2006-02-17

Prefácio

The Sign of the Last Days -- When? (O Sinal dos Últimos Dias -- Quando?) (Atlanta: Commentary Press, 1987) de Carl Olof Jonsson e Wolfgang Herbst, pp. i-xvi.

O
SINAL
DOS
ÚLTIMOS
DIAS
— QUANDO?

Por Carl Olof Jonsson
e Wolfgang Herbst

É tal sinal visível mundialmente
nesta geração?

O que os factos surpreendentes
da História revelam a respeito
da alegada evidência que
supostamente aponta para o
nosso tempo.

O "SINAL"
DOS ÚLTIMOS DIAS
— QUANDO?

CARL OLOF JONSSON
WOLFGANG HERBST

COMMENTARY PRESS t ATLANTA

Salvo indicação em contrário, as citações da Bíblia neste livro são [traduções para português] da American Standard Version [Versão Padrão Americana]. Abreviaturas de outras traduções da Bíblia citadas:

AT An American Translation [Uma Tradução Americana]
JB The Jerusalem Bible [A Bíblia de Jerusalém]
NAB The New American Bible [A Nova Bíblia Americana]
NASB The New American Standard Bible [A Nova Bíblia Padrão Americana]
NEB The New English Bible [A Nova Bíblia Inglesa]
NIV The New International Version [A Nova Versão Internacional]
NW The New World Translation [Tradução do Novo Mundo]
RSV The Revised Standard Version [A Versão Padrão Revista]
TEV Today's English Version [Versão no Inglês de Hoje]

Todos os direitos reservados.
Copyright do original em inglês © 1987 by Commentary Press, P.O. Box 43532, Atlanta, Georgia 30336
Copyright da tradução portuguesa © 1999-2000 Observatório Watchtower

Produzido nos Estados Unidos da América
Tipografia por Graphic Composition, Inc.
Impressão e encadernação por Arcata Graphics

ISBN: 0-914675-09-5
Library of Congress Catalog Card No.: 86-72140

Cuidado para não serdes enganados.... Muitos virão em meu nome, dizendo "Eu sou ele" e "Agora o tempo está muito próximo". Nunca sigais homens como esses.
— Palavras de Jesus Cristo registadas em Lucas 21:8,
The New Testament in Modern English.


ÍNDICE

Prefácio ix
1 O Nosso Século Vinte -- Tempo do Fim? 1
2 Fome -- Está Pior Hoje? 11
3 Terramotos e Factos Históricos 46
4 Pestilências -- No Passado e no Presente 88
5 Alguns Factos Notáveis Sobre as Guerras 124
6 É o Actual 'Aumento do que é Contra a Lei' Sem Precedentes? 157
7 O Mito do "Sinal Composto" 180
8 "Qual Será o Sinal da Tua Presença?" 202
Apêndice A: Correspondência com Sismólogos 237
Apêndice B: "Vinda" ou "Presença" -- O Que Revelam os Factos? 249
Apêndice C: Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse 266


Prefácio


"Que guerras terríveis, tanto no estrangeiro como cá dentro! Que pestes, fomes... e tremores de terra tem registado a História!" — Tertuliano, Ad Nationes, escrevendo no ano 197 D.C.

A vinda de Jesus Cristo à terra e a promessa do seu regresso despertaram grandes expectativas nos corações humanos. Nos vinte séculos que decorreram desde aquele tempo até hoje, nem todas as expectativas que as pessoas abraçaram foram saudáveis, solidamente baseadas nas Escrituras ou em factos.

Uma característica de um grande segmento de todas as gerações parece ter sido a crença de que o seu tempo era único. Embora cientes das dificuldades e calamidades que foram o quinhão das pessoas em todas as eras, ainda assim eles concluíram que o seu tempo era pior -- que os problemas e perigos estavam a aumentar rapidamente em direcção à calamidade extrema que poderia, e iria, acabar com o mundo.

Ouvimos frequentemente a expressão "os bons velhos tempos." A nostalgia faz o passado parecer melhor e o presente cada vez pior. Esta atitude faz lembrar a admoestação bíblica: "Não digas: 'Como se explica que os tempos anteriores fossem melhores do que estes?' pois não é com sabedoria que perguntas isto." -- Eclesiastes 7:10, The New American Bible [A Nova Bíblia Americana].

Comentando este texto, um perito diz:

A suposição é uma reflexão tola sobre a providência de Deus neste mundo.... Somos tão estranhos em relação às eras passadas, e juízes tão incompetentes mesmo dos tempos actuais, que não podemos esperar uma resposta satisfatória à questão e por isso 'não perguntamos sabiamente.'1

Talvez por sermos assim tão 'estranhos em relação ao passado', é fácil vermos nos acontecimentos e circunstâncias dos nossos dias uma distinção e unicidade que na verdade não estão lá.

