The Sign of the Last Days -- When? (O Sinal dos Últimos Dias -- Quando?) (Atlanta: Commentary Press, 1987) de Carl Olof Jonsson e Wolfgang Herbst, pp. 46-87.
Capítulo 3: Terramotos e Fatos Históricos
Carl Olof Jonsson e Wolfgang Herbst
Quais são os fatos acerca dos terramotos no nosso tempo? Está o nosso planeta terra a tremer com mais frequência e intensidade do que nunca antes na história humana?
Como vimos, em The Late Great Planet Earth (O Grande Planeta Terra Tardio), Hal Lindsey enumerou este como sendo um dos sinais que marcam o momento para Cristo estabelecer o seu Reino. (Páginas 52 e 53) Em The Promise (A Promessa) ele declara novamente que Jesus "garantiu que os terramotos aumentariam em frequência e intensidade à medida que esta velha terra se preparasse para o seu cataclismo final." (Página 198) É suposto que esta peça do "puzzle complexo" se tenha encaixado no seu lugar nos nossos dias.
No seu livro Good-bye Planet Earth (Adeus Planeta Terra; 1976), o autor Robert H. Pierson, Adventista do Sétimo Dia, tem o subtítulo "Um Planeta que Treme e Abana." A seguir afirma:
Com frequência e intensidade crescentes a Mãe Terra tem estado a tremer e a abanar. Centenas de milhares de pessoas perderam as suas vidas. Muitos milhares adicionais perecerão em grandes espasmos da terra ainda por ocorrer. Nunca desde os dias de Noé tem o mundo sido fustigado tão violentamente.
De novo Deus está a falar conosco -- Ele está a procurar dizer-nos que o nosso tempo é curto. O Filho Dele, Jesus Cristo, vai retornar brevemente. A voz da natureza fala através das inundações, das tempestades, dos terramotos. (Páginas 21, 22).
A seguir ele cita as palavras de Jesus em Lucas capítulo vinte e um, versículo 11, como evidência disto.
As afirmações mais notáveis e detalhadas a este respeito, contudo, são aquelas feitas pelo Corpo Governante das Testemunhas de Jeová e a sua Watch Tower Society (Sociedade Torre de Vigia). Defendendo que a declaração de Jesus a respeito de "grandes terramotos" (Lucas capítulo 21, versículo 11) tem tido o seu cumprimento pleno apenas a partir de 1914, a Watch Tower Society afirma que temos experimentado um enorme aumento em tais terramotos desde aquele ano:
A frequência dos grandes terramotos tornou-se cerca de 20 vezes maior do que era em média durante os mil anos antes de 1914. -- Survival into a New Earth [Sobrevivência para uma Nova Terra; 1984], página 23.
Esta é uma afirmação fantástica. É realmente possível prová-la? O que é que realmente se sabe sobre actividade sísmica no passado? São os registos antigos sobre terramotos suficientemente completos para permitir comparações fiáveis com o nosso século? E o que é que se quer dizer com a expressão "grande" terramoto? O que é que determina a sua 'grandeza'?
Para podermos avaliar com exactidão as afirmações da Watch Tower Society, temos de primeiro procurar uma resposta para estas perguntas.
Registando a actividade sísmica
A palavra grega para "tremor" e (quando se aplica à terra) "tremor de terra" é seismós. A ciência dos terramotos, por isso, é chamada sismologia.
A sismologia é um ramo da ciência muito recente. "Não foi ... se não no princípio da década de 1850 que o primeiro verdadeiro sismólogo, como nós lhe chamaríamos, apareceu em cena. Era um Irlandês, Robert Mallet."1 Depois dele veio John Milne, chamado "o pai da sismologia."2 Em 1880 ele inventou o primeiro sismógrafo propriamente dito, e desde o fim do último século tem sido possível um registo razoavelmente preciso dos terramotos.3
Consequentemente, os sismólogos estão em condições de apresentar uma lista completa dos grandes terramotos que ocorreram na terra de 1903 em diante.4 Com o melhoramento adicional do sismógrafo um número crescente de países tem adoptado o seu uso. Mas não foi senão no fim da década de 1950 que esta rede de observação alcançou uma escala global.5 Desde então tem sido possível registar e medir todos os terramotos, pequenos e grandes, por todo o mundo.
Não é uma tarefa fácil comparar a lista completa de grandes terramotos registados no nosso século por sismólogos modernos com a dos séculos passados. A razão disto é que a informação disponível relativa a séculos anteriores é comparativamente escassa e incompleta. As fontes históricas tornam-se mais e mais dispersas quanto mais recuamos no tempo. Mesmo a respeito dos registos modernos, o sismólogo A. W. Lee escreveu em 1939:
As estatísticas só são suficientemente completas para dar uma representação fiel da distribuição dos terramotos que ocorrem agora, mas, como se estendem por menos de meio século, são insuficientes para mostar se tem havido alguma alteração na frequência de século para século.6
Outro factor que limita consideravelmente o nosso conhecimento de terramotos antigos é que muitos deles ocorrem fora da Europa, a fonte da maioria da nossa informação para a maior parte da história desde o primeiro século até à "Era dos Descobrimentos" no século quinze. The Encyclopedia Americana (A Enciclopédia Americana) diz-nos que:
Cerca de 80 porcento da energia sísmica do mundo é libertada num anel que contorna o Oceano Pacífico. Uma segunda faixa, que começa na área do Mediterrâneo e se prolonga para leste através da Ásia, é um local onde ocorrem terramotos que representam mais de quinze porcento da energia sísmica do mundo.7
"A Europa Ocidental," escreve Verney, "pode ser considerada uma zona quase estável em comparação com a febril história dos terramotos nos Andes ou em qualquer outro local no Anel de Fogo [o cinturão do Oceano Pacífico]."8
Como o material das fontes históricas para os séculos passados é, com algumas excepções importantes, limitado à Europa e à área mediterrânica, percebe-se facilmente o que isto significa. O que é que nós sabemos, por exemplo, sobre a 'febril actividade dos terramotos' na América do Norte, do Centro e do Sul antes de Colombo? John Milne sublinha: "Os registos anteriores à era cristã, e anteriores ao ano 1700, estão praticamente confinados a ocorrências no Sul da Europa, China e Japão."9 No nosso próprio século, a maioria dos terramotos mais destrutivos
AS ZONAS DE TERRAMOTOS DA TERRA
Mapa sísmico que mostra os dois cinturões de terramotos do mundo.
(De R. A. Daly, Our Mobile Earth [A Nossa Terra Móvel], Nova Iorque & Londres 1926, p. 6.)
ocorreu em áreas fora da Europa e em muitos casos em áreas acerca das quais não há registos históricos de ocorrências passadas disponíveis para se poderem fazer comparações. A Watch Tower Society, por escolha ou por outro motivo, não toma em consideração um único destes factores vitais quando faz a sua afirmação fantástica.
O que constitui um "grande" terramoto?
Segundo a tradução que Lucas faz das palavras de Jesus aos seus discípulos, ocorreriam "grandes terramotos." (Lucas 21:11) O que se pretende dizer por um "grande" terramoto?
Os sismólogos modernos medem o tamanho de um terramoto segundo certas escalas. Aquela em uso comum hoje é a chamada escala de Richter, inventada por C. F. Richter em 1935. Esta escala mede a quantidade de energia total liberta em ondas sísmicas durante um terramoto. Terramotos que medem 7.0 ou mais na escala são classificados como "maiores," enquanto aqueles que medem 8.0 ou mais são classificados como "grandes."10 Deve-se notar que a "magnitude" de um terramoto nesta escala tem pouco a ver com o número de mortes:
Não existe normalmente uma correlação clara entre a magnitude de um abalo e o número de pessoas mortas ou outra destruição. Um terramoto pode ser destrutivo e não ser muito grande.11
Similarmente, um terramoto pode ser grande mas não ser destrutivo em termos de vidas. Diz-se que o terramoto em Owens Valley, California, em 1872, por exemplo, foi o maior nos Estados Unidos nos últimos 150 anos, e estima-se que tenha tido a magnitude 8.3 na escala de Richter. Ainda assim, apenas 27 pessoas foram mortas, porque a área era escassamente povoada.12
Quão comuns são os "grandes" terramotos medidos pelo padrão da escala de Richter?
Foi calculado que cada ano existirão dois terramotos de magnitude 7.7 ou superior; dezassete entre 7.0 e 7.7; cem entre 6.0 e 7.0; e nada menos do que cinquenta mil entre 3.0 e 4.0.13
Portanto, o número de terramotos "maiores", é segundo estes cálculos, cerca de 19-20 por ano. Temos alguma indicação de que os terramotos "maiores" (7.0 ou mais em magnitude) e "grandes" (8.0 e mais) têm aumentado em número e magnitude durante o período em que tem sido possível medi-los com instrumentos, isto é, do fim do último século em diante?
Se fossemos a acreditar numa declaração recente feita pela Worldwide Church of God (Igreja Mundial de Deus), uma organização cada vez mais audível que proclama o fim rápido da era, a resposta seria 'Sim.' Na página 7 da edição de 7 de Abril de 1986 do seu mensário The Good News of the World Tomorrow (As Boas Novas do Mundo de Amanhã), Norman L. Shoaf, um porta-voz do movimento, declarou confiantemente:
Sabia que de 1901 a 1944, durante mais de quatro décadas, apenas três terramotos tiveram magnitude 7 ou mais? ... Então, em apenas 10 anos de 1945 a 1954, o número disparou para 21 abalos medindo 7 ou mais. Daí em diante, grandes terramotos têm aumentado dramaticamente. De 1955 a 1964 -- em apenas uma década -- 87 terramotos medindo 7 ou mais; de 1965 a 1974, 136; de 1975 a 1984, 133.
Seria muito benévolo dizer que esta alegação é simplesmente disparatada. Quando confrontado com ela, o Professor Seweryn J. Duda, um sismólogo de renome da Universidade de Hamburgo, República Federal da Alemanha, escreveu que "No período 1901-1944 cerca de 1000 (mil) terramotos com magnitude 7 ou mais ocorreram mundialmente." De facto, a carta dele aos autores datada de 7 de Julho de 1986, contradiz completamente a afirmação da Igreja Mundial de Deus. Veja o Apêndice A para o texto completo da carta dele.
Portanto, o simples facto é que nenhuns de tais aumentos únicos foram observados, seja desde 1914 ou desde qualquer outro ponto subsequente deste século. Na verdade, a evidência produzida pelos sismólogos modernos indica o contrário.
Charles F. Richter, antigo Presidente da Sociedade de Sisimologia da América e o criador da "escala de Richter," fez referência a esta evidência num artigo publicado no número de Dezembro de 1969 da revista Natural History (História Natural):
Uma pessoa vê com algum divertimento que certos grupos religiosos escolheram esta época desafortunada para insistir em que o número de terramotos está a aumentar. Em parte eles são induzidos em erro pelo número crescente de pequenos terramotos que estão a ser catalogados e registados por estações novas, mais sensíveis, por todo o mundo. Vale a pena sublinhar que o número de grandes [isto é, 8.0 e mais na escala de Richter] terramotos de 1896 a 1906 (cerca de 25) foi maior do que em qualquer intevalo de dez anos desde então.14
Partes desta declaração foram citadas desaprovadoramente na página 72 da The Watchtower de 1.º de Fevereiro de 1974 -- sem que o leitor tenha sido informado que ela veio de uma das maiores autoridades em sismologia. Jesus não estava a falar de "nenhum intervalo de dez anos," disse a The Watchtower, mas de toda uma "geração."
O objectivo da declaração do Dr. Richter, contudo, era demonstrar que o pretenso aumento na actividade sísmica durante o nosso século não encontra apoio nos dados sismológicos registados durante o período de sismicidade medida instrumentalmente, que cobre o período de 1896, ou mais exactamente de 1903 em diante.
Ainda ssim, a declaração dele foi feita em 1969. Que dizer, então, desta afirmação encontrada na página 30 do livro The 1980's -- Countdown to Armageddon (Os Anos 80 -- Contagem Decrescente para o Armagedom), por Hal Lindsey?
A década de 1970 experimentou o maior aumento no número de abalos conhecido na história. De facto, o aumento dramático de abalos em 1976 levou muitos cientistas a dizer que estamos a entrar num período de grandes perturbações sísmicas.
Esta afirmação não tem de facto mais fundamento do que aquelas da Watch Tower Society e da Worldwide Church of God (Igreja Mundial de Deus). Estatísticas mais recentes publicadas por outros sismólogos, que examinaram cuidadosa e objectivamente a matéria, não só confirmam a exactidão da declaração do Dr. Richter, como também mostram que continua a ser verdadeira depois de 1970.
Em 1965 o bem conhecido sismólogo Seweryn J. Duda publicou um catálogo dos maiores terramotos para o período 1897-1964. Em 1979 este catálogo foi actualizado para incluir o período 1965-1977 num artigo escrito pelo mesmo autor juntamente com o Professor Markus Båth, outro sismólogo de reputação mundial. O estudo deles, muito completo, mostra que durante este período de oitenta anos (1897-1977) cerca de vinte (19.94 mais exactamente) terramotos maiores ocorreram anualmente. Qualquer mudança no número de terramotos com uma magnitude de 7.0 ou superior na escala de Richter não pôde ser demonstrada para o período depois de 1914, comparado com o período antes dessa data. Quanto à magnitude dos abalos, por outro lado, o estudo deles revelou que os primeiros vinte anos do nosso século (1900-1920) tiveram cerca de duas vezes tanta energia libertada por ano como todo o período posterior até 1977!15
A tabela na página 54, publicada em 1912 (para os anos 1899 até 1909), dá uma ideia da grande actividade sísmica registada no período anterior a 1914. Faltam dados fiáveis, obtidos por instrumentos científicos, para o período antes do começo do nosso século, como já foi assinalado.
Qual é a conclusão que se pode tirar deste estudo muito cuidadoso do período acerca do qual estão disponíveis registos fiáveis, provenientes de instrumentos científicos? É esta: Nenhuma mudança assinalável no número de terramotos maiores pode ser demonstrada durante o período que vai de 1897 a 1977. Por outro lado, o estudo mostra que a frequência dos grandes terramotos foi consideravelmente maior nos primeiros vinte anos deste período do que nos sessenta anos que se seguiram!
