeová, mas que encontramos no Novo Testamento e ao qual nos podemos aproximar como nosso Pai celestial, pois esta investigação foi feita sob a oração constante pela sua ajuda e entendimento. Toda a honra vai para Ele, pois é a sua Palavra de verdade que foi a base deste estudo. Embora certas teorias religiosas e interpretações se tenham provado insustentáveis e tivessem de ser rejeitadas, a sua palavra profética foi confirmada, vez após vez, durante a investigação bíblica e histórica relacionada com o assunto em discussão. Esta experiência fortalecedora da fé tem sido uma bênção real e duradoura para mim. A minha esperança é que o leitor será abençoado de modo similar.

Carl Olof Jonsson
Göteborg, Suécia, 1982
Revisto em 1998


Notas

1 As designações "A.E.C." (Antes da Era Comum) e "E.C." (Era Comum) normalmente usadas pelas Testemunhas de Jeová, correspondem a "A.C." e "A.D." São muitas vezes usadas em literatura acadêmica, especialmente por autores judaicos, e foram adotadas pela Watch Tower Society, conforme se verá nas citações seguintes, retiradas das publicações da Watch Tower. A bem da consistência, estas designações, A.E.C. e E.C., são geralmente usadas nesta obra, com excepção dos casos em que é citado material onde são empregues as designações A.C. e A.D.

2 Itálico e ênfase acrescentados. O falecido presidente da Watch Tower Society, Frederick W. Franz, na discussão matinal da Bíblia com a família da sede, em 17 de Novembro de 1979, afirmou de forma ainda mais enérgica a importância da data 1914, ao dizer: "O único propósito da nossa existência como Sociedade é anunciar o Reino estabelecido em 1914 e soar o aviso da queda de Babilônia a Grande. Temos uma mensagem especial a transmitir." (Raymond Franz, In Search of Christian Freedom [Em Busca de Liberdade Cristã], Atlanta: Commentary Press, 1991, pp. 32, 33).

3 The Watchtower [A Sentinela], 1.º de Janeiro de 1988, pp. 10, 11.

4 The Watchtower [A Sentinela], 1.º de Setembro de 1985, pp. 24, 25.

5 The Watchtower [A Sentinela], 1.º de Abril de 1982, p. 27. Na Watchtower de 15 de Julho de 1992, página 12, tais dissidentes são descritos como "inimigos de Deus" que "odeiam Deus intensamente". Portanto, as Testemunhas são instadas a "odiar" essas pessoas "com um ódio total." Esta exortação foi repetida na Watchtower de 1.º de Outubro de 1993, página 19, onde se diz que os "apóstatas" estão tão "enraizados no mal" que "a iniquidade se tornou numa parte inseparável da sua natureza." A Watch Tower até disse às Testemunhas para pedirem a Deus que matasse os "apóstatas", em imitação do salmista Davi, que orou acerca dos seus inimigos: "Oh, que tu, ó Deus, mates o iníquo!" Desta forma as Testemunhas "deixam a Jeová a execução da vingança." Tais ataques rancorosos a ex-membros da organização refletem uma atitude que é exatamente o oposto daquela recomendada por Jesus no seu Sermão do Monte. -- Mateus 5:43-48.

6 The Watchtower [A Sentinela], 1.º de Abril de 1986, pp. 30, 31.

7 Nunca são dados os nomes dos autores das cartas que a Watch Tower Society escreve. Em vez disso, são usados símbolos internos. O símbolo "GEA", no canto superior esquerdo desta carta, mostra que o autor foi Lloyd Barry, um dos membros do Corpo Governante.

8 O símbolo "EF" mostra que o escritor desta carta foi Fred Rusk, do Departamento de Redação.

9 Além do meu tratado, que veio do interior do movimento, Schroeder podia estar a pensar em duas publicações, escritas por pessoas que não eram Testemunhas, que atacavam a cronologia da Sociedade: The Jehovah's Witnesses and Profetic Speculation [As Testemunhas de Jeová e as Especulações Proféticas], por Edmund C. Gruss (Nutley, N.J.: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1972), e 1914 and Christ's Second Coming [1914 e a Segunda Vinda de Cristo], por William MacCarty (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1975).

10 O abandono do cálculo 607 A.E.C.-1914 E.C. também implica abandonar aquelas interpretações fundadas nele, como a idéia de que o reino de Deus foi estabelecido em 1914 e que a "presença invisível" de Cristo começou nesse ano. Com respeito às Testemunhas de Jeová que não podem abraçar tais idéias, a revista The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Julho de 1979 declarou na página 13 [da edição em língua inglesa]: "Pessoas sem lei até tentaram penetrar na verdadeira congregação cristã, argumentando que a 'prometida presença' de nosso Senhor não é neste dia ... Pessoas deste tipo estão incluídas no aviso de Jesus registado em Mateus 7:15-23: 'Vigiai-vos dos falsos profetas que se chegam a vós em pele de ovelha, mas que por dentro são lobos vorazes.... eu lhes confessarei então: Nunca vos conheci! Afastai-vos de mim, vós obreiros do que é contra a lei". [Tradução feita a partir da edição inglesa.] Mais ainda, a The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Agosto de 1980 disse na página 19 [da edição em língua inglesa]: "Pedro também estava falando do perigo de ser 'desencaminhado' por alguns dentro das congregações cristãs que se tornariam 'ridicularizadores', menosprezando o cumprimento de profecias a respeito da 'presença' de Cristo e adotando uma atitude desafiadora da lei em relação ao 'escravo fiel e discreto', ao Corpo Governante da congregação cristã e aos anciãos designados". [Itálico acrescentado. Tradução feita a partir da edição inglesa.] Veja também o parágrafo 11 da mesma página e o parágrafo 14 da página 20 do mesmo número da revista.