Na mente de muitas pessoas religiosas existe a crença de que a guerra final do Armagedom, a vinda de Cristo Jesus para o julgamento final, ocorrerá de certeza nos seus dias. É difícil uma pessoa aceitar que um acontecimento de tal importância não ocorra durante o seu tempo de vida. Resistimos no nosso íntimo ao pensamento de perdermos esse acontecimento, de não sentirmos um 'encontro pessoal com a história', particularmente no caso da história divina. Sem dúvida, é por esta razão que livros que alimentam e estimulam esse tipo de expectativas muitas vezes gozam de grande popularidade. Como apenas um exemplo, o livro The Late Great Planet Earth [O Falecido Grande Planeta Terra], de Hal Lindsey, alcançou uma circulação superior a 18 milhões de cópias em várias línguas. É óbvio que as pessoas querem acreditar que o seu tempo é único, assinalado na profecia bíblica como especial.

No entanto, a história mostra que uma geração após outra fixou grandes expectativas em certas datas ou predições, sofrendo depois desapontamento, tornando-se muitos seriamente, mesmo amargamente, desiludidos quando as suas expectativas não se materializam.

Em nítido contraste com tal atitude, a Bíblia mostra a dura realidade dos factos no que diz respeito à vida humana em geral ao dizer:

O que aconteceu antes, acontecerá outra vez. O que foi feito antes, será feito outra vez. Não há nada novo em todo o mundo. 'Olhem!' dizem eles, 'aqui está algo novo!' Mas não, já tudo aconteceu antes de termos nascido. Ninguém se lembra do que aconteceu no passado, e ninguém nos dias vindouros se lembrará do que acontecerá entre agora e esse tempo. -- Eclesiastes 1:9-11, Today's English Version [Versão no Inglês de Hoje].

Tanto na Idade das Trevas, como na Idade Média, na Idade das Descobertas, na Era Industrial, na Era Atómica, na Era Espacial, os acontecimentos em cada época são essencialmente repetições, variações, elaborações ou extensões do passado e a vida na terra, o rumo global da humanidade, a própria natureza humana e o relacionamento mútuo dos humanos, continuam a ser muito semelhantes em relação àquilo que eram no passado. O que parece marcante, mesmo estupendo, para uma geração, não o é para a seguinte e raramente figura nos pensamentos e preocupações diárias das pessoas que vivem nessa época posterior. Por muito espectacular que uma descida na lua possa ser, quantas pessoas hoje em dia se lembram do nome do primeiro homem que pisou a lua? O passado desvanece-se dos pensamentos humanos que estão imersos no presente e debatem-se com o futuro.

As Escrituras, na realidade, mostram que a única mudança genuinamente completa tem lugar no momento da revelação do Filho de Deus, que pode fazer todas as coisas verdadeiramente novas.

Se a história tem alguma lição para nós, é exactamente a falta de sabedoria de quem "estabelece datas" para o fim. O escritor Noel Mason disse num editorial:

A história dos 'fazedores de datas' judeus e cristãos, com todo o seu amargo desapontamento e desilusões, não restringiu o desejo de muitos cristãos em calcular o fim. Alguns grupos continuam apegando-se às suas datas apesar do embaraço criado [para eles] pelo decorrer da história. Em vez de reconhecerem que as suas interpretações de Daniel e Revelação estão erradas, muitos simplesmente evitam o embaraço reinterpretando o suposto 'cumprimento.'2

Portanto, estabelecer datas [para o fim] e escritos religiosos alarmistas são 'notícias muito velhas', ocorrendo repetidamente ao longo de todos os dezanove séculos da era cristã. Logo no primeiro século encontramos o apóstolo Paulo escrevendo a crentes em Tessalónica:

Agora imploramo-vos, irmãos, pela certeza da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e da nossa reunião com ele, que mantenhais a vossa calma e não percais o vosso equilíbrio devido a uma predição, mensagem ou carta supostamente vinda de nós, e dizendo que o dia do Senhor já chegou. Não deixeis que ninguém vos engane seja por que meio for. -- Segundo Tessalonicenses 2:1-3, The New Testament in Modern English [O Novo Testamento em Inglês Moderno], por J. B. Phillips.