Esforços para Contornar a Evidência
Falta dizer que, ao ser confrontada com estas estatísticas científicas, a Watch Tower Society não se deleita particularmente com as medições dos sismólogos. A tendencia da Sociedade tem sido rejeitá-las completamente ao fazer comparações estatísticas sobre a actividade sísmica antes e depois de 1914, fornecendo em vez disso uma definição de sua própria autoria quanto ao que quer dizer "grande" terramoto. Lemos:
O que é que torna um terramoto 'grande'? Não é o seu efeito nas vidas e na propriedade? Mas os modernos estudantes de terramotos tendem a considerar como 'grande' um terramoto apenas se atingir valores altos na escala de Richter, que mede 'magnitude,' o poder ou força que um terramoto liberta.16
Frequência Megassísmica.
Entre 1899 e 1909 o número de terramotos muito grandes registado não foi menor do que 976. Muitos destes foram registados em estações por todo o mundo, outros por todo o Hemisfério Norte, e nenhum deles perturbou uma área menor do que a da Europa e Ásia.
Os números registados em meses sucessivos foram os seguintes: --
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total 1899 9 5 9 4 3 6 7 7 12 4 7 4 75 1900 7 3 3 2 3 4 2 4 5 6 5 3 47 1901 7 4 8 4 4 3 0 9 0 6 11 6 67 1902 12 7 9 8 4 2 4 11 8 3 6 3 77 1903 10 11 7 4 8 8 5 5 8 9 6 10 91 1904 4 2 8 9 5 8 6 8 7 6 5 6 74 1905 7 11 10 7 6 8 11 3 7 6 5 5 86 1906 14 18 20 11 4 9 5 22 12 10 8 7 140 1907 8 4 9 6 12 9 7 7 5 10 10 7 94 1908 4 6 11 5 8 4 4 32 9 8 13 6 90 1909 9 10 11 14 11 14 8 13 13 15 8 9 135 91 81 103 74 68 75 59 100 92 83 84 66 976 275 217 251 233 Meses de inverno . . 508
Meses de verão . . . 468
Total . . . . . . . . 976Sismólogo F. M. Walker em Report of the Eighteenth Meeting of the British Association for the Advancement of Science (Relatório do Décimo Oitavo Encontro da Associação da Britânica para o Avanço da Ciência), Londres 1912, páginas 38 e 39. A expressão "muito grandes," não se refere aqui à escala de Richter, que não estava em uso naquele tempo.
Por isso, a Watch Tower Society, prefere medir a magnitude de um terramoto pelo número de mortes causadas. Ela declara:
Uma maneira de provar claramente que a geração de 1914 é incomum pelo menos no que diz respeito aos terramotos é considerar quantas mortes eles causaram.17
Um pouco de reflexão revelará logo porque é que a Watch Tower Society iria preferir este método de reconhecer a 'grandeza' dos terramotos. O método contém várias falhas das quais a maioria das pessoas não se apercebe, e as pretensões da Sociedade dependem desse facto para a sua aparência de autenticidade. Contudo, quando as falsas premissas sobre as quais a Sociedade baseia os seus argumentos são vistas claramente, as estatísticas deles perdem o seu efeito impressionante. Considere o seguinte:
Primeiro, como já foi dito atrás, os dados sobre terramotos e número de mortos em séculos passados são muito dispersos devido às fontes históricas serem fragmentadas, que além disso, antes do ano 1700, "estão praticamente confinadas a ocorrências no Sul da Europa, China e Japão." Portanto a ideia de que podem ser feitas comparações completamente exactas entre números de mortes em terramotos hoje e no passado simplesmente não é verdadeira.
Segundo, o rápido aumento da população e da urbanização no nosso século tem compreensivelmente aumentado o número de mortes em grandes terramotos, particularmente quando estes atingiram áreas densamente povoadas. Portanto, um aumento no número de mortes não seria um indicador válido de um aumento no número de "grandes terramotos." Podemos também perguntar: Será que Jesus, ao se referir a "grandes terramotos," falou realmente de um aumento quer no número de abalos quer no número de vítimas? A sua declaração simples foi que, junto com guerra, fome e pestilência, "haverá grandes terramotos." Tudo o que for além disso são suposições humanas, é ler nas suas palavras mais do que elas realmente dizem.
Apesar da sua escolha de número de mortos preferencialmente a medições sísmicas, quando convém à sua argumentação a Watch Tower Society não hesita em citar declarações acerca de terramotos que são baseadas na escala de Richter -- sem dizer aos seus leitores que o estão a fazer. Por exemplo, o mesmíssimo número da Watchtower (1.º de Fevereiro de 1974) citado acima apresenta uma longa cadeia de declarações sobre terramotos que ocorreram desde 1914, sendo dito que estas declarações foram tiradas de "obras de referência altamente respeitadas" (apesar de nenhuma referência ser dada):
China (1920), 'uma das catástrofes mais aterradoras na história.' Japão (1923), 'o pior desastre na história [do Japão].' Paquistão (1935), 'um dos maiores terramotos da história.' El Salvador (1951) 'o terramoto mais destrutivo na história de El Salvador.' Egipto (1955), 'o Egipto experimentou o maior terramoto da sua história.' Afeganistão (1956), 'acredita-se que seja o pior na história do país.' Chile (1960), 'nenhum terramoto na história teve alguma vez um alcance maior do que este.' Alasca (1964), 'o terramoto mais amplo alguma vez registado na América do Norte.' Perú (1970), 'o pior desastre natural registado no Hemisfério Ocidental.'18
Mas o leitor não é informado que expressões como "o mais amplo," "pior," "maior," e assim por diante nestas declarações em vários casos não se referem ao número de mortes nestes terramotos, e pelo menos em alguns casos refere-se claramente à escala de Richter que este mesmo artigo disse não devia ser o meio de medir a "grandeza" dos terramotos!
Assim, o terramoto no Alasca em 1964 -- "o terramoto mais amplo alguma vez registado na América do Norte" -- ceifou apenas 114 (algumas fontes dizem 131) vidas, embora tenha tido a magnitude muito grande de 8.5 na escala de Richter!19
A frase "o maior ... alguma vez registado" limita ainda mais o tempo de comparação ao período durante o qual os terramotos têm sido medidos com instrumentos científicos, isto é, do fim do último século em diante. Alguns dos terramotos incluídos não foram "grandes" sob nenhum critério, nem segundo a escala de Richter nem no número de vidas perdidas. Aquele que é chamado o "terramoto mais destrutivo na história de El Salvador" teve uma magnitude de apenas 6.5 e ceifou 400 vidas (segundo outra fonte 1.100 vidas), enquanto que o suposto "pior terramoto da história [do Egipto] " teve uma magnitude de 6.3 e ceifou apenas 18 vidas!20
Várias das declarações citadas certamente que não são descrições científicas. Antes reflectem títulos sensacionalistas de jornais, criados durante o impacto imediato da catástrofe. Embora alguns dos terramotos mencionados (China 1920, Japão 1932, Paquistão 1935, e Perú 1970) tenham sido de facto muito grandes e tenham ceifado milhares de vidas, a maioria dos simólogos hesitaria certamente em classificar qualquer deles o "pior" ou "maior" na história do país em questão.
Muito recentemente a Watch Tower Society apareceu com uma nova definição do que é um "grande" terramoto. Segundo a revista Awake! de 22 de Outubro de 1984, os últimos cálculos estatísticos da Sociedade, diz-se, incluem agora terramotos que verifiquem pelo menos um dos seguintes requisitos:
Magnitude ......... 7.5 ou mais na escala de Richter
Mortes .............. 100 ou mais
Prejuízos ........... 5 milhões de dólares (americanos) ou mais em propriedades destruídas. -- Página 6.
Estes padrões para medir "grandeza" são também usados na publicação da Watch Tower Society Raciocínios à base das Escrituras, de 1985, página 421.
Surpreendentemente, a escala de Richter, anteiormente rejeitada, foi agora introduzida e desempenha um importante papel nas estatísticas deles. Olhando mais de perto para os seus cálculos, rapidamente se descobre a razão. Enquanto que os sismólogos correctamente fazem comparações baseadas na escala de Richter apenas para o período durante o qual os terramotos têm sido medidos através de intrumentos, isto é, com o sismógrafo, desde o fim do último século, a Watch Tower Society inclui os últimos 2.000 anos nas suas comparações! Isto permite fazer uma comparação muito tendenciosa. Como assim?
Embora seja verdade que os sismólogos estimaram magnitudes para muitos grandes terramotos do passado, para a esmagadora maioria dos terramotos destrutivos anteriores a 1900 A.D. essas estimativas não existem.21 É óbvio que nehum destes terramotos destrutivos verificaria o primeiro critério estabelecido pela Watch Tower Society -- independentemente de quão grandes em magnitude eles possam realmente ter sido!22 E se eles não verificam pelo menos um dos outros dois critérios, são convenientemente excluídos dos cálculos!
Quanto ao segundo critério, já foi sublinhado que o número de mortes é muitas vezes inexistente em registos antigos, especialmente se as perdas ascenderam a apenas algumas centenas ou menos. De facto, muitos terramotos fortes que envolveram relativamente poucas baixas, podem ter sido completamente ignorados nos registos antigos. Isto só pode significar que incontáveis terramotos "qualificados" no passado foram excluídos pelo conjunto de padrões de comparação arbitrários da Sociedade!
O mesmo se aplica aos prejuízos, o terceiro critério estabelecido pela Watch Tower Society. Os prejuízos são muito melhor conhecidos para os terramotos mais recentes do que para os mais antigos.23 Além disso, visto que existem muitas vezes mais edifícios hoje -- e maiores e mais sofisticados -- uma comparação do tipo da que faz a Watch Tower Society é necessariamente incorrecta. Isto é atestado por N. N. Ambraseys, que é professor de Engenharia Sismológica no Imperial College of Science and Technology (College Imperial de Ciência e Tecnologia) em Londres. Ele diz que,
... a repetição exacta de um terramoto antigo no presente seria diferente não apenas no tipo de estruturas danificadas mas também no grau dos danos. Em alguns casos estruturas modernas seriam afectadas mais severamente do que edifícios antigos. Há dez séculos, um grande terramoto longínquo não causaria praticamente nenhuns danos em Istambul, Ankara ou Jerusalém; o mesmo terramoto hoje causaria danos num grande número de estruturas que existem há muito tempo nestas cidades.24
Muito naturalmente, muitos terramotos em tempos antigos, embora envolvendo danos substanciais, não verificariam o critério puramente arbitrário da Watch Tower Society, de "5 milhões de dólares ou mais em propriedades destruídas."
Obviamente o novo critério para "grandes terramotos" sugerido pela Watch Tower Society foi elaborado para qualificar o maior número possível de terramotos depois de 1914 e para excluir tantos quanto possível do período anterior àquele ano. Nós não estamos de maneira nenhuma surpreendidos ao descobrir que os cálculos baseados em tais raciocínios distorcidos e tendenciosos pareceriam mostar um enorme aumento de "grandes" terramotos no nosso século comparado com séculos anteriores. O artigo da Awake! acabado de citar concluíu:
Desde 1914 a média anual de terramotos relatados tem aumentado. Existem 11 vezes o número de terramotos que ocorreram anualmente, em média, durante os 1.000 anos anteriores àquela data. E 20 vezes a média anual dos 2.000 anos anteriores a 1914.25
A situação sismológica do mundo actualmente não se presta a esse tipo de comparações estatísticas com a situação dos últimos dois milénios. Isto porque, conforme demonstrado antes, a informação disponível sobre terramotos de séculos anteriores é muito dispersa. De facto, para continentes inteiros os dados são completamente inexistentes para a maior parte dos últimos dois mil anos, e especialmente antes do ano 1700. Também foi apenas neste século que os abalos que ocorrem no fundo dos oceanos ou em regiões desabitadas puderam ser registados, e no entanto é nestas regiões que a grande maioria dos terramotos de grande magnitude ocorrem.
Também se deve notar que o método de comparação usado nos cálculos anteriormente citados contém outro elemento fraudulento, que não é facilmente reconhecido pelo leitor desprevenido. Ao prolongar o período de comparação anterior a 1914 para trás no tempo milhares de anos para incluir as longas eras de fraco registo de terramotos, a Watch Tower Society naturalmente obtém uma média anual total muito baixa, mesmo para séculos mais recentes quando os relatos de facto aumentaram. Isto esconde o elevado número de grandes terramotos conhecido dos últimos séculos, nivelando-os com a ajuda de séculos mais recuados quando o registo era fraco. Além disso, é ainda ocultado que este método não aponta mais para 1914 do que qualquer outra data dos últimos 200-300 anos. Por isso a escolha de 1914 como o "ponto de viragem" sísmico é completamente arbitrária. Seria igualmente possível usar o mesmo método para escolher, por exemplo, 1789, quando começou a Revolução Francesa, ou 1939, quando a II Guerra Mundial começou, e obter resultados similares. Seja qual for a data dos últimos 200 ou 300 anos que se escolha como ponto de separação, teria a grande vantagem de os registos modernos se seguirem, dando um grande aumento aparente na média anual.
É certo que qualquer cientista que distorcesse e manipulasse dados estatísticos desta maneira num jornal de investigação seria rapidamente denunciado como fraudulento. Contudo, num periódico religioso lido por milhões de pessoas que não suspeitam de nada e que sentem que pode ser um pecado por em dúvida os seus líderes, cálculos desses passam facilmente como se fossem fatos solidamente estabelecidos.
Ao predizer "grandes terramotos" Jesus evidentemente não tinha em mente nenhum padrão moderno, como magnitudes na escala de Richter, ou um certo número mínimo de mortos ou danos calculados segundo padrões monetários modernos. O uso que a Watch Tower Society faz de tais padrões não nos convence, pois devia ser natural para os Cristãos recorrerem em primeiro lugar à Bíblia para clarificação. É verdade que um terramoto que danifica "um décimo" de uma cidade e mata "sete mil pessoas" é chamado "grande" em Revelação capítulo onze, versículo treze. Contudo, os dois terramotos descritos como "grandes" em Mateus capítulo vinte e oito, versículo dois, e Atos capítulo dezasseis, versículo vinte e seis, não causaram nenhum dano apreciável, nem perdas de vidas. Não obstante a Sociedade aceita ambos como prova de que houve um "cumprimento das palavras de Jesus no primeiro século" no que diz respeito a grandes terramotos!26
Portanto, das próprias Escrituras só é razoável concluir que Jesus falou de "grandes terramotos" em sentido geral, de terramotos afectando -- com maior ou menor severidade -- pessoas, propriedades e terras. Não é razoável supor que ele tinha em mente estatísticas de médias anuais de mortes antes e depois de certas datas! Ainda assim, visto que esses números desempenham um papel muito importante nos cálculos da Sociedade, vamos proceder agora a um exame mais minucioso das suas estatísticas.