11 Spectrum, Vol. 11, No. 4, 1981, p. 63. (Este jornal é publicado por Associations of Adventist Forums [Associações de Fóruns Adventistas], Box 4330, Takoma Park, Maryland, U.S.A.) A revista Awake! [Despertai!] de 22 de Novembro de 1984 explicou de forma similar que tal comportamento é um sinal de "uma mente fechada", dizendo: "Por exemplo, se formos incapazes de defender as nossas opiniões religiosas, podemos estar atacando furiosamente aqueles que desafiaram as nossas crenças, não com argumentos lógicos, mas com censuras e insinuações. Isto é evidência de preconceito e mente fechada". (Página 4 [tradução da edição em língua inglesa]; compare também com a Awake! [Despertai!] de 22 de Maio de 1990, página 12.)

12 The Watch Tower [A Sentinela], 1.º de Fevereiro de 1916, p. 38; 1.º de Setembro de 1916, pp. 264, 265; 1.º de Julho de 1920, p. 203.

13 The Time Is At Hand [O Tempo Está Próximo] (= Vol. 2 da série Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras], publicado em 1889), pp. 76-78; The Finished Mystery [O Mistério Consumado] (= Vol. 7 de Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras], publicado em 1917), pp. 129, 178, 258, 404, 542; Millions Now Living Will Never Die! [Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão] (1920), p. 97; The Watchtower [A Sentinela], 9 de Setembro de 1941, p. 288; Awake! [Despertai!], 8 de Outubro de 1966, pp. 19, 20; The Watchtower [A Sentinela], 1.º de Maio de 1968, pp. 271-272.

14 Enciclopédia sueca Nordisk Familjebok, Vol. 11 (Malmö: Förlagshuset Norden AB, 1953), p. 35.

15 The Watchtower [A Sentinela], 1.º de Abril de 1986, pp. 30, 31.

16 As regras da desassociação (excomunhão) são discutidas, por exemplo, na The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Setembro de 1981, páginas 16-31, e na The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Abril de 1988, páginas 27, 28. A respeito da destruição iminente do atual sistema mundial, The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Setembro de 1989 declara na página 19: "Apenas as Testemunhas de Jeová, os do restante ungido e os da "grande multidão", qual organização unida sob a proteção do Organizador Supremo, têm esperança bíblica de sobreviver ao iminente fim deste sistema condenado, dominado por Satanás, o Diabo.". (Compare também com The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Setembro de 1988, páginas 14, 15)

17 A ação foi provavelmente tomada a pedido da sede em Brooklyn, Nova Iorque. Conforme Raymond Franz, que foi um membro do Corpo Governante até à Primavera de 1980, me escreveu mais tarde numa carta datada de 7 de Agosto de 1982: "Suponho que era uma decisão tomada antecipadamente, a ação que a Sociedade tomaria em relação a si. No meu próprio caso, senti que era só uma questão de tempo até que eles fizessem algo a meu respeito, independentemente do 'low profile' que eu mantivesse. Não tenho dúvidas que no seu caso o escritório da filial contatou Brooklyn e foi aconselhado a tomar ação."

18 Nos comentários da Watch Tower Society sobre deste texto, Cristo foi substituído pela "organização" como sendo a entidade para quem devemos ir para encontrar "vida eterna". Veja, por exemplo, a The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Fevereiro de 1981, página 19 e 1.º de Dezembro de 1981, página 31.

19 Aid to Bible Understanding foi publicado na sua totalidade em 1971 [N. do T.: a edição brasileira, intitulada Ajuda ao Entendimento da Bíblia foi publicada em 1982, exceto o quarto volume, que foi publicado em 1983] Uma edição ligeiramente revista em dois volumes foi publicada em 1988 [N. do T.: a edição brasileira tem três volumes, publicados em 1990, 1991 e 1992, respectivamente]. A novidade mais importante é a inclusão de ajudas visuais (mapas, imagens, fotografias, etc.), todas a cores. Contudo, o nome do dicionário foi mudado para Insight on the Scriptures [Estudo Perspicaz das Escrituras] evidentemente porque os três principais autores, Raymond Franz, Edward Dunlap e Reinhard Lengtat, deixaram a sede em 1980 e dois deles, Franz e Dunlap, foram desassociados devido às suas opiniões divergentes. Em Estudo Perspicaz das Escrituras, mais de metade do conteúdo do artigo original sobre "Cronologia" foi cortado (veja Vol. 1, pp. 601-622), sendo a razão provável para esse corte a informação apresentada no tratado enviado para a sede em 1977, bem como o reconhecimento de que as alegações da organização são de natureza muito tênue.

20 Raymond Franz, ex-membro do Corpo Governante, escreveu esta carta, datada de 12 de Junho de 1982.


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