Apesar desse pedido, as conjecturas e predições não acabaram. No terceiro século, por exemplo, encontramos Cipriano, um dos pais da igreja, fazendo para os cristãos seus contemporâneos este retrato de mau agoiro:

Que as guerras continuam frequentemente a prevalecer, que a morte e a fome acumulam ansiedade, que a saúde é abalada por doenças violentas, que a raça humana é devastada pela desolação da pestilência, saibam que isto foi predito; que os males seriam multiplicados nos últimos dias, e que as desgraças seriam variadas; e que o dia do julgamento se está agora a aproximar.3

No sexto século, num sermão poderoso e excitante, o Papa Gregório o Grande proclamou:

De todos os sinais descritos pelo nosso Senhor como pressagiando o fim do mundo, alguns vemos já realizados.... Pois sabemos que nação se levanta contra nação e que elas pressionam e arremetem contra a terra nos nossos próprios tempos como nunca antes nos anais do passado. Terramotos submergem inúmeras cidades, como ouvimos frequentemente de outras partes do mundo. A pestilência continuará sem interrupção. É verdade que não presenciamos sinais no sol, na lua e nas estrelas, mas que não estão muito longe podemos inferir a partir das mudanças na atmosfera.4

Assim, a história regista a longa e sombria lista de predições e falhanços de inúmeros "profetas" dos tempos do fim. Não parece necessário entrar em pormenores acerca de todos os proclamadores dos últimos dias que no nosso próprio tempo têm -- tanto através da palavra impressa como por sermões transmitidos pela rádio e televisão -- levantado expectativas excitadas com as suas predições escatológicas alarmistas.

Será que isto significa que um senso de expectativa é errado? De modo nenhum, pois somos constantemente instados nas Escrituras a ficar "vigilantes". "Vigilantes" em relação a quê? Será que os falhanços das predições que foram feitas no passado significam necessariamente que a nossa geração não pode ser a excepção, que o nosso século vinte não pode de facto conter acontecimentos que marcam definitivamente o nosso tempo como sendo aquele em que a profecia bíblica alcançará o seu cumprimento final? Se a Bíblia de facto estabelece um certo "sinal" (talvez composto por vários "sinais" individuais) que nos permite identificar tal período e se esse "sinal" é agora visível, seria desastroso para nós não o reconhecer, seria repreensível não contribuir para o tornar conhecido. Por outro lado, se tais afirmações não passam de manipulação de factos e, pior ainda, manipulação das Escrituras, então seria igualmente desastroso e repreensível para nós promover confiança em tais afirmações, contribuindo para a sua difusão. Repreensível porque significaria desobedecer à Palavra de Deus que avisa contra enganar outros, engano esse que pode ser não apenas doloroso emocional, material e fisicamente, mas pode também causar uma erosão devastadora da fé na genuína mensagem de Deus.

Há que afirme que hoje estamos a ver tal "sinal" ou "sinais" que identificam a nossa geração como sendo aquela que vive no tempo do fim do mundo.

No seu best-seller intitulado Approaching Hoofbeats, The Four Horsemen of the Apocalypse [Passos Que Se Aproximam, Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse], o Dr. Billy Graham declara:

Temos de nos interrogar: É este o tempo 'do fim' de que a Bíblia fala em termos tão visuais em tantos lugares? ... A Bíblia ensina que haverá um certo número de sinais que são facilmente discerníveis à medida que nos aproximamos do fim da era. Todos estes sinais parecem actualmente estar a ficar em foco. -- Páginas 126, 127.

Sob o cabeçalho "Watch for These Signs" ["Estejam Atentos a Estes Sinais"], no livro The Promise [A Promessa], publicado em 1982, Hal Lindsey refere-se às palavras de Jesus em Mateus capítulo vinte e quatro e enumera estes sinais como sendo guerras, fome, pragas, anarquia e terramotos. Ele assemelha estes e outros aspectos da profecia a peças de um "grande puzzle complexo" e diz ainda que, depois do estabelecimento do Estado Judeu em Israel em 1948, "todo o cenário profético começou a encaixar-se com rapidez vertiginosa." -- Páginas 197-199.

Em Good-bye, Planet Earth [Adeus, Planeta Terra], um livro que em alguns aspectos parece ser feito à imagem do livro de Hal Lindsey intitulado The Late Great Planet Earth [O Falecido Grande Planeta Terra], o autor Robert H. Pierson, Adventista do Sétimo Dia, cita a pergunta dos discípulos a respeito da vinda de Jesus e depois diz:

Leia o que Jesus respondeu -- o que Ele tinha a dizer acerca do seu tempo e do meu -- a última parte do século vinte....

Leia estas palavras à luz dos acontecimentos mundiais actuais.

Segue-se o subtítulo:

O Aumento Fenomenal da Guerra, Crime, Violência e Medo, Todos São Sinais da Segunda Vinda de Jesus!5

O falecido Herbert W. Armstrong, fundador e líder da Worldwide Church of God [Igreja Mundial de Deus], numa carta dirigida a subscritores da revista Plain Truth [Simplesmente a Verdade], escreveu:

... deixe-me dar-lhe uma breve descrição do mundo em que O LEITOR vive hoje, e do que os próximos anos trarão à SUA e à minha vida. Estamos a viver num tempo de PERIGO extremo! ... Toda a evidência parece indicá-lo -- poluição, crime e violência sem precedentes, vida familiar em desagregação, [decadência da] moral, terrorismo, guerras locais na Ásia, no Médio Oriente e na América do Sul. TODOS os sinais apontam para o facto de que estamos a viver no TEMPO DO FIM desta actual civilização! ...