Como "provar" através de estatísticas
Num artigo intitulado "Podem as Estatísticas Enganá-lo?" a revista Awake! de 22 de Janeiro de 1984, disse na página 25:
Dizem-nos que os números não mentem. Mas tenha cuidado. Se forem usados honestamente, podem ser muito informativos e úteis. Contudo, as estatísticas também podem ser apresentadas de uma maneira que o enganem.
Os exemplos apresentados a seguir mostrarão que este aviso tem uma pertinência de que o seu escritor provavelmente não se apercebeu.
Segundo a Awake! de 22 de Fevereiro de 1961, página 7, o número de mortes anual estimado para terramotos anteriores a 1914 era 5.000.
Mas em 1974 a Watch Tower Society baixou esse número. A The Watchtower de 1.º de Fevereiro daquele ano citou uma frase do 1971 Nature/Science Annual (Anuário da Nature/Science de 1971), segundo o qual "mais de três milhões de pessoas (possivelmente quatro milhões)" morreram em terramotos durante os últimos 1.000 anos. Estimando que pelo menos 900.000 destas tinham morrido desde 1914, a Sociedade apresentou as seguintes estatísticas impressionantes (página 73):
Mortes em terramotos em cada ano
Antes de 1914: 3.000
Desde 1914: 15.000
Estas mesmas estatísticas foram publicadas outra vez na Awake! de 8 de Janeiro de 1977 (páginas 15 e 16). Contudo, o livro Felicidade Como Encontrá-la, publicado em 1980, arranjou maneira de "melhorar" consideravelmente os números, como a tabela na página 149 mostra:
Mortes em terramotos
Até 1914: 1.800 por ano
Desde 1914: 25.300 por ano
É relativamente simples de explicar que em apenas cinco ou seis anos (de 1974 até 1980) estas publicações da Watch Tower tenham aumentado o número de mortes anuais desta maneira -- de 15.000 para 25.000.
Em 1976 a China foi atingida pelo terramoto que matou mais pessoas neste século. Jornais ocidentais, induzidos em erro por um relatório prematuro de Hong Kong, deram o número de mortos pelo terramoto como sendo 650.000 ou mais (alguns até disseram 800.000). Se este número for dividido pelo número de anos que tinham passado nessa altura desde 1914 (62 anos, de 1915 até 1976 inclusive), obtemos uma média -- só deste terramoto -- de perto de 10.500 mortes por ano. Assim um único grande terramoto pode criar estatísticas impressionantes para toda uma geração! Se em vez deste terramoto considerássemos o grande terramoto na China em 1556 que aparece na lista como tendo causado 830.000 vítimas, e então dividissemos esse número de mortos pelo mesmo número de anos (62), obteriamos uma média de cerca de 13.400 mortes por ano só desse terramoto.27 (Adicionando outros terramotos desastrosos daquele século aumentaria, obviamente, de forma substancial o número de mortes anuais durante aquele século dezasseis.)
Contudo, a Watch Tower Society com o seu método de empregar as estatísticas, não se limitou a aumentar a taxa anual de mortes depois de 1914 de 15.000 para 25.300. Eles também conseguiram reduzir o número de mortes anuais antes de 1914 de 3.000 por ano (segundo as suas estatísticas de 1974) para apenas 1.800 por ano (segundo as suas estatísticas de 1980)! Isto deixa-nos de facto perplexos. Como é que eles chegaram a este número?
A resposta é que as estatísticas mais recentes (e mais baixas) não se baseiam nos 3-4 milhões de vítimas de terramotos durante os últimos 1.000 anos, como as estatísticas anteriores da sociedade, mas no número muito mais pequeno de 1.973.000 vítimas durante um período de 1.059 anos. O facto extraordinário disto é que este novo número não é uma estimativa feita por algum sismologista moderno -- é um número que a própria Watch Tower Society criou ao adicionar o número de mortos em apenas 24 terramotos maiores, seleccionados dentre literalmente milhares de terramotos destrutivos que ocorreram nos 1.059 anos anteriores a 1914!
O novo número apareceu primeiro na revista Awake! de 22 de Fevereiro de 1977, página 11. Em relação a uma lista dos 43 terramotos do período 1915-1976, declarou:
Curiosamente, para um período de 1.059 anos (856 até 1914 E.C.), fontes fidedignas enumeram apenas 24 terramotos maiores, com 1.972.952 mortes. Mas compare isto com a lista parcial anexa que cita 43 ocorrências de terramotos, nos quais 1.579.209 pessoas morreram durante apenas os 62 anos desde 1915 até 1976 E.C..... O aumento dramático na actividade sísmica desde 1914 ajuda a provar que estamos agora a viver no tempo da presença de Jesus.
A declaração de que 'fontes fidedignas enumeram apenas 24 terramotos maiores para os 1.059 anos desde 856 até 1914' está tão longe da verdade que é quase impossível compreender como é que alguém mesmo só com um conhecimento elementar do assunto podia fazer tal declaração. A verdade é que fontes fidedignas enumeram literalmente milhares de terramotos destrutivos durante este período! (A evidência disto será discutida na última secção deste capítulo.) E isto não é de maneira nenhuma o fim do assunto. O escritor do artigo da Awake! pega naqueles 24 terramotos anteriores a 1914 e tenta fazer uma comparação entre estes e os terramotos dos 62 anos a seguir a 1914. Mas enquanto que os 24 terramotos foram todos catástrofes maiores, são agora comparados com uma lista moderna que inclui tanto grandes como pequenos desastres (alguns têm número de mortos: 52, 65, 115, 131, e assim sucessivamente).
O método de comparação desigual ou é o resultado de negligência completa ou de deformação deliberada e manipulação de fatos. E, para distorcer ainda mais a imagem, o escritor descreve a sua lista de terramotos posteriores a 1914 como "parcial," deixando assim implícito que os 24 terramotos maiores atribuídos aos 1.059 anos anteriores a 1914 é um número completo! Com isto a declaração fica tão longe da realidade que é quase cómica.28
E no entanto é baseada em números absurdos deste tipo que a Watch Tower Society tem construído os seus dados acerca do número médio de mortes anuais antes e depois de 1914 nas suas publicações.29
A tendencia é visível. Nas estatísticas da Watch Tower Society enquanto o número de mortes anuais depois de 1914 tem sido aumentado, o número médio de mortes anuais anteriores a 1914 tem sido constantemente diminuído, como se segue:
Mortes anuais em terramotos antes de 1914
Estatísticas da Sociedade em 1961: 5.000 por ano
Estatísticas da Sociedade em 1974: 3.000 por ano
Estatísticas da Sociedade em 1980: 1.800 por ano
Se esta tendencia continuasse à mesma taxa por mais 20 anos, o número de mortos anual anterior a 1914 seria reduzido a zero nas estatísticas da Watch Tower Society!
Quantas pessoas morreram realmente em terramotos na história? Devido às fontes incompletas ninguém pode responder com certeza absoluta e as estimativas variam. "Foi estimado que mais de sete milhões de pessoas perderam as suas vidas em terramotos," escreveu Verney.30 Outra fonte declara que provavelmente dez milhões morreram em terramotos desde o tempo de Cristo.31 Contudo, um destacado sismólogo, o Professor Båth, diz:
Foi estimado que durante os tempos históricos 50 a 80 (segundo uma estimativa: 74) milhões de pessoas perderam as suas vidas em terramotos ou nas suas consequências imediatas, como fogos, desmoronamentos, tsunamis, etc.32
Portanto, é óbvio que as estimativas de mortes anuais em terramotos no passado serão tão divergentes como os palpites acerca do número total de mortos sobre os quais se baseiam. O aumento populacional é um factor importante. Visto que cerca de metade da população mundial vive nas faixas de terramotos da terra, por certo não seria surpreendente se o número de mortes em terramotos fosse proporcional ao aumento populacional nessas áreas. Contudo isto não constituiria prova de que os terramotos têm aumentado quer em número quer em gravidade.
Junto com números para os terramotos anteriores a 1914 e as suas estatísticas variáveis do número de mortos, a Watch Tower Society tem publicado listas de terramotos com número de mortos do ano 1914 em diante. Curiosamente, o número de mortos nestas listas também parece mudar de uma lista para a seguinte, e estas diferem de relatórios autorizados em vários pontos. Uma comparação entre as duas últimas listas -- publicadas na Awake! de 22 de Fevereiro de 1977, página 11, e na The Watchtower de 15 de Maio de 1983, página 7 -- dá o seguinte resultado:
Terramotos Número de mortos
segundo a
Awake! de 22/2/1977Número de mortos
segundo a
Watchtower de 15/5/19831920, China
1939, Turquia
1950, Índia
1962, Irão
1972, Nicarágua
1976, China
180.000
23.000
1.500
10.000
6.000
655.235
200.000
30.000
20.000
12.230
10.000
800.000
Total: 875.735 1.072.230
Como se pode ver, o número de mortos foi aumentado na lista mais recente num total de quase 200.000! Isto não significa que os números foram deliberadamente falsificados. As listas que apresentam o número de mortos em terramotos, publicadas em diferentes trabalhos, variam frequentemente. Mas as listas da Watch Tower Society revelam uma tendencia clara para escolher sempre os números mais elevados, e não os mais fiáveis, nestes trabalhos, evidentemente numa tentativa de apresentar os terramotos do século vinte como sendo tão "grandes" quanto possível, enquanto a tendencia para reduzir os números e o tamanho dos terramotos antes de 1914 é igualmente visível. Este não é um uso honesto e objectivo da informação.
Na realidade, os trabalhos mais autorizados apresentam frequentemente números muito mais baixos do que aqueles dados pela Watch Tower Society nas suas duas listas posteriores a 1914 citadas acima. O terramoto na China em 1920, que as listas da Sociedade afirmam ter custado 180.000 ou 200.000 vidas, segundo a Encyclopedia Americana fez cerca de 100.000 vítimas.33 Similarmente o grande terramoto na China em 1976, que a última lista da Sociedade apresenta como tendo causado 800.000 mortes, na realidade ceifou 242.000 vidas segundo os números publicados pelas autoridades chinesas!34 Geralmente os simólogos acreditam que este número mais baixo é o correcto.35 Atendendo a que a última estimativa de mortes anuais em terramotos desde 1914, publicada pela Sociedade, é baseada em números que incluem o número 650.000 como sendo o número de mortos neste terramoto, a correcção aqui mencionada reduz o número de mortos apresentado pela Sociedade em um terço!36
Os números variáveis que se encontram em diferentes trabalhos demonstram claramente como é uma tarefa difícil tentar fazer quaisquer comparações entre terramotos antes e depois de 1914 baseadas no número de mortos. Também demonstra como é fácil criar uma imagem estatística aparentemente muito impressionante e convincente, mas completamente enganadora, simplesmente escolhendo apenas aqueles números que apoiam melhor um ponto de vista preconcebido, de entre as muitas listas diferentes que têm sido publicadas. Fazer isto reflecte, no melhor dos casos, pesquisa superficial e jornalismo irresponsável; no pior, engano deliberado.
Como "provar" com citações
A actividade sísmica na crosta terrestre não é muito constante. Essa actividade parece ter tido ciclos variáveis em diferentes períodos do passado, com períodos de maior e menor actividade. Contudo a evidência mostra que, numa perspectiva de longo prazo, a actividade tem sido estável. As flutuações acima mencionadas são, portanto, apenas variações menores num padrão global. Alguns escritores populares pensam que a terra está agora a travessar um dos períodos de aumento de actividade. "Existem agora indicações de que o planeta Terra está a entrar numa era de actividade sísmica crescente," escreve Verney.37
Mas é duvidoso que qualquer sismólogo concordasse com isto. É verdade que a The Watchtower de 15 de Maio de 1983 afirma que o sismologista Keiiti Aki "fala do 'aumento aparente na intensidade e frequência de terramotos maiores durante os últimos 100 anos,' embora afirme que o período desde 1500 até 1700 foi tão activo como este." (Página 6) É difícil perceber como é que uma declaração destas pode ser útil à Watch Tower Society visto que abrange "os últimos cem anos," em vez do período muito mais curto desde 1914.
Contudo, o verdadeiro significado da declaração do Professor Aki foi obviamente deturpado pela Watch Tower Society. Na sua carta para a Watch Tower Society, o Professor Aki não indicou que tinha havido um aumento real na actividade sísmica durante os último cem anos. A declaração completa dele foi:
O aumento aparente em intensidade e frequência de terramotos maiores durante os últimos cem anos é, com toda a probabilidade, devido a um melhor registo de terramotos e à vulnerabilidade crescente da sociedade humana aos danos provocados por terramotos. (Carta de Keiiti Aki para a Watch Tower Society, datada de 30 de Setembro de 1982. Uma cópia desta carta é apresentada no Apêndice A.)
Aquela carta torna claro que a revista Watchtower usou mal a informação que lhes foi fornecida. A carta do Professor Aki para a Watch Tower Society mostra que quando se referiu ao "aumento aparente em intensidade e frequência de terramotos maiores" ele claramente usou o termo "aparente" no sentido de um aumento ilusório, não no sentido daquilo que é evidente ou perceptível, pois ele afirmou na mesma frase que este aumento "aparente" foi "com toda a probabilidade, devido a um melhor registo de terramotos e à vulnerabilidade crescente da sociedade humana aos danos provocados por terramotos." A Watch Tower Society achou conveniente ignorar esta parte, dando assim à frase citada um sentido que ela não tem.
O verdadeiro ponto de vista do Professor Aki é que não houve nenhum aumento da actividade sísmica no nosso século, e que a sismicidade da terra tem sido estacionária durante milénios. Numa carta privada para os autores, datada de 5 de Setembro de 1985, o Professor Aki explica:
Eu penso firmemente que a sismicidade tem estado estacionária por milhares de anos. Eu estava a tentar convencer as Testemunhas de Jeová sobre a estacionaridade da sismicidade, usando os dados obtidos na China para o período de 1500 até 1700, mas eles só colocaram fraca ênfase na declaração publicada. (Para a totalidade da carta, veja o Apêndice A.)
Portanto, é óbvio que a The Watchtower citou o Professor Aki de uma maneira que dissimulou a sua verdadeira posição e pontos de vista. Como observou o Professor Aki, ao ser confrontado com o uso que a Watch Tower Society fez da carta dele, "é claro que eles citaram a parte que queriam, eliminando a minha mensagem principal," a saber, que a sismicidade tem sido essencialmente estável, sem nenhum aumento. (Carta de Keiiti Aki para os autores, datada de 16 de Junho de 1986.)
Infelizmente, tem de ser dito que este método de "provar" um assunto não é de maneira nenhuma uma excepção nas publicações deste movimento, como demonstram os seguintes exemplos adicionais.
Em Setembro de 1950 a revista Scientific American publicou uma pequena notícia sobre actividade sísmica. Partes dela foram citadas nas publicações da Watch Tower, vez após vez, durante cerca de vinte anos, como a principal prova para a sua afirmação de que os grandes terramotos têm aumentado em número desde 1914. As declarações citadas pela Watch Tower Society são as seguintes:
Terramotos maiores costumavam ocorrer em vagas, cada período de actividade sendo seguido por um período calmo.... Mas os períodos de actividade tornaram-se progressivamente mais pequenos e mais próximos uns dos outros. Desde 1948 o padrão entrou numa nova fase com aproximadamente um grande terramoto por ano.38
Padrões de Terramotos
Poderão os sismólogos algum dia predizer terramotos? Investigadores do California Institute of Technology (Instituto de Tecnologia da Califórnia) parecem ter dado um passo nessa direcção. Eles descobriram evidência de que os terramotos ao redor do mundo seguem um padrão geral de recorrência e estão relacionados com um sistema de forças mundial.
Investigadores do Laboratório Sismológico do Instituto estudaram os quarenta e oito grandes terramotos que ocorreram por todo o mundo desde 1904, quando começaram observações instrumentais fiáveis. O estudo estava limitado aos terramotos de superfície altamente destrutivos, que ocorreram a menos de 45 milhas abaixo da superfície terrestre. Todos estes terramotos seguem um padrão "tão ordeiro e regular como o fio cortante de uma serra."
Terramotos maiores costumavam ocorrer em vagas, cada período de actividade sendo seguido por um período calmo. Assim, houve actividade violenta entre 1904 e 1907 e depois um período calmo de 10 anos, com excepção de dois terramotos em 1911 e 1912. Quatro períodos mais activos, separados por intervalos calmos, ocorreram entre 1917 e 1948. Mas os períodos de actividade tornaram-se progressivamente mais pequenos e mais próximos uns dos outros. Desde 1948 o padrão entrou numa nova fase, com aproximadamente um grande terramoto por ano. Em vez de se acumular ao longo de um período de vários anos, a tensão na crosta terrestre parece agora libertar-se assim que é gerada.
A natureza da "força global" que controla este padrão ordenado é desconhecida. Uma especulação diz que aumentos periódicos na taxa de spin da terra devidos a pequenas alterações nas forças gravitacionais do sol e da lua podem alargar a terra, abrindo fendas suficientemente grandes para libertar as tenções acumuladas.
Scientific American, Setembro de 1950, página 48.
As frases citadas pelas publicações da Watch Tower, quando isoladas do seu contexto, transmitem fortemente a impressão de um aumento no número de terramotos maiores no nosso século, e especialmente desde 1948. Contudo, um exame cuidadoso de toda a notícia dá uma impressão muito diferente. Para proveito do leitor, apresentamos acima a notícia na sua totalidade.
Será que a notícia afirma realmente que os terramotos maiores aumentaram em número desde 1948? Diz que eles têm sido mais violentos e destrutivos desde essa data? Não, não diz. A notícia refere-se a um estudo de um tipo especial de grandes terramotos, "os terramotos de superfície altamente destrutivos, que ocorreram a menos de 45 milhas abaixo da superfície terrestre." Ocorreram quarenta e oito terramotos deste tipo entre 1904 e 1950, isto é, cerca de um terramoto destes por ano, em média. Mas enquanto anteriormente costumavam ocorrer em vagas, seguidos por um período calmo, o padrão entrou numa nova fase em 1948, "com aproximadamente um grande terramoto [isto é, de magnitude 8.0 ou superior] por ano." Portanto o número médio de terramotos continuou o mesmo.
Para ilustrar isto, se num período de dez anos uma vaga de quatro grandes terramotos ocorresse no primeiro ano, outra vaga de três no sexto ano, e uma terceira vaga de três no décimo, sendo os anos intercalares calmos, o número total seria dez grandes terramotos no período de dez anos. Seria igual se tivesse havido um grande terramoto cada ano durante o período de dez anos. O número total seria o mesmo nos dois casos.
A notícia do Scientific American (Americano Científico) mostra claramente que não ocorreu nenhum aumento seja no número total seja no tamanho dos terramotos. Só foi possível criar a impressão contrária por terem sido citadas duas ou três frases fora do contexto.
Segundo o estudo dos sismólogos Båth e Duda, mencionado anteriormente, ocorreram cerca de 20 terramotos maiores (magnitude 7.0 ou superior) por ano de 1897 a 1977. Não pode ser demonstrada nenhuma mudança assinalável no padrão para este período na sua globalidade, excepto a frequência dos maiores terramotos ter sido quase duas vezes tão grande antes de 1920, como em todo o período posterior até 1977. Portanto, a "nova fase" mencionada na Scientific American (Americano Científico) de Setembro de 1950, deve ter sido um episódio comparativamente trivial no padrão maior.39
Apesar disto, as frases citadas fora do contexto pela Watch Tower Society foram usadas, vez após vez, numa tentativa para "provar" que a actividade sísmica entrou numa fase nova e mais violenta em 1948, e que esta fase tem continuado desde então. É claro que, a longo prazo, a notícia do Scientific American (Americano Científico) de Setembro de 1950 não podia ser exibida de cada vez que isto precisava de ser "provado."40
NÚMERO DE GRANDES "TERRAMOTOS DE SUPERFÍCIE", 1897-1977
Esta figura mostra o número de grandes terramotos de superfície em 1897-1977, medindo 7.8 ou mais na escala de Richter. Estes são normalmente os terramotos mais destrutivos, especialmente quando atingem áreas densamente povoadas. O grande terramoto que atingiu a Cidade do México em 19 de Setembro de 1985, pertence a esta categoria. Cerca de 2.1 terramotos deste tipo ocorrem em média cada ano. Não foi observado nenhum aumento no número de tais terramotos no nosso século. Com respeito àqueles que designariam 1914 como um ponto de viragem, o facto é que o número foi maior no período anterior a 1914! (K. Abe & H. Kanamori em Tectonophysics [Física Tectónica], Vol. 62, 1980, p. 196.)
Apresentada uma nova "evidência"
Em 1978 a afirmação na revista Scientific American (Americano Científico) vinha sendo usada já por cerca de vinte anos como a principal ou única "prova" neutral da Watch Tower Society de um suposto aumento na actividade sísmica desde 1914. Contudo, em 1978 outra "evidência" começou a ser citada, que tem servido como virtualmente a única fonte de prova "neutral" desde então. Uma análise mais cuidadosa da fonte e da dependência desta nova evidência dar-nos-á ainda outra lição interessante sobre a arte da Sociedade em "provar" com a ajuda de citações.
A afirmação errada apresentada em 1977, segundo a qual "fontes fidedignas enumeram apenas 24 terramotos maiores" desde 856 A.D. até 1914 tornar-se-ia em breve útil à Watch Tower Society ainda de outra maneira inesperada. No ano seguinte àquela afirmação ter sido publicada, o escritor Geo Malagoli apresentou no jornal Italiano Il Piccolo, de 8 de Outubro de 1978, os seguintes pontos de vista:
A nossa geração vive num período perigoso de elevada actividade sísmica, como mostram as estatísticas. De facto durante um período de 1.059 anos (de 856 a 1914) fontes fidedignas enumeram apenas 24 terramotos maiores que causaram 1.973.000 mortes. Contudo, se compararmos este número à lista parcial de desastres recentes, descobrimos que morreram 1.600.000 pessoas em apenas 63 anos, como resultado de 43 terramotos que ocorreram desde 1915 até 1978. O aumento dramático enfatiza ainda mais outro facto aceite -- a nossa geração é desafortunada sob muitos aspectos. (Citado de The Watchtower, 15 de Maio de 1983, página 6.)
Ao declarar que o número de mortos indica que este é um "período de elevada actividade sísmica," Geo Malagoli revela que definitivamente não é um sismólogo.41 Contudo, ele é claramente um leitor da revista Awake!. Uma comparação cuidadosa mostrará que a declaração dele é praticamente uma repetição palavra-por-palavra da mesma declaração publicada pela Watch Tower Society um ano e meio antes. (Veja a página 62.)
É perfeitamente evidente que a fonte da "informação" de Malagoli foi a revista Awake! de 22 de Fevereiro de 1977, anteriormente citada. As pequenas diferenças são fáceis de explicar. Ele arredondou os números: 1.972.952 para 1.973.000, e 1.579.209 para 1.600.000. Como tinha passado um ano desde que os números tinham sido originalmente publicados na revista Awake!, ele também aumentou os 62 anos (de 1915 a 1977) para 63 anos (1915-1978). Mas à parte disto, todos os detalhes são idênticos. E daquela data em diante este Geo Malagoli começou a aparecer nas publicações da Watch Tower, vez após vez, sempre que o assunto dos terramotos era trazido a discussão -- elevado à posição de uma autoridade em terramotos, neutral e imparcial!
A declaração de Malagoli no Il Piccolo foi primeiro aproveitada e citada sob o cabeçalho "Observando as Notícias" na The Watchtower de 15 de Junho de 1979 (página 11), sem que o leitor tenha sido informado que Malagoli tinha por sua vez tomado a sua informação emprestada da revista Awake!. No ano seguinte -- em 1980 -- Malagoli e a sua declaração apareceram outra vez, agora no livro Felicidade Como Encontrá-la, onde é citado na página 148 como a única "evidência" apresentada para o alegado aumento na actividade sísmica desde 1914. Alguns meses mais tarde, na Awake! de 8 de Outubro de 1980, Malagoli é citado outra vez como a única fonte de evidência:
Tem a frequência dos terramotos realmente aumentado? A revista Italiana Il Piccolo observou: 'A nossa geração vive num período perigoso de elevada actividade sísmica, como mostram as estatísticas.' E depois apresentou números dos últimos mil de anos para o provar. (Páginas 20 e 21)
E é claro que eles evitaram mencionar o facto de os 'números apresentados' terem sido -- originalmente -- apresentados pela própria Watch Tower Society.
Em 1981 Malagoli foi citado no livro da Sociedade "Venha o Teu Reino" na página 113, e em 1982 os números "dele" foram referidos três vezes: na Awake! de 8 de Abril, página 13, na The Watchtower de 15 de Abril, página 9, e no novo livro de estudo Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, página 151. Em todos os casos os números de Malagoli foram a única "evidência" apresentada para o aumento na actividade sísmica. Na discussão especial da actividade sísmica publicada na The Watchtower de 15 de Maio de 1983, Malagoli foi apresentado outra vez como a principal testemunha (além das próprias estatísticas enganadoras da Watch Tower Society) para o alegado aumento na actividade sísmica desde 1914. Incrível como possa parecer, desta vez a declaração dele foi usada para "contradizer" o que uma autêntica autoridade em terramotos, Keiiti Aki, afirmou, nomeadamente, que o período de 1500 a 1700 foi tão activo como os últimos 100 anos!
Assim descobrimos que a principal, sim, a única prova aparentemente "neutral" e "imparcial" da Watch Tower Society em como a actividade sísmica tem aumentado desde 1914 é um escritor italiano, que -- sem dúvida de boa fé -- tomou a sua "informação" emprestada directamente da revista Awake!. Aquela "informação" sobre actividade sísmica no passado é, por sua vez, completamente errada e não tem nada a ver com a verdadeira evidência histórica. O facto de a Sociedade, vez após vez, ter apresentado esta falsa informação -- aparentemente tomada de uma fonte neutral -- com o objectivo de "provar" a sua interpretação do "sinal" desde 1914, deveria induzir todos os leitores honestos das suas publicações a interrogarem-se se esta Sociedade merece genuinamente a confiança deles quando faz aquelas afirmações espantosas.
Citações tiradas do contexto e às quais é dado um significado diferente, deturpado, selecção tendenciosa de números e dados, mau uso e até invenção de estatísticas que são depois apresentadas como se tivessem vindo de uma fonte exterior, neutral -- estes são os métodos empregados pelas publicações da Watch Tower para apoiar a alegação de que o número de terramotos e de vítimas dos mesmos têm aumentado desde 1914. Como é que pessoas consideradas devotas e respeitáveis recorrem a estes métodos?
Um artigo intitulado "Fraude na Ciência," publicado na Awake! de 22 de Maio de 1984, indicou que cientistas dedicados tais como Ptolomeu, Galileu, Mendel, Newton e outros algumas vezes recorreram a manipulação de números, selecção e até invenção de dados para apoiar as suas teorias. O artigo diz então que, "independentemente de quão consciencioso e honrado um cientista, ou qualquer pessoa, possa ser em outras coisas, quando a sua própria reputação e interesses estão em jogo, pode tornar-se muito dogmático, irracional, até mesmo descuidado, ou atalhar caminho." (Página 6) Enfatizando que "também a ciência tem os seus esqueletos no armário," o artigo conclui:
As fraudes ocasionais deles deviam fazer-nos compreender que embora a ciência e os cientistas sejam frequentemente colocados num pedestal, o seu lugar nele devia ser cuidadosamente reconsiderado. (Página 8)
Nós perguntamos: Quando tais "esqueletos" também são encontrados no "armário" de uma organização religiosa, não devia isso induzir a uma reconsideração similar da posição elevada que essa organização reclama para si própria?
Terramotos à luz da história
Quais são, então, os fatos reais sobre terramotos no passado? Se, como os sismólogos claramente demonstram, milhares de terramotos destrutivos ocorreram durante o período desde 856 até 1914, como é possível que alguém afirme que "ocorreram apenas 24 terramotos maiores" durante aquele período? Uma possibilidade é que tal lista tenha sido encontrada sob a entrada "Terramoto" num trabalho de referência de um tipo ou outro. Enciclopédias e outros trabalhos de referência apresentam muitas vezes tabelas com uma selecção resumida dos maiores terramotos do passado. Mas em nenhum caso descobrimos alguma vez qualquer de tais listas que afirme ser completa. Pelo contrário, somos normalmente informados de uma maneira ou outra que a lista apresentada é incompleta. Assim, os sismólogos Frank Press e Raymond Siever, na página 651 do seu popular manual Earth (Terra; São Francisco 1974) apresentam 32 (note!) terramotos de 856 até 1914 sob o cabeçalho "Alguns dos piores terramotos do mundo (em vidas perdidas)." Claramente, só um escritor grosseiramente ignorante dos fatos poderia honestamente afirmar que a história anterior a 1914 reconhece apenas 24 grandes terramotos! Só um tal escritor poderia também escrever a seguinte afirmação na página 18 da Awake! de 8 de Maio de 1974:
Mais ainda, os grandes terramotos do passado foram geralmente acontecimentos isolados com anos, e até séculos, a separá-los. Não houve muitos deles numa única geração.