Estamos a viver nos dias mais tremendos da história do mundo -- mesmo no TEMPO DO FIM, o FIM deste actual mundo mau, infeliz, violento -- imediatamente antes da Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo.

Apesar de numerosas fontes proclamarem que a nossa época é de facto diferente de qualquer outra época passada e que vemos de facto acontecimentos e condições que marcam definitivamente a nossa era como sendo a predita era final, provavelmente nenhuma fonte é mais notória ao fazer essa afirmação do que a organização internacional conhecida como Testemunhas de Jeová. A liderança, através da sua agência chamada Watch Tower Society, com sede em Brooklyn, Nova Iorque, tem construído um império editorial mundial raramente igualado no que diz respeito ao volume de publicações produzidas. Os milhões de membros são continuamente exortados a estarem cônscios da 'urgência do tempo'. Em resposta a essa exortação, os membros andam a bater às portas em todas as terras em que essa actividade é permitida, oferecendo literatura que afirma ser um facto indisputável o começo dos últimos dias na segunda década deste século, e que algumas das pessoas que viviam nessa altura, com certeza ainda estarão vivas quando o fim definitivo chegar.6

Mais ainda, o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová torna a crença em tal ensino num artigo de fé, essencial para que Deus e Cristo nos aceitem e portanto necessário para todas as pessoas que querem ganhar a salvação. Por essa razão, qualquer membro que questione seriamente a solidez desse ensino -- baseado nas Escrituras e em factos -- está sujeito à desassociação [excomunhão], devendo de aí em diante ser completamente evitado e considerado como "apóstata" da verdadeira fé.

Devido a esses factores, e particularmente porque as suas alegações a respeito da "singularidade" dos nossos tempos muitas vezes ultrapassam -- tanto na forma explícita em que são feitas como em extensão -- as de outras fontes, nas comparações que fazem entre os ensinos das escrituras e os factos históricos, este livro em certas partes talvez analise com mais profundidade as alegações e predições feitas pelo Corpo Governante das Testemunhas de Jeová e a sua Watch Tower Society quanto ao tempo em que vivemos.

Ao fazermos isso, não estamos de modo nenhum a perder de vista as opiniões de outras fontes muito publicitadas, pois os mesmos factos aqui considerados têm uma relevância muito forte para as alegações e predições feitas por essas outras fontes.

Seja qual for a fonte, a questão essencial é: Será que essas alegações são mesmo autorizadas pelas Escrituras? Será que os acontecimentos e condições para as quais eles apontam de forma tão dramática, constituem realmente um "sinal" bíblico? Será que são verdadeiramente únicos e peculiares à nossa geração? O que mostram os factos?

Acreditamos que o material preparado pelos autores deste livro fará a grande maioria de nós aperceber-se quão "estranhos em relação ao passado" temos sido, e consequentemente, como foi fácil sermos 'juizes incompetentes do presente'. A evidência histórica que resultou da pesquisa intensiva dos autores sem dúvida será surpreendente para muitos, no entanto, está documentada de forma cuidadosa e autêntica. Dá-nos muito prazer publicar este trabalho, certos de que irá clarificar grandemente algumas questões muito cruciais.

Os Editores


Notas

1 Matthew Henry's Commentary [Comentário de Matthew Henry] em Eclesiastes 7:10.

2 Revista Good News Unlimited [Boas Novas Ilimitadas], Setembro de 1984, p. 4.

3 Cipriano, Tratado 5, "An Address to Demetrianus" ["Dirigido a Demitrianus"], The Ante-Nicene Fathers [Os Pais Ante-Niceanos], editado por A. Roberts e J. Donaldson, Eerdmans, 1978. Vol. V, p. 459.

4 Citado em His Appearing and His Kingdom [A Sua Aparição e o Seu Reino], por T. Francis Glasson, M.A., D.D., The Epworth Press, Londres, 1953, p. 45.

5 Good-bye, Planet Earth [Adeus, Planeta Terra], Pacific Press Publishing Association, 1976, p. 48. Conforme se verá no capítulo 8, nem todas as fontes dos Adventistas do Sétimo Dia têm a mesma posição do autor Pierson.

6 Estas palavras foram escritas em 1987. As Testemunhas de Jeová em 1995 abandonaram a falsa profecia descrita acima. (N. do T.)