Numa declaração muito similar, o livro de Hal Lindsey, The 1980's -- Countdown to Armageddon (Os Anos 80 -- Contagem Decrescente para o Armagedom; 1981), na página 29 diz:
Ocorreram muitos terramotos grandes ao longo da história, mas, segundo registos surpreendentemente bem mantidos, no passado eles não ocorriam muito frequentemente. O século 20, contudo, tem experimentado um aumento sem precedentes na frequência destas calamidades. De facto, o número de terramotos por década tem quase duplicado em cada um dos períodos de dez anos desde 1950.
Embora lhes falte mesmo o mínimo fundamento, estas declarações podiam ser a impressão precipitada obtida por alguém cuja principal, talvez a única, informação sobre terramotos na história fosse uma rápida vista de olhos por tabelas contendo selecções parciais de grandes terramotos.
Conforme foi mostrado, as listas de terramotos cuidadosamente trabalhadas por sismólogos apresentam um número muito maior de grandes terramotos para o período 856-1914. Por esta razão a Watch Tower Society achou necessário tentar minar a confinaça nestas listas. A revista Awake! de 8 de Maio de 1974 disse:
Nem todos os registos históricos sobre 'grandes' terramotos do passado inspiram confiança na sua fidedignidade. Era esse o ponto de vista do conhecido catalogador John Milne. 'Nestes catálgos,' lemos na edição de 1939 do seu livro Earthquakes and other Earth Movements (Terramotos e outros Movimentos da Terra; revisto e reescrito por A. W. Lee), 'há dúvidas nas datas, ou até nos anos, para muitos dos terramotos antigos. Há muitas referências inexactas ou obscuras nos escritos originais.' (Página 18)
Com esta citação, tirada do contexto, a Watch Tower Society recusa todos os catálogos de milhares de terramotos do passado, cuidadosamente compilados por especialistas modernos. Será que John Milne e A. W. Lee achavam mesmo que estes catálogos podiam ser ignorados, porque os documentos antigos contêm muitas vezes "referências inexactas ou obscuras," e porque "há dúvidas na data, ou até nos anos," de muitos dos terramotos? A declaração de Milne considerada no seu contexto transmite ao leitor uma impressão muito diferente:
A informação disponível para análise da distribuição dos terramotos em diferentes partes do mundo ao longo dos tempos históricos foi reunida em muitos catálogos. Os catálogos mais antigos, foram elaborados a partir de relatórios encontrados nas histórias de vários países, são necessariamente incompletos, e não transmitem uma representação correcta da distribuição dos fenómenos sísmicos por todo o globo. Nestes catálogos há dúvidas nas datas, ou até nos anos, para muitos dos terramotos antigos. Há muitas referências inexactas ou obscuras nos escritos originais, e as datas são frequentemente dadas segundo algum sistema de reconhecimento pouco conhecido. As entradas para estes abalos antigos referem-se, na maior parte dos casos, a desastres muito dispersos.42
Lida na totalidade e dentro do contexto, a estimativa de Milne (e de Lee) dos catálogos apresenta um significado muito diferente. O que eles de facto indicam é que, visto que os catálogos mais antigos são incompletos, o número real de terramotos antigos era realmente maior, e que estes catálogos, por essa razão, não transmitem uma representação exacta do alcance total da situação no que respeita à actividade sísmica mais antiga. As dúvidas a respeito de certas datas ou anos, dizem eles, devem-se ao facto de as datas serem frequentemente dadas segundo algum sistema de reconhecimento que é pouco conhecido hoje. Portanto, isto não quer dizer de maneira nenhuma que as fontes antigas foram descuidadas e portanto pouco fiáveis a este respeito, uma impressão criada pela Watch Tower Society quando tira a declaração do contexto e interrompe a citação a meio de uma frase. Nem a observação de que as descrições dos terramotos antigos contêm por vezes "referências pouco exactas ou obscuras" constitui uma negação de estes terramotos terem de facto ocorrido.
Recorrendo a um dos escritores clássicos da antiguidade, obtemos uma ilustração interessante desta incompletude dos catálogos existentes de terramotos do passado. Poucos antes da sua morte em 65 A.D. o famoso escritor romano Séneca afirmou que terramotos frequentes eram há muito tempo uma característica do mundo antigo:
Quantas vezes cidades na Ásia, na Acaia, foram deitadas abaixo por um único terramoto! Quantas cidades na Síria, na Macedónia, foram engolidas! Quantas vezes este tipo de devastação deixou Chipre em ruínas! Quantas vezes Paphos sofreu colpaso! Não é raro chegarem até nós notícias da destruição completa de cidades inteiras. (Seneca Ad Lucilium Epistulae Morales [Epístolas sobre os Costumes de Séneca para Lucílio], traduzidas por Richard M. Gummere, Vol. II, Londres & Nova Iorque, 1920, p. 437.)
Nenhum catálogo de terramotos actualmente existente teria a pretensão de abranger todos os abalos desastrosos que esta declaração pressupõe. De facto, apenas um pequeno número dos terramotos anteriores a 65 A.D. foram especificamente identificados. Mas seria certamente um erro inferir daqui que as catástrofes de terramotos "não ocorreram muito frequentemente" no passado, como afirma o autor Lindsey e a revista da Watch Tower, Awake! deixa implícito. O testemunho pessoal de Séneca é que numa época tão recuada como o primeiro século os terramotos ocorreram com frequência notável. Que poucos pormenores, se é que alguns, sejam hoje conhecidos sobre estes terramotos destrutivos certamente não significa que eles não ocorreram.
Que os modernos catálogos de terramotos, longe de exagerarem o número de abalos no passado, na verdade enumeram apenas uma pequena parte deles, tem sido observado por vários sismólogos. Em 1971, por exemplo, o sismólogo N. N. Ambraseys do Imperial College of Science and Technology (College Imperial de Ciência e Tecnologia), Londres, comunicou que tinha identificado cerca de 2.200 "grandes abalos" no Mediterrâneo Oriental só entre 10 A.D. e 1699. Tendo começado um exame novo e meticuloso do material das fontes contemporâneas e de evidências arqueológicas recentes daquela área de notável sismicidade, ele declarou:
O número total de todos os terramotos, grandes e pequenos, identificados até agora para o período 10 AD até 1699, é pouco superior a 3.000, ou cerca de vinte vezes o número de verdadeiros terramotos apresentados para o mesmo período nos catálogos modernos.43
O Professor Ambraseys ainda não publicou um estudo documentado destes resultados, mas uma série de terramotos catastróficos que ocorreram no Império Romano Oriental em 447 A.D. -- o ano da segunda invasão de Átila, o Huno -- estão provavelmente entre os 2.200 maiores terramotos mencionados acima. Aprendemos sobre eles através do historiador E. A. Thompson, que afirma o seguinte no seu livro A History of Attila and the Huns (Uma História de Átila e dos Hunos; Oxford, Inglaterra, 1948), na página 91:
Quando os esquadrões Hunos se preparavam para avançar, um desastre de primeira magnitude atingiu os romanos. A série de terramotos que atingiram o Império Oriental durante quatro meses começando em 26 de Janeiro de 447 foram, na opinião de Evagrius, os piores da sua história. Aldeias inteiras foram engolidas e ocorreram inúmeros desastres tanto na terra como no mar. A Trácia, o Helesponto, e as Ciclades foram afectadas. Três ou quatro dias depois de os terramotos terem começado, a chuva caíu torrencialmente do céu, dizem-nos, em rios de água. Pequenas elevações foram niveladas com o chão. Inúmeros edifícios foram arrasados em Constantinopla, e, o pior de tudo, uma parte dos muros compactos de Anthemius, incluindo nada menos do que cinquenta e sete torres, desmoronaram-se.
E no entanto estes abalos desastrosos de 447 A.D. não estão incluídos em nenhum dos catálogos de terramotos a que os autores do presente trabalho tiveram acesso.
Foi apenas a partir da segunda metade do século passado que os sismólogos começaram a estudar intensamente registos de terramotos do passado. Robert Mallet, "o primeiro verdadeiro sismólogo," não apenas examinou os catálogos mais antigos compilados pelos seus predecessores, mas também pesquisou em bibliotecas por toda a Europa, procurando registos de antigos terramotos. Finalmente, nos Reports of the British Association (Relatórios da Associação Britânica) dos anos 1852-54, ele publicou um catálogo de quase sete mil terramotos, datados de 1606 A.C. até 1850 A.D.!44 Como Milne e Lee indicaram, estas entradas "referem-se, na maior parte, a desastres amplos," isto é, terramotos grandes e destrutivos.
Mas isto foi só um princípio. Quando John Milne, "o pai da sismologia," chegou a Tóquio em 1875, "encontrou registos de mais de dois mil terramotos nos arquivos Japoneses."45 No Japão uma lista contínua de terramotos destrutivos tinha sido mantida por um período de mais de dois mil anos! Em breve registos similares também foram descobertos na China. Os registos chineses remontam a 1100 A.C. e são "razoavelmente completos desde cerca de 780 AC, o período da dinastia Chou no norte da China."46
Dentro de pouco tempo vários sismólgos começaram a trabalhar cuidadosamente nos catálogos de terramotos em diferentes países. Assim a History of British Earthquakes (História dos Terramotos Britânicos) de Davison enumera 1.191 abalos desde 974 A.D. até 1924 só na Inglaterra -- um país bem longe das faixas de terramotos da terra.47 Na Itália, Mario Baratta, no seu I Terremoti d' Italia (Os Terramotos de Itália), publicado em 1901, dá conta de 1.364 terramotos que abalaram a Itália desde 1 A.D. até 1898.48 Catálogos similares mencionam terramotos na Áustria, Rússia, China, Japão etc.49
Contudo, o maior coleccionador de terramotos entre os sismólogos modernos foi um francês, Conde F. Montessus de Ballore. De 1885 a 1922 ele dedicou todo o seu tempo ao estudo e catalogação de terramotos. "O seu maior trabalho, contudo, nunca foi publicado. Este é um catálogo monumental dos terramotos em todas as partes do mundo desde os tempos históricos mais recuados, e contém informação acerca de 171.434 terramotos"! O manuscrito está guardado na biblioteca da Geographical Society (Sociedade de Geografia) em Paris, onde ocupa 26 metros de estantes.50
Também John Milne passou vários anos a compilar o seu catálogo de terramotos de todo o mundo. Limitando o seu estudo só a terramotos destrutivos, ele enumera 4.151 terramotos destrutivos entre os anos 7 A.D. e 1899 A.D..51 As entradas anteriores a 1700 A.D., que "estão praticamente confinadas a ocorrências no Sul da Europa, China, e Japão," são, por razões óbvias, dispersas.52 Milne foi admiravelmente rigoroso ao lidar com as suas fontes. Ele declara:
Não foram apenas omitidos certos terramotos pequenos, mas sempre que a informação na qual se baseiam os registos de terramotos maiores é de aspecto duvidoso, estes também foram rejeitados.53
Milne indicou a intensidade dos terramotos da lista de acordo com a escala I, II e III, com III referindo-se aos terramotos mais destrutivos, "aqueles que destruiram cidades e devastaram distritos," rachando paredes, destruindo velhos edifícios, e assim por diante "até uma distância de 100 milhas" do centro. Só durante o século dezanove, período em que os registos são mais completos, constam da lista cerca de 370 terramotos do tipo III. Quando comparada com tal evidência documentada, a referência da Watch Tower Society a apenas 24 terramotos maiores desde 856 até 1914 A.D. torna-se virtualmente caricata.
De facto, a Watch Tower Society reconheceu-o agora. No verão de 1985 eles publicaram uma declaração reconhecendo que ocorreram 856 grandes terramotos durante os 2000 anos antes de 1914. (Veja Raciocínios à base das Escrituras, 1985, página 419.) Embora este seja um passo na direcção certa, este número também está longe da verdade. Os argumentos baseados neeste novo número são realmente tão enganadores como aqueles baseados nos números anteriores. (Veja a caixa anexa, na página 79.)
No que diz respeito ao número de mortes nos vários terramotos do passado, os registos antigos são muitas vezes omissos ou dão informação muito escassa.
DE 24 PARA 856 TERRAMOTOS
No seu livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra (1982), a Watch Tower Society declarou que "do ano 856 E.C. a 1914, houve apenas 24 terramotos grandes." (Página 151)
Deixando obviamente de lado essa declaração, três anos depois o livro Raciocínios à base das Escrituras (1985) apresenta um número muito maior de terramotos (página 421): Com dados obtidos do Centro de Dados Geofísicos de Boulder, Colorado, EUA, suplementados por um número de obras de referência de alto padrão, fez-se uma classificação em 1984, que incluía apenas terremotos que mediam 7,5 ou mais na escala de Richter, ou que resultaram na destruição de propriedades no valor de cinco milhões de dólares americanos ou mais, ou que causaram 100 ou mais mortes. Calculou-se que houve 856 de tais terremotos durante os 2.000 anos antes de 1914. O mesmo cálculo mostrou que em apenas 69 anos, após 1914, houve 605 terremotos assim. Isso significa que, em comparação com os 2.000 anos prévios, a média por ano tem sido 20 vezes maior desde 1914.
Será que o Centro de Dados em Boulder apoia mesmo essa alegação?
Classificando esta declaração como um "abuso das estatísticas" o sismólogo Wilbur A. Rinehart do National Geophysical Data Center (Centro Nacional de Dados Geofísicos) em Boulder, Colorado, declarou que "não tem havido nenhum aumento significativo no número dos terramotos durante este ou qualquer outro século." (Para a resposta completa dele às nossas questões, veja o Apêndice A).
Que dizer do "aumento de 20 vezes"?
Escrevendo sobre a área limitada da bacia do Mediterrâneo Oriental, o famoso sismólogo N. N. Ambraseys declarou em 1971:
O número total de todos os terramotos, grandes e pequenos, identificados até agora para o período 10 AD até 1699, é pouco superior a 3.000, ou cerca de vinte vezes o número de verdadeiros terramotos apresentados para o mesmo período nos catálogos modernos.... para os abalos maiores, cerca de 2.200 ao todo, pode-se provar que a homogeneidade do material é satisfatória para todo o período. -- Revista Nature (Natureza) , 6 de Agosto de 1971, pp. 375, 376.
Estas conclusões anulam completamente as alegações da Watch Tower Society.
O que dizem destacados sismólogos
A declaração da Watch Tower Society acerca de um aumento de terramotos 20 vezes desde 1914 foi também enviada a vários sismólogos eminentes de todo o mundo. Rejeitaram todos a declaração e nenhum deles pensa que o nosso século é único seja sob que perspectiva for, com respeito ao número de grandes terramotos. Várias respostas recebidas são apresentadas no Apêndice (Apêndice A).
A Awake! de 8 de Julho de 1982, na página 16, afirmou que, "Desde o tempo em que Jesus fez a sua profecia até 1914, a história regista cinco terramotos que ceifaram, cada um deles, 100.000 vidas ou mais," enquanto "No período desde 1914 pelo menos mais quatro de tais superterramotos ocorreram."
Ano | Local | Mortes |
A.D. 532 678 856 893 893 1138 1139 1201 1290 1556 1641 1662 1669 1693 1703 1721 1730 1730 1731 1737 1780 1850 1876 1908 |
Síria Síria Irão: Qumis Damghan Índia: Daipul Índia: Ardabil Egipto, Síria Irão: Gansana Alto Egipto, Síria China: Chihli China Irão: Dehkwargan, Tabriz China Sicília (erupção do Etna) Sicília: Catania e Nápoles Japão (tsunami) Irão: Tabriz China: Chihli Japão: Hokkaido China: Pequim Índia: Calecutá Irão: Tabriz China Baía de Bengal (tsunami) Itália: Messina/Reggio |
130.000 170.000 200.000 180.000 150.000 230.000 100.000 1.100.000 100.000 830.000 300.000 300.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 137.000 100.000 300.000 100.000 300-400.000 215.000 110.000 |
Só para demonstrar quão errada é esta declaração, a tabela à direita apresenta 24 de tais "superterramotos" do período 532 A.D. até 1914. Talvez sete destes (existem naturalmente algumas dúvidas) ocorreram só no século dezoito.54
Comparando esta informação com a declaração do escritor da Awake! anteriormente citada, torna-se penosamente evidente quão notavelmente superficial é a pesquisa das publicações da Watch Tower, quão completamente irresponsáveis são realmente as afirmações feitas.
Em muitos casos, grande número de mortes têm sido causadas por resultados acompanhantes ou consequências da actividade sísmica, como tsunamis, erupções vulcânicas, desmoronamentos, fomes, e factores similares. Mas isto é igualmente verdade no caso de alguns dos "superterramotos" que ocorreram depois de 1914. Os 100.000 que morreram no terramoto na China em 1920, por exemplo, foram mortos principalmente por um desmoronamento provocado pelo abalo. O terramoto no Japão em 1923 provocou uma tempestade de fogo que matou 38.000 das 143.000 vítimas. Também deve ser dito que a tabela acima certamente não tem pretensões de alistar todos os "superterramotos" anteriores a 1914.
Em vista do aumento populacional é razoável esperar que mais pessoas tenham morrido em terramotos durante o nosso século do que em séculos anteriores.55 Por essa razão, pareceria muito seguro fazer o seguinte desafio, que aparece na página 19 da revista Awake! de 8 de Maio de 1974:
Ao todo, mais de 900.000 pessoas morreram em terramotos desde 1914! Pode alguma 'geração' igualar esse terrível recorde? As profecias de Jesus acerca de terramotos aplicam-se agora.
Embora este número tenha aumentado subsequentemente algumas centenas de milhares nos anos que passaram desde que aquela afirmação foi publicada na revista Awake!, vamos ainda assim aceitar o desafio apresentado pela Watch Tower. Como as referências históricas anteriores a 1700 A.D. "estão praticamente confinadas a ocorrências no Sul da Europa, China e Japão" (Milne), escolhemos a geração de 1714 em diante e vamos compará-la com a geração depois de 1914. A tabela na Awake! de 22 de Fevereiro de 1977, abrangendo o período 1915-1976, foi actualizada de modo a incluir os anos até 1983, inclusive. Foi feita no fim da tabela uma correcção do número para o grande terramoto na China em 1976, com uma referência a uma declaração posterior na Awake!. (Veja a página 83.)
Os resultados mostram que o número total de mortes em terramotos de 1915 até 1985 ascende a 1.210.597, o que dá uma média anual de 17.545.
A tabela anexa (no lado esquerdo) que alista 43 terramotos maiores de 1715 a 1783 mostra um total de 1.373.845 mortes, o que representa cerca de 163.000 a mais do que no período 1915-1985, dando uma média anual de 19.911!
Para provar que 1914 foi um verdadeiro "ponto de viragem" sísmico, a The Watchtower de 15 de Maio de 1983 fez referência a 50 terramotos destrutivos durante os 68 anos entre 1914 e 1982. (Página 7) Por isso preparámos uma tabela para os 68 anos anteriores a 1914 (1847-1914) que mostra uma lista parcial de 50 terramotos destrutivos, compilada a partir de fontes fidedignas. Esta tabela demonstra de forma conclusiva que 1914 não pode ter sido o ponto de viragem proeminente que a Watch Tower Society afirma que foi.
É claro que nenhumas tabelas desse tipo estão completas. Para vários grandes terramotos do século 18 em diante, não é conhecido nenhum número de mortos, os registos contemporâneos dão simplesmente a informação de que "muitos" morreram neles. Mesmo se fossem acrescentados às três tabelas o número de mortes de mais terramotos dos três períodos envolvidos, a comparação ainda demonstraria apenas que a geração de 1914 não é de maneira nenhuma única no que diz respeito a terramotos.56 (Veja a página 84.)
Vimos as várias alegações da Watch Tower Society serem demolidas, uma por uma, pelos fatos históricos -- que o período 856 A.D.-
UMA COMPARAÇÃO DE VÍTIMAS DE TERRAMOTOS |
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1715-1783 | 1915-1983a | |||||
Ano | Local | Mortes | Ano | Local | Mortes | |
1715 | Algéria | 20.000 | 1915 | Itália | 29.970 | |
1717 | Algéria | 20.000 | 1920 | China | 180.000 | |
1718 | China | 43.000 | 1923 | Japão | 143.000 | |
1719 | Ásia Menor | 1.000 | 1927 | China | 200.000 | |
1721 | Irão | 100.000 | 1932 | China | 70.000 | |
1724 | Peru (tsunami) | 18.000 | 1933 | E.U.A. | 115 | |
1725 | Peru | 1.500 | 1935 | Índia (Paquistão) | 60.000 | |
1725 | China | 556 | 1939 | Chile | 30.000 | |
1726 | Itália | 6.000 | 1939 | Turquia | 23.000 | |
1727 | Irão | 77.000 | 1946 | Turquia | 1.300 | |
1730 | Itália | 200 | 1946 | Japão | 2.000 | |
1730 | China | 100.000 | 1948 | Japão | 5.131 | |
1730 | Japão | 137.000 | 1949 | Equador | 6.000 | |
1731 | China | 100.000 | 1950 | Índia | 1.500 | |
1732 | Itália | 1.940 | 1953 | Turquia | 1.200 | |
1736 | China | 260 | 1953 | Grécia | 424 | |
1737 | India | 300.000 | 1954 | Algéria | 1.657 | |
1739 | China | 50.000 | 1956 | Afeganistão | 2.000 | |
1746 | Peru | 4.800 | 1957 | Irão (Norte) | 2.500 | |
1749 | Espanha | 5.000 | 1957 | Irão (Oeste) | 2.000 | |
1750 | Grécia | 2.000 | 1960 | Chile | 5.700 | |
1751 | Japão | 2.000 | 1960 | Marrocos | 12.000 | |
1751 | China | 900 | 1962 | Irão | 10.000 | |
1752 | Síria | 20.000 | 1963 | Jugoslávia | 1.100 | |
1754 | Egipto | 40.000 | 1964 | Alasca | 131 | |
1755 | China | 270 | 1966 | Turquia | 2.529 | |
1755 | Irão | 1.200 | 1969 | Irão | 11.588 | |
1755 | Portugal | 60.000 | 1970 | Turquia | 1.086 | |
1755 | Marrocos | 12.000 | 1970 | Perú | 66.794 | |
1757 | Itália | 10.000 | 1971 | E.U.A. | 65 | |
1759 | Síria | 30.000 | 1972 | Irão | 5.057 | |
1763 | China | 1.000 | 1972 | Nicarágua | 6.000 | |
1765 | China | 1.189 | 1973 | México (Oeste) | 52 | |
1766 | Japão | 1.335 | 1973 | México (Central) | 700 | |
1771 | Japão (tsunami) | 11.700 | 1974 | Paquistão | 5.200 | |
1773 | Guatemala | 20.000 | 1975 | China | 200 | |
1774 | Newfoundland | 300 | 1975 | Turquia | 2.312 | |
1778 | Irão (Kashan) | 8.000 | 1976 | Guatemala | 23.000 | |
1780 | Irão (Tabriz) | 100.000 | 1976 | Itália | 900 | |
1780 | Irão (Khurasan) | 3.000 | 1976 | Bali | 600 | |
1783 | Itália (Calabria) | 60.000 | 1976 | Chinab | 242.000 | |
1783 | Itália (Palmi) | 1.504 | 1976 | Filipinas | 3.373 | |
1783 | Itália (Monteleone) | 1.191 | 1976 | Turquia | 3.790 | |
1977-1983 (acréscimo)c | 44.623 | |||||
Total 1715-1783: | 1.373.845 | Total 1915-1983: | 1.210.597 | |||
Média Anual: | 19.911 | Média Anual: | 17.545 | |||
(a) Veja Awake! de 22/2/1977.
(b) Veja página 65, nota de rodapé 34; compare com Awake! 8 de Julho de 1982, p. 13. (c) Ganse & Nelson apresentam 44.623 como sendo o número de mortos para este período. |
SERÁ QUE 1914 TROUXE REALMENTE UMA MUDANÇA?
Ano | Local | Mortes | Ano | Local | Mortes | |
1847 | Japão | 34.000 | 1882 | Itália | 2.313 | |
1850 | China | 300-400.000 | 1883 | Itália | 1.990 | |
1851 | Irão | 2.000 | 1883 | Grécia, Ásia Menor | 15.000 | |
1851 | Itália | 14.000 | 1883 | Java | 36.400 | |
1853 | Irão (Shiraz) | 12.000 | 1885 | Índia | 3.000 | |
1853 | Irão (Isfahan) | 10.000 | 1887 | França | 1.000 | |
1854 | Japão | 34.000 | 1887 | China | 2.000 | |
1854 | São Salvador | 1.000 | 1891 | Japão | 7.283 | |
1855 | Japão | 6.757 | 1893 | Turkmenia Ocid. | 18.000 | |
1856 | Java | 3.000 | 1896 | Japão | 27.122 | |
1857 | Itália | 10.000 | 1897 | Índia (Assam) | 1.542 | |
1857 | Itália | 12.000 | 1902 | Guatemala | 2.000 | |
1859 | Equador | 5.000 | 1902 | Turquestão | 4.562 | |
1859 | Turquia | 15.000 | 1903 | Turquia | 6.000 | |
1861 | Argentina | 7.000 | 1905 | Índia (Kangra) | 19.000 | |
1863 | Filipinas | 10.000 | 1905 | Itália | 2.500 | |
1868 | Perú | 40.000 | 1906 | Colômbia | 1.000 | |
1868 | Equador, Colômbia | 70.000 | 1906 | Formosa | 1.300 | |
1872 | Ásia Menor | 1.800 | 1906 | Chile | 20.000 | |
1875 | Venezuela, Colômbia | 16.000 | 1907 | Jamaica | 1.400 | |
1876 | Baía de Bengali | 215.000 | 1907 | Ásia Central | 12.000 | |
1879 | Irão | 2.000 | 1908 | Itália | 110.000 | |
1879 | China | 10.430 | 1909 | Irão | 6-8.000 | |
1880 | Grécia (Quios) | 4.000 | 1910 | Costa Rica | 1.750 | |
1881 | Ásia Menor | 8.866 | 1912 | Costa Marítima de Marmara | 1.958 | |
Total de vítimas para 68 anos anteriores a 1914: | 1.148.973-1.250.973 | |||||
Média Anual: | 17.149-18.671 |
FONTES: Båth: Introduction to Seismology (Introdução à Sismologia; 1979); Richter: Elementay Seismology (Sismologia Elementar; 1958); Imamura: Theoretical and Applied Seismology (Sismologia Teórica e Aplicada; 1937); Ganse-Nelson: Catalog of Significant Earthquakes (Catálogo de Terramotos Significativos; 1981); Ambraseys: Earthquake Hazard and Vulnerability (Perigo e Vulnerabilidade dos Terramotos; 1981); Ambraseys-Melville: A History of Persian Earthquakes (Uma História dos Terramotos Persas; 1982); Latter: Natural Disasters (Advancement of Science) (Desastres Naturais [Avanço da Ciência] ; Junho de 1969); Press-Siever: Earth (Terra; 1974); Handbuch der Geophysik (Manual de Geofísica; ed. Prof. B. Gutenberg), Band IV (Berlim 1932).
Século |
N.º de terramotos destrutivos no Japão |
9.º 10.º 11.º 12.º 13.º 14.º 15.º 16.º 17.º 18.º 19.º |
40 17 20 18 16 19 36 17 26 31 27 |
1914 viu apenas 24 terramotos maiores, que os grandes terramotos do passado ocorreram "com intervalos de anos, até de séculos," que a história regista apenas cinco "superterramotos" desde o tempo de Cristo até 1914, e que nenhuma geração antes de 1914 pode igualar aquela que se seguiu a esse ano no que diz respeito às vítimas de terramotos. É realmente possível que os escritores das publicações da Watch Tower sejam tão ignorantes a respeito dos terramotos do passado -- ou estão eles a tentar esconder dos seus leitores a verdade sobre os terramotos? Nós preferimos acreditar que eles inicialmente ignoravam os fatos. Mas se é esse o caso, é extremamente notável que uma organização que afirma ter sido autorizada por Jesus Cristo a interpretar os sinais do tempo para pessoas dos nossos dias, pareça ter tão pouco interesse em verificar se as suas interpretações e estatísticas correspondem à realidade histórica.
Finalmente, o que é que os próprios sismólogos dizem quanto ao quadro global? Será que eles descobriram alguma diferença assinalável entre a frequência dos terramotos desde 1914 comparada com séculos anteriores? Os sismólgos J. Milne e A. W. Lee declaram que "não há indicação de que a actividade sísmica tenha aumentado ou diminuído de forma apreciável ao longo das épocas históricas."57 E o professor Markus Båth concorda: "Para séculos anteriores não temos as mesmas estatísticas fiáveis, mas não há qualquer indicação de um aumento na actividade ao longo do tempo."58
Como os registos antigos se tornam mais dispersos e incompletos quanto mais recuamos no tempo, é muito natural que tenhamos mais e melhor informação dos séculos mais recentes do que dos mais longínquos. Existe, no entanto, uma excepção: o Japão. Conforme foi mostrado atrás, os Japoneses mantiveram um registo contínuo de terramotos destrutivos no seu país (que tem uma actividade sísmica intensa) remontando até muito antes do nascimento de Cristo. Segundo o catálogo de Milne, o número de terramotos destrutivos registados no Japão do século nove ao dezanove é o seguinte [tabela à direita]:
O QUE DESTACADOS SISMÓLOGOS DIZEM ACERCA DOS TERRAMOTOS HOJE E NO PASSADO
"Não há indicação de que a actividade sísmica tenha aumentado ou diminuído de forma apreciável ao longo das épocas históricas." -- Sismólogos J. Milne e A. W. Lee, Earthquakes and Other Earth Movements (Terramotos e Outros Movimentos da Terra), sétima edição (Londres, 1939), p. 155.
"Certos grupos religiosos escolheram esta época desafortunada para insistir em que o número de terramotos está a aumentar. Em parte eles são induzidos em erro pelo número cescente de pequenos terramotos que estão a ser catalogados e registados por estações novas, mais sensíveis, por todo o mundo. Vale a pena sublinhar que o número de grandes terramotos de 1896 a 1906 foi maior do que em qualquer intevalo de dez anos desde então." -- Professor Charles Richter em National History (História National), Dezembro de 1969, p. 44.
"Para séculos anteriores não temos as mesmas estatísticas fiáveis, mas não há indicações nenhumas de qualquer aumento na actividade ao longo do tempo." -- Professor Markus Båth, carta particular datada de 17 de Junho de 1983.
"Eu certamente concordaria com os Professores Båth e Richter quando afirmam que não houve nenhum aumento significativo no número de terramotos durante este ou qualquer outro século." -- Wilbur A. Rinehart, sismólogo no World Data Center A (Centro Mundial de Dados A), Boulder, Colorado. Carta particular datada de 8 de Agosto de 1985.
Um perito na sismicidade da área do mediterrâneo, uma das regiões de maiores terramotos na terra, diz:
"Com toda a certeza, não houve nenhum aumento na actividade sísmica do mediterrâneo durante este século. Muito pelo contrário, no mediterrâneo oriental a actividade deste século foi anormalmente baixa quando comparada com a dos séculos 10-12 e 18." -- Professor N. N. Ambraseys, carta particular datada de 9 de Agosto de 1985
"Eu penso firmemente que a sismicidade tem estado estacionária por milhares de anos.... evidência geológoca excelente para a estacionaridade foi obtida pelo Prof. Kerry Sieh do Caltech, para a falha de Sto. André." -- Sismólogo Keiiti Aki, professor no Departamento de Ciências Geológicas, Universidade do Sul da Califórnia, Los Angeles. Carta particular datada de 5 de Setembro de 1985.
"Há indicações que apontam para um decréscimo constante da actividade sísmica ao redor do mundo-se expressa em termos de terramotos com magnitude 7 ou superior -- no período que vai do princípio do século 20 até agora." -- Seweryn J. Duda, Professor de Geofísica, Universidade de Hamburgo. Carta particular datada de 7 de Julho de 1986.
(As cartas particulares citadas acima estão reproduzidas na sua totalidade no Apêndice.)
No nosso próprio século cerca de 20 terramotos de alguma importância ocorreram no Japão até 1983, apontando para um total final de talvez 25-30 para todo o presente século.59 Avaliando estes números, Milne e Lee relataram que "os dados apoiam a conclusão de que durante os tempos históricos a quantidade de actividade sísmica não mudou em nenhuma medida apreciável."60
Consequentemente, não exite qualquer evidência em apoio da afirmação feita por várias fontes religiosas, incluindo a Worldwide Church of God (Igreja Mundial de Deus), um autor Adventista do Sétimo Dia, e especialmente pela Watch Tower Society, de que a actividade sísmica é marcadamente diferente no nosso século quando comparado com séculos anteriores. Toda a informação disponível aponta para o contrário. As alegações astuciosas, deturpadoras, descoordenadas da Watch Tower Society e os seus malabarismos com fatos e números num esforço de provar que ocorreu um aumento foram desmascarados como fraudulentos -- esperemos que não deliberadamente, mas como resultado de uma pesquisa muito pobre, análise superficial e desejo que os fatos sejam como eles querem.
Notas
1 Peter Verney, The Earthquake Handbook, (O Manual dos Terramotos), Nova Iorque e Londres 1979, p. 47. Não existe consenso geral sobre isto. O Professor N. N. Ambraseys, por exemplo, considera John Michell (1724-93) 'o primeiro sismólogo autêntico.' (Ambraseys, Engineering Seismology [Engenharia Sismológica], Universidade de Londres, Lição Inaugural de 18 de Novembro de 1975, p. 54.)
2 Verney, p. 51. Outros chamar-lhe-íam apenas o 'pai da simologia Inglesa,' reconhecendo que também outros, cientistas contemporâneos em outros países deram contribuições importantes para o desenvolvimento inicial da sismologia. (Veja a discussão pelo Dr. August Sieberg em Geologische, physikalische un angewandte Erdbebenkunde, Iena 1923, pp. 2, 373.)
3 Verney, pp. 53, 54; B. Booth & F. Fitch, Earthshock (Choque Terrestre), Londres 1979, p. 89.
4 G. A. Eiby, Earthquakes (Terramotos), Londres 1968, p. 191. Isto é verdadeiro apenas no caso de terramotos que meçam 7.9 ou mais na escala de Richter.
5 Markus Båth, Introdution to Seismology (Introdução à Sismologia), 2.ª ed., Basiléia, Boston, Estugarda 1979, pp. 27, 262-266.
6 J. Milne & A. W. Lee, Earthquakes and Other Earth Movements (Terramotos e Outros Movimentos da Terra), 7.ª ed., Londres 1939, pp. 134, 135.
7 The Encyclopedia Americana (A Enciclopedia Americana), 1966, sob "Earthquake" ("Terramoto"), p. 496.
8 Verney, p. 75.
9 Report of the Eighteenth Meeting of the British Association for the Advancement of Science, Portsmouth: 1911, Aug. 31-Sept. 7 (Relatório do Décimo Oitavo Encontro da Associação Inglesa para o Avanço da Ciência, Portsmouth: 1911, 31 de Agosto-7 de Setembro; Londres 1912), p. 649.
10 Booth & Fitch, p. 90; C. F. Richter, Natural History (Historia Natural), Dezembro 1969, p. 44.
11 Båth, p. 137.
12 Verney, p. 96. O terramoto em São Francisco em 1906, que matou cerca de 700 pessoas, também teve a magnitude 8.3. (Os três terramotos em Nova Madri, Missouri, em 1811-12 foram maiores do que estes dois, com magnitudes estimadas em 8.6, 8.5 e 8.7, respectivamente.)
13 Verney, p. 72. The Encyclopedia Americana (A Enciclopédia Americana), ed. 1966, sob "Earthquake" ("Terramoto"), página 496, afirma que, "se todos os abalos até aos mais pequenos forem incluídos, é provável que o total seja bem mais de um milhão." A grande maioria destes abalos não são, é claro, sentidos pelo homem, sendo registados apenas com a ajuda de instrumentos.
14 Natural History (Historia Natural), Dezembro de 1969, p. 44. No seu Elementar Seismology (Sismologia Elementar; São Francisco 1958, página 357) Richter afirma de modo semelhante que: "Não se pode fugir da conclusão de os maiores abalos baixos [isto é, próximos da superfície] terem sido mais frequentes antes de 1918 do que posteriormente."
15 S. J. Duda, "Secular seismic energy release in the circum-Pacific belt" ("Libertação de energia sísmica ao longo dos séculos no anel que circunda o Pacífico"), Tectonophysics (Física Tectónica) 2 (1965), pp. 409-52; Markus Båth e S. J. Duda, "Some aspects of global seismicity" ("Alguns aspectos da sismicidade global"), Tectonophysics (Física Tectónica), 54 (1979), pp. T1-T8. Os jornais apresentam frequentemente dados grosseiramente enganadores sobre terramotos. Richter (1958, p. 5) sublinha que "a imprensa popular" só pode ser usada "com cuidado." Contudo, The Watchtower de 15 de Maio de 1984, p. 25, referiu-se a um artigo publicado no The New York Times (O Times de Nova Iorque) que classifiou 1983 como sendo "Um Ano de Terramotos," devido a um suposto "surto de terramotos mortíferos" naquele ano. Para provar isto The Watchtower publicou uma lista de 9 terramotos que ocorreram num período de 3 meses, tendo sido dito que todos eles foram "terramotos maiores, reconhecidos na escala de Richter." Uma análise mais cuidadosa da lista, contudo, mostra que apenas 3 dos 9 terramotos são "maiores", tendo uma magnitude de 7.0 ou mais. Como o Professor Markus Båth assinala (carta pessoal, datada de 3 de Outubro de 1984), isto não é superior, mas inferior ao normal: "A informação do The New York Times é completamente enganadora. Com 3 terramotos de magnitude 7 ou mais num período de 3 meses, o número de tais terramotos seria 12 num ano. Isto está claramente abaixo da média, que é 20 terramotos por ano com magnitude 7 ou superior. A afirmação no jornal aponta para uma actividade sísmica que está abaixo do normal!" Nem foi 1983 "Um Ano de Terramotos" se o avaliarmos pelo número de mortos. Segundo informação fornecida pelo World Data Center A for Solid Earth Geophysics (Centro Mundial de Dados para a Geofísica Sólida da Terra; veja mais adiante, nota de rodapé 19), apenas 2.328 pessoas morreram em terramotos durante 1983, o que está muito abaixo da média.
Mesmo 1976 não viu o 'dramático aumento em terramotos' anunciado por Hal Lindsey, não obstante o grande terramoto na China naquele ano. O Professor Markus Båth, na sua Introduction to Seismology (Introdução à Sismologia), diz: "O ano de 1976 merece um comentário especial. Ocorreram muitos desastres sísmicos ao longo do ano, com o maior número de baixas na China.... Por outro lado, olhando para 1976 de um ponto de vista estritamente sismológico, não ocorreram neste ano mais terramotos, nem mais fortes, do que a média." (P. 151) Comentando o período depois de 1976, o Professor Båth, numa carta privada, acrescenta: "Os anos depois de 1976 até agora [1985] , pelo menos, têm mostrado um claro decréscimo na actividade sísmica na terra, tanto no que diz respeito ao número de grandes terramotos (grandes magnitudes, acima de 7.0) como no número de vítimas. Mas isto é, claro, apenas um exemplo de uma variação ocasional que tem sempre ocorrido." (Carta privada Båth-Jonsson, datada de 21 de Agosto de 1985.)
16 The Watchtower, 1.º de Fevereiro de 1974, p. 72.
17 The Watchtower, 1.º de Fevereiro de 1974, p. 73.
18 The Watchtower, 1.º de Fevereiro de 1974, p. 74.
19 Booth & Fitch, p. 80; Robert A. Ganse e John B. Nelson, Catalog of Significant Earthquakes 2000 B.C.-1979 (Catálogo de Terramotos Significativos 2000 A.C.-1979), Boulder, Colorado 1981, p. 63 (Relatório SE-27 do World Data Center A for Solid Earth Geophysics [Centro Mundial de Dados A para Geofísica Sólida da Terra] ).
20 Ganse & Nelson, pp. 56, 58. O terramoto no Afeganistão em 1956 custou 220 vidas segundo algumas tabelas, 2.000 segundo outras.
21 As estimativas deste tipo que existem parecem ter sido genericamente incluídas no catálogo preparado por Gansel e Nelson. (Veja a nota de rodapé 19, acima.)
22 A este respeito, vale a pena notar que The Watchtower de 1.º de Fevereiro de 1974, p. 72, afirma que "alguns dos terramotos com maiores magnitudes ... ocorreram debaixo dos oceanos" e que esses "não tiveram virtualmente nenhum efeito no homem." Falando de "terramotos potencialmente destrutivos" (3.8 e mais), o sismólogo J. H. Latter, em Advancement of Science (Avanço da Ciência; Junho de 1969, página 365) até diz que "a esmagadora maioria ocorreu debaixo do mar ou longe de regiões habitadas". Como tais terramotos na maioria dos casos passariam despercebidos antes da época dos registos com instrumentos científicos, é claro que o critério de magnitude da Sociedade pode distorcer grosseiramente os verdadeiros fatos sobre a frequência dos terramotos.
23 Apesar de Ganse e Nelson terem tentado estimar tais prejuízos para terramotos antigos no seu catálogo, os prejuízos de muitos terramotos são indicados como "desconhecidos."
24 N. N. Ambraseys, "Value of Historical Records of Earthquakes," Nature ("Valor de Registos Históricos de Terramotos," Natureza), Vol. 232, 6 de Agosto de 1971, p. 379.
25 Awake! 22 de Outubro de 1984, p. 6. Note-se a expressão "terramotos relatados." Isto indica que a Sociedade sabe que registos escritos de grandes terramotos no passado são incompletos. Contudo, não é provável que o leitor desprevenido se aperceba desta distinção. A Sociedade obviamente quer que ele conclua que houve realmente um tremendo aumento de terramotos desde 1914. Assim, o livro da Sociedade Sobrevivência para uma Nova Terra (1984) não hesita em afirmar que a frequência dos grandes terramotos "tornou-se cerca de 20 vezes maior do que era em média durante os mil anos antes de 1914." (p. 23)
26 The Watchtower, 15 de Maio de 1983, p. 5. Na Awake! de 8 de Agosto de 1968, p. 30, a Sociedade enfatizou que um terramoto no fim de Junho naquele ano "ceifando as vidas de 16 pessoas e ferindo outras 100" cumpriu "profecias das Escrituras," embora não tenha sido considerada nenhuma classificação da magnitude ou outro valor. Nós concordamos que este terramoto cumpriu a profecia de Jesus, mesmo se a Sociedade o rejeita agora em vista do seu mais recente critério. Ocorreram inúmeros terramotos como este desde que Jesus proferiu as suas palavras.
27 Diz-se normalmente que este terramoto ceifou mais vidas do que qualquer outro terramoto registado na história. Contudo, pode ter sido ultrapassado neste aspecto pelo terramoto que atingiu o Alto Egipto e/ou a Síria em 5 de Julho de 1201, que, segundo alguns registos antigos, custou cerca de 1.100.000 vidas. Se este número fosse dividido por um período de 62 anos, obteríamos uma média anual de 17.740. Este seria um número maior do que o número correcto para o século 20, 15.700, conforme é mostrado nesta secção. Veja S. Alsinawi e H. A. A. Ghalith, "Historical Seismicity os Iraq," Proceedings of the First Arab Seismological Seminar, Seismological Unit of Scientific Research ("Sismicidade Histórica do Iraque," Anais do Primeiro Seminário Sismológico Árabe, Unidade Sismológica de Investigação Científica), Bagdade, Iraque, Dezembro de 1978; também Ganse e Nelson, p. 6.
28 O autor do livro de texto da Sociedade You Can Live Forever in Paradise on Earth (Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra; 1982), apresenta claramente estes 24 terramotos como sendo uma lista completa de terramotos maiores ao dizer que "desde o ano 856 E.C. até 1914, só ocorreram 24 terramotos maiores." (P. 151).
29 Happiness How to Find It (Felicidade Como Encontrá-la), 1980, p. 149; as mesmas estatísticas impressionantes foram publicadas outra vez na The Watchtower de 15 de Maio de 1983, p. 7 (quadro III).
30 Verney, p. 7. O sismólogo J. H. Latter estima que "um mínimo de cinco milhões de pessoas morreram como resultado de terramotos, e meio milhão como resultado de erupções vulcânicas desde 1000 A.D.." Mas ele acrescenta: "É provável que os números máximos estejam duas ou três vezes acima destes," isto é, 10-15 milhões desde 1000 A.D.. Isto significaria, em média, um máximo de 1.5 milhões por século. Advancement of Science [Avanço da Ciência], Junho de 1969, p. 362)
31 New York Times, 20 de Agosto de 1950. Compare com Awake! de 22 de Dezembro de 1960, p. 14.
32 Båth, p. 137. A revista Time de 1.º de Setembro de 1975, afirmou de modo similar: "Estima-se que durante a história registada, os terramotos -- e inundações, fogos e desmoronamentos que eles desencadearam -- tenham custado 74 milhões de vidas."
33 Encyclopedia Americana, 1966, "Earthquake" ("Terramoto"), página 498. Båth (página 141) tem o mesmo número, 100.000, na sua lista. O terramoto no Japão em 1923, que segundo a lista da Sociedade custou 143.000 vidas, matou 95.000 segundo a Encyclopedia Americana. Mas como foi mostrado por C. F. Richter (Elementary Seismology [Sismologia Elementar], página 562), que dá o número de mortos como sendo 99.331, outros 43.476 foram dados como desaparecidos. Portanto, o número total de mortos foi provavelmente cerca de 143.000. Num caso a Encyclepedia Americana apresenta um número consideravelmente maior do que a The Watchtower. Trata-se do terramoto em 1939, na Turquia, que a enciclopédia afirma ter custado cerca de 100.000 vidas, enquanto The Watchtower, como Båth, Ganse & Nelson, e outros sismólogos, apresenta o número de mortos como sendo 30.000.
34 Um relatório de Hong Kong estabeleceu primeiro erradamente o número de mortos em 655.237, do qual derivam as estimativas ocidentais de 650.000-800.000. Quando finalmente as autoridades chinesas, que inicialmente mantiveram todas as informações sobre a catástrofe secretas, deram informações sobre o terramoto, apresentaram o número total de mortos como sendo 242.000. ("Chinese Sesimological Society Report on July 28, 1976 Event" ["Relatório da Sociedade Seismológica Chinesa sobre o Acontecimento de 28 de Julho de 1976"], Dalian Meeting 1979 Xinhua News Agency. Compare com Ganse & Nelson, p. 70, 148, ref. 61.) O Dallas Times Herald (Mensageiro do Times de Dallas) de 3 de Setembro de 1983, resumiu a nova informação da seguinte forma: "Dados oficiais apresentam o número de mortos em Tangshan como sendo 148.000 com outros 81.000 gravemente feridos. Num triângulo mortal limitado por Tangshan, Peking e Tianjin, morreram aproximadamente outras 100.000 pessoas, elevando o número total de mortos para 242.000. Estimativas ocidentais indicaram um número de mortos tão alto como 800.000."
35 O Professor Båth, numa carta pessoal datada de 3 de Outubro de 1984, explica: "Um exemplo recente [de exageros] é o terramoto na China em 27/7, 1976 (página 149 na minha 'introdução'), para o qual Hong Kong (!) deu um número demasiado alto imediatamente a seguir ao terramoto. Muito mais tarde (de facto, demasiado tarde para ser incluído no meu livro) em relatório oficial chinês deu o número de vítimas como sendo 242.000, que agora é considerado o número correcto."
36 O Professor Båth, na sua carta de 3 de Outubro de 1984, indica que o número de mortos anual em terramotos durante o século vinte é, em média, 15.700 (ao contrário dos 25.300 da Sociedade).
37 Verney, página 7. A Awake! de 8 de Abril de 1981 também citou Robert I. Tilling, director do U.S. Geological Survey's Office of Geochemistry and Geophysics (Escritório dos E.U. de Investigação Geológica de Geoquímica e Geofísica), como tendo dito que existem "algumas sugestões indicando que tanto os vulcões como os terramotos estão a aumentar mundialmente." Contudo, o Professor Markus Båth, que é uma destacada autoridade em actividade sísmica, comenta "A afirmação de Tilling está errada. Não ocorreu nenhum aumento na actividade sísmica da terra." (Carta pessoal de 3 de Outubro de 1984.)
38 Scientific American (Americano Científico), Setembro 1950, p. 48. A citação pode ser encontrada, por exemplo, na Awake!, 8 de Março de 1956, pp. 7, 8; Awake!, 22 de Dezembro de 1960, pp. 14, 15; The Watchtower, 1961, p. 628; Awake!, 8 de Outubro de 1965, p. 16; e em Aid, 1971, p. 478. Em cada caso, a citação foi a única evidência apresentada de um aumento na actividade sísmica desde 1914!
39 Também se deve notar que a "nova fase" tinha aparecido, no máximo, em partes de três anos, desde 1948 até 1950, ano em que a informação foi publicada. É claro que a informação não podia mostrar se a "nova fase" continuaria depois de 1950. Esta era certamente uma evidência muito escassa para se basear nela tais afirmações alarmantes.
40 Existe evidência de se terem apercebido de que o artigo da Scientific American (Americano Científico) de 1950 começava a ter um aspecto de certa forma ultrapassado, que precisava de renovação. Assim, o dicionário Bíblico da Watch Tower Society, Aid to Bible Understanding (Ajuda ao Entendimento da Bíblia), publicado em 1971, fez uso desta citação de uma maneira incomum, que deu uma aparência ainda mais falsa, como se vê na seguinte citação: "Jesus predisse terramotos em grande número e magnitude como um aspecto do sinal da sua segunda presença. (Mat. 24:3, 7, 8; Marcos 13:4, 8) Desde 1914 E.C., e especialmente desde 1948, tem havido um aumento no número de terramotos, especialmente de grandes terramotos. Antes de 1948, eles ocorriam em vagas, com um período de acalmia entre uma vaga e a seguinte, mas desde então tem ocorrido um grande terramoto quase anualmente, para além de um grande número de pequenos terramotos. -- Veja The Encyclopedia Americana: Annuals, 1965-1967 (A Enciclopédia Americana, Anuais, 1965-1967), sob 'Earthquakes' ('Terramotos')" (Aid to Bible Understanding [Ajuda ao Entendimento da Bíblia], p. 178.) As declarações da Scientific American (Americano Científico) são repetidas literalmente neste dicionário, mas em vez de se referirem àquela revista (então com uns vinte anos) como sendo a fonte, refere-se The Encyclopedia Americana, Annuals of 1965-1967 (A Enciclopédia Americana, Anuais de 1965-1967), evidentemente para dar a esta "prova" um aspecto mais actual e para indicar que a fase de 1948-50 ainda persistia. Contudo, o problema é que esta enciclopédia não tem rigorosamente nada a dizer acerca de tal "nova fase" desde 1948, ou de qualquer aumento na actividade sísmica no nosso século! O leitor desprevenido e honesto das publicações da Watch Tower Society toma como certo que a nova fonte citada confirma a declaração sobre tal aumento. É muito improvável que ele vá verificar a fonte para ver se foi enganado. Esta maneira de fundamentar alegações está longe de ser honesta, especialmente porque as declarações são apresentadas como a única prova para o alegado aumento de terramotos depois de 1914.
41 Actividade sísmica elevada não se traduz necessariamente num número elevado de mortos. Como Båth (citado acima, veja nota de rodapé 11) sublinha, "Normalmente não existe nenhuma correlação clara entre a magnitude de um abalo e o número de pessoas mortas ou outra destruição." Só se a actividade sísmica se manifesta em áreas densamente povoadas pode haver um número elevado de mortos. Por isso, os sismólogos medem a actividade sísmica através de instrumentos, e não por relatórios de baixas.
42 John Milne & A. W. Lee, Earthquakes and Other Earth Movements (Terramotos e Outros Movimentos de Terra), sétima edição, Londres 1939, p. 134.
43 N. N. Ambraseys em Nature (Natureza), 6 de Agosto de 1971, pp. 375, 376.
44 Milne/Lee, p. 2; Verney, p. 50. Para o seu catálogo, Mallet juntou uma bibliografia de aproximadamente sete mil livros e panfletos.
45 Verney, p. 76.
46 Milne/Lee, p. 135. Booth/Fitch, p. 76.
47 Milne/Lee, p. 135.
48 Milne (1911; veja a nota de rodapé 9, acima), p. 655.
49 Milne (1911), pp. 655-658. A lista de Wong Wen-Hao para a China, compilada a partir de registos históricos, inclui 3.394 terramotos desde 1767 A.C. até 1896 A.D.! -- Comptes Rendus Congrès Géol. Interntl. XIII (Anais do XIII Congresso Geológico Internacional), Bélgica 1922, fasc. 2, Liege 1925. pp. 1161-1197.
50 Milne/Lee, pp. 137, 138.
51 Milne (1911), pp. 649-740. Milne/Lee, p. 138.
52 Milne (1911), p. 649.
53 Milne (1911), p. 651.
54 Robert A. Ganse e John B. Nelson, Catalog of Significant Earthquakes 2000 B.C.-1979 (Catálogo de Terramotos Significativos 2000 A.C.-1979), Boulder, Colorado, 1981, pp. 3-33. (Relatório SE-27 do World Data Center A for Solid Earth Geophysics [Centro de Dados Mundial A para Geofísica Sólida Terrestre].) A respeito do terramoto de Messina/Reggio, veja A. Imamura, Theoretical and Applied Seismology (Sismologia Teórica e Aplicada), Tóqui 1937, pp. 140, 202, 204, que diz que cerca de 83.000 pessoas morreram em Messina e c. 20.000 em Reggio. Outras fontes usadas são: N. N: Ambraseys em Revue pour l'étude des calamités (Revista para o estudo das calamidades), N.º 37, Genebra, Dezembro de 1961, p. 18f; J. H. Latter, "Natural Disasters," Advancement of Science ("Desastres Naturais," Avanço da Ciência), Junho de 1969, pp. 363, 370; N. N. Ambraseys & C. P. Melville, A History of Persian Earthquakes (Uma História dos Terramotos Persas), Cambridge 1982; R. A. Daly, Our Mobile Earth (A Nossa Terra Móvel), Nova Iorque & Londres, 1926; A. T. Wilson, "Earthquakes in Persia," Bulletin of the School of Oriental Studies, London Institution ("Terramotos na Pérsia," Boletim da Escola de Estudos Orientais, Instituição Londrina), Vol. VI (1930-32); Dr. A. Sieberg em Handbush der Geophysik (Manual de Geofísica; ed. Prof. B. Gutenberg), Vol. IV, Leipzig 1932; e James Cornell, The Great International Disaster Book (O Grande Livro Internacional de Desastres), Nova Iorque 1979. O número de mortos varia, e em muitos casos algumas fontes dão números consideravelmente maiores do que os apresentados na nossa tabela. Assim, o New Catalog of Strong Earthquakes in the U.S.S.R. from Ancient Times through 1977 (Novo Catálogo de Grandes Terramotos na U.R.S.S. desde Tempos Antigos até 1977; Relatório SE-31 do World Data Center A [Centro de Dados Mundial A], Julho de 1982) dá 200.000-300.000 mortes para o terramoto em Gansana, Irão, em 1139. Cornell (página 153) calcula que o número de mortos no terramoto de 1693 na Sicília tenha sido 153.000, e Sieberg (em Gutenberg, p. 854) tem 150.000 para o terramoto japonês em 1703. Para os dois terramotos que atingiram Tabriz no Irão em 1721 e 1780, as estimativas ascendem a 250.000 e 205.000, respectivamente. (Ambraseys/Melville, pp. 54, 184, 186) Dois outros terramotos relativamente recentes que podem ter sido "super terramotos" são o terramoto no Japão em 1855, que pode ter custado 106.000 vidas (Sieberg em Gutenberg, p. 854), e o terramoto em Kangra, Índia, em 1905, acerca do qual Cornell (p. 139) diz que "outros relatórios afirmam que aproximadamente 370.000 pessoas foram mortas na Índia Central quando várias aldeias foram completamente destruídas." Nenhum destes foi incluído na tabela.
55 O Professor Båth indica que "as áreas costeiras são visitadas por terramotos mais frequentemente, e que estas áreas sempre têm sido aquelas mais densamente povoadas." Assim, "não podemos contar com a população total na terra como uma pista para épocas anteriores" ao estimar o número total de vítimas de terramotos no passado. (Carta pessoal de 3 de Outubro de 1984.)
56 As fontes usadas para a tabela sobre os terramotos do século 18 incluem: o catálogo de Ganse & Nelson; Milne (1911), pp. 686-698; Robert Giffen em Journal of the Statistical Society (Jornal da Sociedade de Estatística), Vol. XLI, Londres 1878, pp. 442-444; Charles Davison, Great Earthquakes (Grandes Terramotos), Londres 1936; Akitune Imamura, Theoretical and Applied Seismology (Sismologia Teórica e Aplicada), Tóquio 1937; Richter (1958); Båth (1979), página 139; Booth & Fitch, p. 78; e Encyclopedia Americana: Annuals, 1956-67 (Enciclopédia Americana: Anuais, 1965-67), página 498. Se repararmos no facto de a população da terra ser hoje seis vezes maior do que no século dezoito (c. 750 milhões em 1770) e o número de vítimas em terramotos for visto como um rácio da população total, o século 18 ultrapassa largamente o século 20!
57 Milton/Lee, página 155.
58 Professor Båth, carta privada datada de 17 de Junho de 1983. Veja também Richter tal como citado antes, Natural History (História Natural), Dezembro de 1969, página 44, e Apêndice A.
59 Compare a tabela de Milne/Lee (pp. 232-235), Eiby (pp. 191-195), Båth (pp. 114-117), e as declarações de Verney (p. 77). Também Ganse & Nelson.
60 Milne/Lee, p. 156.